MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
domingo, 5 de maio de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Denominação:
Cruz, Cristiano
Tipo:
Autor
Nascimento:
Leiria, 06/05/1892
Óbito:
Silva Porto, Angola, 21/10/1951
Biografia:
Christiano Alfredo Sheppard Cruz nasce em Leiria a 6 de Maio de 1892, e morre em Silva Porto, Angola, a 21 de Outubro de 1951. Após concluir o curso dos liceus em Coimbra, Christiano Cruz vem com a família para Lisboa, para estudar Medicina Veterinária, e é durante os seus anos de estudante na capital (1910-1915) que o artista produz uma fulgurante e inovadora obra gráfica humorista, publicando regularmente, até 1913, desenhos em vários jornais da capital (A Farsa, A Luta, Novidades, A Capital, etc.). Participando activamente na fundação da Sociedade de Humoristas Portugueses, da qual era terceiro vogal, expõe com o grupo no 1º e no 2º Salão dos Humoristas (1912 e 1913) no Grémio Literário, em Lisboa, primeira manifestação pública de arte moderna em Portugal, na qual se destacou desde logo a novidade do seu traço, sintético, assumido como signo gráfico autónomo, assim como as posições públicas que teve de tomar. O 1º salão origina uma inédita polémica na imprensa da capital, de portuguesismo versus internacionalismo, e Christiano, tomado como porta-voz do grupo, e em depoimentos pedidos pelos jornais, assume uma ruptura com a opinião dominante, defendendo a liberdade autoral e a insubmissão dos artistas face ao gosto mediano do público, e inventa provocatoriamente a célebre declaração de “guerra à bota-de-elástico!”, que Almada Negreiros assumiria mais tarde ser o grito de uma geração inteira. Em termos estéticos, propõe a ideia de uma “caricatura impessoal”, do artista gráfico como um “romancista do traço” que devia pôr as suas faculdades ao serviço de uma ideia, de crítica social e de costumes, e não repetir fórmulas ultrapassadas, como a caricatura política herdada de Rafael Bordalo Pinheiro. Estes depoimentos do artista à imprensa, no rescaldo dos salões humoristas, são uma novidade absoluta no panorama artístico de inícios do século XX, e pioneiros na ultrapassagem de uma matriz oitocentista e divulgação pública dos ideais modernistas em Portugal. A partir de 1915, ano em que conclui a licenciatura, e com a caricatura já posta de lado, Christiano dedica-se cada vez mais à pintura, trilhando um caminho inovador que se consolida no período final da sua produção, entre 1916 e 1919. Perto de uma vintena de trabalhos sobrevivem hoje, onde se incluem vários auto-retratos, e por vezes, motivos de teor simbolista, encenados num expressionismo gráfico inédito em Portugal, cuja radicalidade estética só então era partilhável com Amadeo de Souza-Cardoso. Em Janeiro de 1917, já em pleno serviço militar, Christiano parte para França com o Corpo Expedicionário Português, que combate na frente ocidental da Grande Guerra, com o posto de tenente médico. No sector português, preenche um álbum com croquis de situações quotidianas, intitulado Cenas de Guerra, e continua a produzir pequenos guaches sobre cartão. Nesse período, o artista vem de licença a Lisboa em 28 de Março de 1918, para apresentar a sua tese de doutoramento em Medicina Veterinária; só regressará definitivamente ao país no final do ano, depois do Armistício. Após um período de indefinição, e inesperadamente, Christiano Cruz decide abandonar toda a actividade artística, aos 28 anos de idade, para partir em Outubro de 1919 para Lourenço Marques, com uma comissão de cinco anos como médico veterinário. A partir dessa data morre para o mundo artístico, e nunca mais voltará a expor, ou produzir obra relevante. Um exílio voluntário que adquiriu contornos míticos na arte portuguesa, numa geração artística marcada pela perda (mortes de Amadeo e Santa-Rita, emigração de Almada Negreiros), decisão que terá a ver com uma sensibilidade ferida por alguns episódios de traição, mas sobretudo, por um desencanto e amargura do artista em relação à vida artística portuguesa, que em vão tentara agitar nos tempos do humorismo. Como bem viu António Rodrigues, foi o representante perfeito, porque pioneiro, de uma impossibilidade de implantação consequente da modernidade em Portugal. O Dr. Sheppard Cruz vive em Moçambique até 1950, fazendo da medecina veterinária a sua profissão, com visitas isoladas à metrópole em 1923 e em 1930. Em 1951, é transferido para Angola, contra a sua vontade, como veterinário-chefe da província do Bié, em conflito com colegas e superiores, por motivos políticos. Morre poucos meses depois, inadaptado num país que desconhecia, a menos de dois anos da reforma.
Multimédia

Tipo

Descrição

Imagem

imagem

Imagem

imagem
 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica