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FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Museu da Cerâmica
Denominação:
Lalique, Réne Jules
Tipo:
Autor
Nascimento:
Ay, Nance, França, 6/4/1860
Óbito:
Paris, 5/5/1945
Biografia:
Lalique nasceu em 1860 numa pequena cidade francesa da região de Marne, de onde originária sua mãe, a cidade de Aÿ, e morreu em Paris, em 1945, para onde se havia deslocado a família após o seu nascimento. Frequentou o Collège Turgot nos arredores de Paris. Aí revelou desde muito cedo, especial talento para o desenho, tendo obtido em 1871 um primeiro prémio. Em 1876, ano da morte so seu pai, e com 16 anos de idade, começou a aprendizagem como joalheiro no Atelier de Louis Aucoc e em 1878 aperfeiçoou, em Londres, a concepção gráfica das jóias no Sydenham College, onde permaneceu até 1880. Lalique trabalhou por conta própria a partir de 1882, como desenhador e fornecedor de jóias para grandes joalheiros como Cartier, Boucheron, Vever, Destape, entre outros. Dedicou-se neste período a intensificar os seus conhecimentos como escultor, particularmente na École Bernard Palissy, cujos modelos de cerâmica certamente influenciaram o artista. Esta ligação com a escultura permanece ao longo da sua actividade profissional, estreitando-se nomeadamente com Pierre Ledru, seu sogro, e com Auguste Rodin. Para a realização e desenvolvimento desta técnica adopta em certo momento o sistema da "tour à réduire", processo utilizado pelos gravadores e medalhistas. Associa-se mais tarde com Varenne, criando a Société Lalique & Varenne, que durou cerca de dois anos. Em 1882 começa a fazer desenhos independentes para muitas casas de jóias de Paris, e em 1886 abre a sua própria joalharia. Em 1890 era já reconhecido como um dos desenhadores de jóias Art Nouveau mais importantes de França, criando peças inovadoras para a loja “La Maison de l'Art Nouveau”, de Samuel Bing, em Paris. O período de 1885 a 1886 foi muito importante para Lalique, porquanto tomou posse do atelier de Jules Destape na Praça Gaillon, onde passou a executar as suas próprias criações. Em 1890 instala o seu novo atelier perto da Ópera, no n.º 20 da Rue Thérèse, começando a executar pequenos motivos ornamentais, que incorpora nas jóias, em pasta de vidro que molda e esmalta, dando-lhe por vezes a transparência do cristal devidamente talhado. A coloração dos mesmos e a modelagem são a sua preocupação. A partir de então, Rene Lalique executa jóias para uma clientela composta por milionários, mecenas, personagens da Belle Époque, como o Conde Robert Montesquiou, Jean Lorrain ou Liane de Pougy, e mesmo membros da classe média, de rendimentos mais modestos. Entre as figuras do teatro mais em voga destacam-se Sarah Bernhardt e Eleanora Duse. É-lhe atribuída a Cruz da Legião de Honra em 1897, obyendo também nessa data o "Grand Prix" na Exposição Internacional de Bruxelas. Em 1900 é condecorado com o Grau de Oficial da Legião de Honra, obtendo reconhecimento mundial na Exposição Universal de Paris. A sua casa, oficina e loja do Cours Albert 1.es datam de 1902 e a loja Place Vendôme, onde se venderam os primeiros frascos de perfume em vidro, de 1905. Toda a Europa passa a conhecer as suas criações, que aparecem sistematicamente nas Exposições de Londres (principalmente as de 1903 e 1905), e em Paris até 1912, data da última exposição onde figuraram e são matéria das criticas altamente elogiosas das revistas mais em voga. Lalique, njm domínio inexequível da técnica e da arte, soube aliar a criação de novos temas e de novas formas à modelação de determinados materiais até então muito pouco utilizados em joalharia. É este, sem dúvida, um dos aspectos mais inovadores da sua arte. Não se restringe o joalheiro, como outros em épocas anteriores, a metais preciosos e pedras raras mas procura restituir a dignidade às matérias comuns. Preocupado sempre com a beleza, ele busca as pedras pela sua cor, pela qualidade da sua substância, seguindo o efeito que deviam produzir e a simbologia que continham em si. Como os mestres da Renascença, Lalique restabelece o emprego das pedras então menosprezadas e semipreciosas, tais como o ónix, o coral, o jade, a malaquite e a opala, pedra de multiplos reflexos, que combina admiravelmente com as tonalidades do esmalte. Prefere utilizar a pérola barroca à pérola regular. O marfim e o chifre também voltam a ser usados. O chifre, embora vulgar, possui beleza própria e permite-lhe adoptar tosn matizados. Com estes materiais Lalique realiza uma gama completa de pentes, diademas e ganchos de dimensões surpreendentes. A justeza do seu desenho, a preferência e domínio na escolha dos tons, faz de Lalique um trabalhador exímio e inexcedível com os esmaltes que têm nas suas jóias um lugar privilegiado. irisando-se