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FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Denominação:
Resende, Júlio
Tipo:
Autor
Nascimento:
Porto, 23/10/1917
Óbito:
21/09/2011
Biografia:
Júlio Martins da Silva Dias (que assina nas suas obras Júlio Resende) nasce no Porto a 23 de Outubro de 1917. Sentindo desde muito novo o apelo da Pintura, frequenta enquanto estudante do liceu (1930), a Academia Silva Porto, dirigida pelo Pintor Alberto Silva. Em 1937 entra para a Escola de Belas Artes do Porto, para frequentar o curso de Pintura, onde teve como Mestre Dordio Gomes. Este, que será para os seus alunos “a imagem viva e transbordante de Paris apetecível”, marcará a evolução de Júlio Resende através do seu “sentido substancial da matéria e solidez construtiva”. Nesta passagem pela Escola, traduzindo o inconformismo duma geração face a um modelo que cada vez se distanciava mais da realidade artística vivida além fronteiras, funda em 1943, com alguns colegas, o Grupo dos Independentes. Em plena sintonia com a posição de Almada Negreiros e de Eduardo Viana com quem o grupo mantinha estreitas relações, realizam nesse mesmo ano uma Exposição Independente, primeira de uma série que veio a durar até 1950, apresentadas no Porto, Lisboa, Coimbra, Leiria e Braga. O ano de 1943 fica também assinalado pela sua primeira exposição individual no Salão Silva Porto e pela atribuição do Prémio Rodrigo Soares. Dois anos depois, uma estadia em Madrid leva-o ao Prado e a descoberta de Goya, cujas obras, sobretudo as do período negro, vão exercer em Resende um fascínio tal que se repercutiria no trabalho final de tese Fantoches, onde obteve a classificação de 18 valores. A forte impressão que recebe de Goya desperta-lhe a tendência expressionista que para sempre marcará a sua pintura, “como um modo de respirar, uma par¬ticularidade biológica...”. Na Exposição de Arte Moderna, organizada em 1945 pelo Secretariado Nacional de Informação, é-lhe conferido o Prémio Armando de Basto. Também no mesmo ano, ganha o Prémio Nacional de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes. Em 1947 completa o curso, realiza a sua primeira exposição individual em Lisboa e candidata-se a bolsa de estudo no estrangeiro concedida pelo Instituto de Alta Cultura. Ao ser seleccionado parte para Paris onde vai permanecer até finais de 1948. Paris, mal refeita da guerra, voltara a ser o centro mundial da actividade artís¬tica, sentindo-se o movimento de arte abstracta a impor a sua presença. Resende, frequentando a Escola de Belas Artes, especializa-se nas técnicas da pintura mural, sob a direcção de Duco de la Haix. Na Academia Grande Chaumiere toma contacto com os métodos de ensino, recebendo lições de Othon Friesz, que na época em que o jovem pintor o conheceu “se mostrava orgulhoso de ter sido o primeiro fauve a opôr-se ao fauvismo”. Descobre nesta altura também os grandes Mestres do Louvre, executando sucessivas cópias dos que lhe punham mais interrogações. Deste país que o inspira, da convivência com Zadkine, Othon Friesz e outros contemporâneos, como das viagens que realiza a Itália (1948), à Bélgica, Holanda e Inglaterra (1949), Resende acumula experiências enriquecedoras, das quais regularmente vai prestando conta, ao enviar trabalhos para Lisboa. Após o seu regresso definitivo a Portugal em 1949, dará provas públicas da sua aprendizagem europeia na Exposição Retrospectiva que o Secretariado Nacional de Informação organizou. Com esta exposição, Resende actualizava a visão plástica da pintura portuguesa. Concluído o período de formação e aprendizagem que caracteriza a primeira fase da sua obra, o pintor guardou “na memória e na experiência o que enten¬deu”. Na posse dos meios requeridos irá descobrir o Alentejo, onde se fixa temporariamente, ficando-lhe a dever a sua maturidade. De 1950 a 1951, as obras que