|
FICHA DE INVENTÁRIO
Denominação: Adoração dos Magos Título: Adoração dos Reis Magos Autor: Oficina do Convento de Jerónimos do Espinheiro, Évora Local de Execução: Évora Portugal. Centro de Fabrico: Convento de Jerónimos do Espinheiro. Évora Portugal. Oficina / Fabricante: Oficina do Convento de Jerónimos do Espinheiro. Suporte: Madeira de Carvalho. Técnica: Óleo sobre madeira de carvalho. Dimensões (cm): altura: 143; largura: 92; Descrição: A pintura representa duas cenas distintas: a cena bíblica da Epifania - Adoração dos Reis Magos - e um famoso milagre local da aldeia de Açores (Celorico da Beira). Toda a composição é integrada num espaço compositivo aberto ao ar livre e as figuras apresentam uma caracterização naturalista.
À direita da composição a Virgem Maria sentada segura o Menino com a mão esquerda enquanto a direita repousa sobre o peito. Veste túnica violácea sob um longo manto azul debruado de perlados e fios de ouro. A cabeça apresenta-se resplendorada. Ao centro reflexionado aos pés da Virgem o mago mais idoso veste manto de veludo sobre túnica verde. Do lado esquerdo, de pé o mago mais jovem, usa barrete vermelho, sob capa escura veste uma delicada túnica creme de mangas largas. A mão direita segura uma píxide em ouro.
No canto superior esquerdo, em espaço reduzido representação do milagre do Açor; seis figuras compõem a cena, cinco de pé e uma de joelhos. A lenda evoca a história de um pajem a quem um certo monarca que acabara de perder o filho mandou que lhe fossem cortadas as mãos por ter deixado voar um dos seus açores na altura em que se velava o corpo; o pajem invocou a Virgem Maria, que não só ressuscitou o infante mancebo como fez regressar o açor, que veio pousar nas mãos do pajem que iam ser decepadas. Aqui representado temos o momento em que os homens, ao redor do pajem, se preparam para lhe decepar as mãos.
Obra de excelente qualidade é inquestionavelmente do ciclo Frei Carlos oficina do Espinheiro do 1º terço do séc. XVI. Trata-se, no entanto, de uma obra com carácter oficinal e coletivo dessa "escola" conventual, retardatária, muito influenciada por modelos tardogoticistas brugenses. Incorporação: Outro - Desconhecido
Origem / Historial: Origem: Igreja de Açores, concelho de Celorico da Beira, distrito da Guarda. Em 1942 a peça deu entrada no então Museu Regional da Guarda, com o objetivo de participar na exposição temporária de Arte Sacra, juntamente, com peças provenientes de várias Igrejas do distrito e também de vários particulares. Luís Reis-Santos atribuiu-a, então, ao pintor Frei Carlos.
Transcrevemos a noticia do "Diário de Noticias" da época: "... o arqueologo e historiador de arte Sr. Luis Reis Santos, do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia e especialista de pintura portuguesa antiga, descobriu duas magnificas pinturas em tábua da primeira metade do século XVI: ... esquecido na sacristia de uma igreja da Beira Serra, um notável tríptico do famoso pintor quinhentista Frei Carlos. Esta última pintura, infelizmente danificada pelo tempo, é única conhecida na obra do célebre pintor, pois constituiu um tríptico de fechar, com abas pintadas no inverso, e no reverso representando no painel central a Adoração dos Magos e nas costas a Anunciação".
Segundo o inventário do Museu Regional da Guarda posterior a 1952, a pintura aparece como pertencente à Junta de Freguesia de Açores.
O Professor Vítor Serrão em 26 de janeiro de 1994 diz: "obra de excelente qualidade é inquestionavelmente do ciclo Frei Carlos "escola" do Espinheiro do 1º terço do séc. XVI. Trata-se, no entanto, de uma obra com carácter oficinal e coletivo dessa "escola" conventual, retardatária, muito influenciada por modelos tardogoticistas brugenses". Em 2004, o mesmo professor, Vítor Serrão, no estudo da coleção de pintura para o "Roteiro do Museu da Guarda", escreveu "... A peça documenta o que resta de uma empreitada erudita, executada decerto por iniciativa régia, sabendo-se que D. Manuel I, no Foral de Celorico, em 1512, dispôs diversas regalias para os romeiros que acorressem à peregrinação a Nossa Senhora dos Açores, já ao tempo muito popular."
A reprodução fotográfica da peça realizada pelo DDF/IMC participou na exposição: Sacrarte Olhares sobre o Sagrado. Portugal/Guarda - Museu da Guarda de 26/3/2013 a 26/5/2013.
Bibliografia | ALMEIDA, José Maria de - A Ermida de Nossa Senhora dos Açores (Celorico da Beira). Guarda: Leopoldo Faria Gouveia, Agosto de 1941, pág. - | ATANÁSIO, Padre Mendes - "Descoberta de Arte em Açores", in Jornal "A Guarda". Guarda: Jornal A Guarda, 4 de Março de 1955, pág. - | DIAS, Pedro; Vitor Serrão - "A pintura, a iluminura e a gravura dos primeiros tempos do séc. XVI", in História da Arte em Portugal, 5. Lisboa: Alfa, 1986, pág. 132 | FIGUEIREDO, Instituto José de - "Estudo e Tratamento de obras de Arte". Lisboa: Outubro de 1972, pág. - | PEREIRA, Ernesto - "Exposição de Arte Sacra", in Revista Altitude nº 7. Guarda: Fed. Municípios B. Serra, Julho de 1942, pág. - | RODRIGUES, Adriano Vasco - Monografia Artistica da Guarda. Guarda: Câmara Municipal da Guarda, 1984, pág. - | Roteiro do Museu da Guarda: Instituto Português de Museus / Museu da Guarda, 2004. , pág. - | VASCONCELOS, João - Romarias I. Um Inventário dos Santuários de Portugal. Lisboa: Olhapim Edições, Maio 1996, pág. - | |
|
|