Denominação:
Ribeiro, João Augusto
Nascimento:
Vila Real, 24/11/1860
Biografia:
Nasceu em Vila Real de Trás-os-Montes a 24 de Novembro de 1860 e faleceu em 1932.
No Porto, entre 1877 e 1885, frequentou a Academia Portuense de Belas Artes onde foi discípulo de João António Correia. Aí foi distinguido com numerosos prémios desde 1881. A composição escolar O Bom Samaritano mereceu-lhe o Prémio Barão Castelo de Paiva em 1887. Concluída a formação académica com a elevada classificação de 18 valores, o artista passou a dedicar-se isolada¬mente ao estudo dos processos técnicos de pintura. Em 1892 exibe-se pela primeira vez na segunda exposição do Grémio Artístico, em Lisboa. Depois, a sua participação em certames tornou-se assídua, sobretudo nas mostras pro¬movidas pela Sociedade Nacional de Belas Artes (de 1903 a 19) e Sociedade de Belas Artes do Porto (de 1908 a 1932).
Entre os artistas portuenses, J. A. Ribeiro marcou um lugar destacado como pintor de retratos. Na opinião de Joaquim Costa, o artista foi alguém que não desejou nunca furtar-se à obrigação moral de ser exacto sentindo-se nas suas figuras, como a do Engº J. Cordewener (a que primeiro retratou em tela), a do cirurgião portuense Dr. Couto Soares, a do pintor Cândido da Cunha ou a da esposa Elvira Ribeiro, essa tendência para o rigor e exactidão. Imagens pacientemente construídas – conforme alude J. Costa a propósito da sua obra ¬eram ”... sobretudo retratos de amigos, cuja fisionomia lhe era familiar, e que ele fixava magistralmente, com raro poder de desenho...”.
A normal observação do quotidiano nortenho fez o pintor dirigir-se também para motivos pitorescos, reproduzidos na tela sem grande fantasia inventiva mas antes com naturalismo rigoroso, muitas vezes despidos até de outros ele¬mentos que justifiquem a cena rural, como muito bem refere o citado Joaquim Costa ao caracterizar a obra do artista de cariz figurativo.
Ainda em figura, mas em menor escala, João A. Ribeiro tratou temas históri¬cos em três quadros alusivos à viagem de Vasco da Gama à Índia – A Partida, A Chegada e O Regresso – que constam da obra Virtudes e Heroísmos Lusíadas.
J. A. Ribeiro também compôs paisagem. Mas foi em figura humana que mais se destacou tendo sido premiado com a primeira medalha pela Sociedade Nacional de Belas Artes em 1918 e obtido uma medalha de ouro na Exposição do Rio de Janeiro de 1922.
No percurso pessoal do artista constam outras actividades importantes para além da pintura: o longo professorado de 44 anos no Instituto Industrial e Comercial do Porto; o desempenho da regência (interina) de diversas cadeiras na Escola de Belas Artes do Porto; o cargo de vogal efectivo do Conselho de Arte e Arqueologia da 3ª circunscrição; finalmente, a actividade de publicista nas revistas Arte Portuguesa e A Águia.
João Augusto Ribeiro distinguiu-se como retratista e é nessa categoria que o pintor melhor está representado no Museu Nacional de Soares dos Reis. O Auto-retrato, de 1920, o de Senhora com flores ou Bem-me-quer, e o do Pintor Cândido da Cunha significam o que no género melhor o caracterizou: fidelidade ao modelo obtida à custa de exaustivo estudo de formas, atitudes e expressão do retratado. A figura humilde de um velho Pescador é um modelo de feição popular que exemplifica no museu a longa série de retratos rústicos que o pintor executou ao longo da sua carreira.