então executa manifestam uma atitude de raciona¬lização e análise onde a triangulação surge como exploração formal sistemática, orientando as linhas de composição, numa tentativa de estruturar o quadro. Regresso do Trabalho, Caminhantes, Guardador de Cavalos, são alguns dos títulos que sugerem a sua temática. A paleta, dramaticamente expressionista, é domi¬nada por um cromatismo austero de tons ocres e cinzas. Neste período, uma visita à Noruega e Dinamarca assinalará a sua estreia em exposições internacionais (colectivas e individuais), sendo-lhe atribuído em 1951 o Prémio Especial na 1ª Bienal de S. Paulo. Por volta de 1952, regressa ao Norte, inaugurando novo ciclo criativo que irá durar até 1959. Ribeira (1952), Mulheres e Crianças (1956), entre outros, ilus¬tram a passagem da monótona planície alentejana para o “acidentado ritmo urbano”. A estrutura pictórica triangular transforma se, dando lugar a estrutu¬ras geométricas rectangulares, onde formas e espaços tendem para uma “uni¬dade ambígua”. A intensa actividade destes anos foi assinalada pela atribuição do Prémio em Lisboa na Exposição Artistas de Hoje (1956); 2º Prémio na Exposição de Artes Plásticas da FCG (1957); Medalha de Prata na Exposição Internacional de Bruxelas (1958); Menção de Honra na Bienal de S. Paulo (1959); culminando em 1961 com uma Exposição Retrospectiva em Lisboa, organizada pelo Secretariado Nacional de Informação. A recusa ao fácil e à repetição, levam-no no início dos anos 60 à dissolução dos contornos formais, permitindo que as figuras sejam penetradas pela cor e pela luz, que passam a dominar os fundos. “Fase particularmente interessada pelos tratamentos texturais da pintura, enquanto expressionista. Por vezes a sua apa¬rência atinge, aí, o aspecto informal, sem nunca o ser deliberadamente". São desta época as obras vencedoras do concurso para professor de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde já desde 1958 ocupava o lugar de assistente. O ano de 1971 assinala a primeira de várias viagens que Júlio Resende empreen¬derá ao Brasil e que marcarão de modo decisivo toda a sua produção posterior. Este contacto com o Brasil introduz uma sensível mudança no estilo do pintor: a diagonal passa a dominar a estrutura do quadro; as figuras impõem-se pelo ritmo; novos cromatismos (rosas, amarelos e verdes) animam a paleta onde se salienta a amplitude gestual. Com a figura humana sempre presente, a temática divide-se entre motivos do quotidiano, colhidos ora no Nordeste Brasileiro, ora no Porto ribeirinho. Inspirará este último uma das obras mais importantes da sua carreira artística ¬Ribeira Negra (1984). Segundo o próprio Resende, “é bem uma síntese de um percurso, ou de uma longa aventura das formas...”. “Aventura” já de meio século, feita de experiência e experimentação, onde Resende persistentemente individual, desde os seus primeiros trabalhos, se torna por direito figura emblemática da arte contemporânea portuguesa. A sua multiplicidade criadora diversifica-se também pela pintura a fresco, o vitral, painéis cerâmicos, ilustração de obras literárias e cenários teatrais. O desenho e a aguarela têm sido sempre um complemento importante das suas pinturas a óleo. Nas três últimas décadas foi distinguido com o Prémio Diogo de Macedo, no III Salão de Arte Moderna da Sociedade Nacional de Belas Artes (1960); 1º Prémio de Artes Gráficas na X Bienal de S. Paulo (1969); Prémio AICA e Prémio Seiva Trupe, Porto (1985); Prémio Aquisição 87 da Academia Nacional de Belas Artes (1988). Está representado nos Museus do Chiado, de Soares dos Reis, de Évora, Calouste Gulbenkian, de Arte Moderna de S. Paulo, de Helsínquia (Finlândia), de Aalesund (Noruega) e em muitas colecções particulares na Europa, África e América do Norte e Sul.
 
     
     
   
     
     
     
 
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