Historial:
O edifício onde o Museu se encontra instalado foi casa de veraneio do escritor e jornalista Joaquim Manso (1878-1956), fundador do “Diário de Lisboa”.
À medida que solidificava a sua amizade com o construtor civil Amadeu Gaudêncio (1890-1980), natural da Pederneira, Joaquim Manso foi por este aconselhado a adquirir um terreno com vestígios de alguma construção, pertença de Augusto Rosa, situado em frente à sua própria habitação que ainda hoje existente na Rua D. Fuas Roupinho.
Sobre este terreno, há referências documentais à existência de uma casa de habitação e quintal desde 1866.
Em 1918, a propriedade vem à posse do mestre-de-obras Augusto Victorino da Rosa, casado com Maria Augusta Ferreira Rosa, moradores na cidade de Lisboa, em virtude de partilhas por falecimento de seus pais António Hipólito da Rosa e mulher Maria da Saúde, moradores no Sítio da Nazaré (assento n.º 8333, de 3 junho 1918, Conservatória de Alcobaça).
Em setembro de 1938, após o falecimento da esposa, a propriedade é inscrita a favor do viúvo Augusto Victorino da Rosa e suas filhas Teresa de Jesus Rosa Perdigão (casada sob o regime de separação de bens com Simão Victorino Perdigão) e Zaida Victorino Rosa (casada com o carpinteiro Alberto Victorino Perdigão), todos moradores em Lisboa (assento n.º 17162, de 29 setembro 1938, Conservatória de Alcobaça).
Por escritura lavrada a 14 de abril de 1939, e registo a 1 de maio de 1939, a propriedade é comprada pelo professor e jornalista Dr. Joaquim Manso, pela quantia de 8 mil escudos (assento n.º 17379, de 1 maio 1939, Conservatória de Alcobaça).
Concluída a compra por Joaquim Manso, reedificou-se a moradia sob orientação de Amadeu Gaudêncio (cf. fotografia de Eduardo Portugal, de 1935, onde se visualiza o exterior da moradia, muito semelhante à reconstruída / restaurada pelo Dr. Joaquim Manso). O escritor começou, então, a passar aqui os fins-de-semana e férias na Nazaré, onde se reunia com alguns intelectuais e amigos como o fotógrafo Álvaro Laborinho, o pintor Guilherme Filipe, o escritor Afonso Lopes Vieira, entre muitos outros.
Por escritura lavrada aos 30 de abril de 1955, com registo a 11 de janeiro de 1956, Joaquim Manso vendeu a moradia ao próprio Amadeu Gaudêncio pelo valor de 90 mil escudos (assento n.º 21694, de 11 janeiro 1956, Conservatória de Alcobaça).
Nesta moradia, foi prestada homenagem ao escritor em 25 de março de 1956, com a presença de diversas individualidades e descerramento de uma lápide em mármore com a seguinte inscrição: “Ao grande Amigo da Nazaré – o escritor e jornalista Dr. Joaquim Manso – os seus amigos e o povo desta vila, prestam merecida homenagem na vivenda que ele reconstruiu. 25 – 3 – 1956” (ainda se encontra no alpendre). Nessa data, perto do edifício, à antiga Rua da Praia do Norte foi atribuído o nome de Rua do Dr. Joaquim Manso. Joaquim Manso acaba por falecer em 11 de setembro desse ano.
Por escritura de 12 de fevereiro de 1968, o edifício veio à posse do Estado por doação de Amadeu Gaudêncio e sua esposa Claudina Gaudêncio, “com o exclusivo fim de nele se instalar o Museu Etnográfico e Arqueológico e uma biblioteca do concelho da Nazaré com o nome do falecido escritor e jornalista, Dr. Joaquim Manso”, assim denominado em homenagem ao proprietário inicial que fora um defensor da cultura nazarena em vários dos seus escritos e nas páginas do “Diário de Lisboa”.
Para a adaptação do edifício a Museu, sendo diretor João L. Saavedra Machado, e a expensas de Amadeu Gaudêncio, realizaram-se obras com projeto a cargo do Arq. Eugénio Correia (1897-1985), iniciadas em 1974, pela Direção dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Centro.
O edifício abriu ao público como Museu em 6 de junho de 1976, fazendo-se o seu acesso a partir do alpendre do 1º piso. Na cerimónia inaugural, formalizou-se nova doação de Amadeu Gaudêncio e sua esposa do quintal murado com área 116 m2 anexo ao edifício, para garantir a sua futura ampliação.
Nos anos 1990, novas obras de remodelação alteraram a sua organização interior, fazendo-se atualmente o acesso do público pelo piso do r/c, onde ficava a primitiva garagem da moradia.