Biografia:
Amadeu Gaudêncio é um dos patronos do Museu Dr. Joaquim Manso. Em 1968, doou ao Estado o imóvel onde o Museu se encontra instalado e, em 1976, doou o terreno anexo, que garantia a possibilidade da ampliação do edifício. Apesar deste acto benemérito, fez questão que o nome do amigo, Joaquim Manso, e primitivo proprietária da casa, figurasse na denominação do Museu da Nazaré. Próximo do Museu, mantém-se a moradia de Amadeu Gaudêncio, onde sempre passou férias.
Natural da Pederneira, Amadeu Gaudêncio, industrial da construção civil, deixou o seu nome ligado a importantes obras por todo o país e a grandes feitos de benemerência especialmente no concelho da Nazaré.
Filho de Joaquim Gaudêncio e Maria da Conceição, com 18 anos rumou a Lisboa onde continuou os estudos na Escola Industrial Machado de Castro, obtendo o diploma de construtor civil.
Em 1935, fundou a Sociedade de Construções Amadeu Gaudêncio, a qual liderou durante toda a sua vida. A empresa foi responsável por importantes construções nacionais, como o Hospital de Santa Maria, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a Casa da Moeda, a Caixa Geral de Depósitos no Porto, entre outras. Ao longo da sua vida de trabalho impulsionou o desenvolvimento da construção civil, contribuindo para a formação e valorização de técnicos. Trabalhou e conviveu com arquitectos e artistas plásticos, como Raul Lino, Pardal Monteiro, Jorge Segurado, Jorge Barradas, Lino António, Guilherme Filipe, Martins Barata e Leopoldo de Almeida, entre outros.
Republicano convicto de antes do 5 de Outubro, sempre foi um defensor dos valores democráticos, da tolerância e da solidariedade. Amadeu Gaudêncio pertenceu à maçonaria, iniciando-se na Loja Lisbonense Cândido dos Reis, em 1930. Na sua luta pela democracia e contra o fascismo, foi enaltecido por Mário Soares na sua obra “Portugal amordaçado”.
Amadeu Gaudêncio sempre demonstrou grande preocupação pelo tecido sócio cultural da Nazaré, realizando valiosas acções e empreendimentos em prol do desenvolvimento da sua terra natal e da população local. Assim, regista-se, entre outras:
1960 – Apoio de 500 contos para a construção de uma cantina escolar para as crianças mais desfavorecidas
1968 – Doação ao Estado de um edifício para instituição do Museu Dr. Joaquim Manso
1972 – Doação de 2500 contos para a construção de uma escola técnica secundária, o que esteve na origem da construção da Escola Preparatória da Nazaré, actualmente Escola E. B. 2,3 Amadeu Gaudêncio.
1976 – Doação ao Estado de um terreno anexo ao edifício do Museu, que garantia a ampliação desta instituição.
Amadeu Gaudêncio foi homenageado com o Grau de Comendador da Ordem da Benemerência em 1968.
O Museu Dr. Joaquim Manso comemorou o seu 90º aniversário com uma conferência proferida por Joaquim Veríssimo Serrão, intitulada “A Pederneira e o Sítio na História da Nazaré”, que reuniu grande parte dos seus amigos. Em Lisboa, esta data foi assinalada no Círculo Eça de Queirós, com a presença de relevantes figuras da vida cultural e social.
Em 1989, a Câmara Municipal da Nazaré promoveu uma sessão solene destinada a homenagear Amadeu Gaudêncio, que contou com a presença do então Presidente da República, Mário Soares, que elogiou as qualidades do homenageado, considerando-o um amigo pessoal “e quase familiar”.