ao sabor da vontade do artista que os aplica sem prejuízo do cinzelado e do modelado dos suportes. Explora todas as suas possibilidades, sendo perito tanto na introdução quantas vezes simultânea do esmalte translúcido, opalino, vitral, alveolado e de rebaixo. A linguagem é conseguida através de linhas fluidas, ondulantes e envolventes, conferindo às obras a vida e as vibrações do seu talento. Desenhando os seus modelos previamente sobre o papel, soube adequar a forma à textura e ao tema pretendido, utilizando técnicas magistrais até então desconhecidas. Lalique compreendeu que a verdadeira arte era uma síntese da natureza, residindo aí a sua mensagem estética e conceptual. Paralelamente à inspiração directa da natureza, a descoberta da arte japonesa nos anos de 1850/60 vieram reforçar esse sentimento e trazer aos artistas deste período uma nova maneira de a interpretar e aprender. Lalique explorou pacientemente todo o mundo vegetal, estudando cada elemento e aplicando-lhes um sentido simbólico. De toda a complexidade do pormenor retém apenas o que lhe interessa para o efeito decorativo que pretende obter. Os ciclos da vida encontram nele constantemente a sua expressão. Nas suas braceletes, gargantilhas peitorais, firmais, colares e em tantas outras peças, aparece um mundo vegetal e animal de motivos procurados na natureza, por observação directa, num rigor quase científico, quer pela sua prodigiosa fantasia e lirismo, num mundo estranho povoado por seres fantásticos e monstruosos, de flores frágeis estilizadas ou apenas sugeridas, como a margarida, a orquídea, a popoila, a rosa e o lírio, quer servindo-se igualmente de um bestiário inaudito onde intervêm dragões, serpentes, pavões, mochos, borboletas e libélulas. A incorporação de motivos em vidro tam como finalidade útlima reforçar o brilho e a transparência já conseguidos através do esmalte, tornando-se no culminar do apuramento técnico. Aliada à natureza mostra também a mulher, subtilmente apercebida, com cabelos ondulantes, mito simbolista por excelência pelo seu lado sedutor e pelos seus poderes mágicos e ocultos. O corpo feminino nu, de linhas elegantes, num tom idealizado, onde se destacam os rostos toucados como elemento importante de movimento e de adorno. A figura alada, a divindade aquática, alegoria, flor, planta ou mesmo monstro, estão sempre presentes na obra do artista. Entre a criação ou recriação o seu poder não tem limites. De toda a sua obra emerge, com emocionante sensibilidade, o mundo das águas, da terra e do céu. A partir de 1908/9 Lalique aluga efectivamente em Combs-la-Ville uma fábrica de vidro da Companhia Geral de Electricidade, a qual vem a adquirir em 1913. As primeiras criações em vidro são realizadas pelo artista na técnica da cera perdida, não abandonando, tal como na joalharia, as suas fontes de inspiração - a mulher e a natureza. Em 1907 a encomenda de frascos de perfume feita por François Coty leva Lalique a modificar completamente a sua técnica de realização. Este trabalho requer uma produção em série, longe já dos métodos de trabalho da Arte Nova e mais conforme à evolução das artes decortivas do século XX. No pós-guerra, também as formas evoluem para modelos geométricos da Art Deco, pelo que Lalique adopta um processo novo de moldagem. A mecanização do trabalho, tornando-se uma necessidade económica, leva-o à produção industrial do objecto em vidro, sendo as obras únicas realizadas na técnica de "cera-perdida" cada vez mais raras. As peças são fabricadas segundo as técnicas do vidro soprado/moldado ou moldado/prensado, o primeiro caso destinado a peças vasadas e o segundo às obras maciças. De facto, o desenvolvimento industrial orientou o artista por outros caminhos, quer no tipo de produção, quer na evolução estilística. Atinge todos os aspectos do quotidiano e vai produzindo em série as peças que se podem fabricar em vidro, desde objectos de toilette, acessórios para gabinete, serviços de mesa, painéis de revestimento, passando por cinzeiros, pesa-papéis, quebra-luzes, candelabros, castiçais e, sem dúvida, a gama espantosa dos seus vasos que vai expondo ao longo dos anos. Para a Exposição de Artes e Técnicas de1937, Lalique apenas realizou uma fonte monumental. A Art Deco estava em declínio, a crise económica, as reivindicações sociais e a aproximação da II Guerra Mundial acelararam a queda desta corrente artística. Lalique morre em 1945, tendo tido pouco antes conhecimento da desocupação da sua fábrica. Lalique foi um dos únicos artísticos criadores saídos desse período a saber encontrar a passagem entre o enconato sensual do objecto de arte e a possibilidade da grande difusão, graças à mecanização e à industrialização.
 
     
     
   
     
     
     
 
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