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FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Museu da Cerâmica
Denominação:
Constantino, Eduardo
Tipo:
Autor
Nascimento:
Caldas da Rainha, 1948
Biografia:
Eduardo Constantino nasceu em 1948 nas Caldas da Rainha. Foi aluno do mestre rodista Guilherme Barroso. Vive e trabalha na região da Bretanha, em França, desde 1976. Em 1891 instalou-se na cidade de Quimperlé. As exposições de Eduardo Constantino constituem sempre uma oportunidade maior de encontro com a cerâmica, as suas especificidades e as modalidades pelas quais se integrou na produção artística. A coexistência de uma cerâmica decorativa e artística, a par de uma cerâmica funcional e utilitária é uma prática milenar, que remonta às origens da produção. Mas o investimento pelas artes plásticas da disciplina cerâmica é um movimento internacional, com pouco mais de século e meio, que se tem aprofundado nas últimas décadas. O contributo do centro cerâmico das Caldas da Rainha, onde Eduardo Constantino tem as suas origens, para esse movimento foi, em diversos momentos, pioneiro e original, e, sempre, uma fonte de sólidos valores que o percurso da cerâmica contemporânea incorporou. Sucedeu assim com a adopção do naturalismo, o chamado neo-palissy, na segunda metade do século XIX, a modelização cerâmica a partir do desenho, que teve em Rafael Bordalo Pinheiro um expoente de primeira grandeza, as experiências do estúdio da fábrica Secla dirigido por Hansi Stäel (e pelo qual passaram nomes significativos da modernidade das artes plásticas dos anos 60), o advento do design. Eduardo Constantino nasceu e formou-se num meio onde se cruzam diversas tendências da cerâmica contemporânea, práticas e autores, e onde um saber artesanal centenário foi actualizado no século XX pelas escolas, pela indústria e pelo sistema de formação profissional. Radicado em França, há mais de três décadas, Eduardo Constantino desenvolveu uma produção cerâmica respondendo a desafios muito exigentes, tanto no plano técnico como no da exploração da expressão plástica. Ao longo deste período, enquanto conquistava uma projecção internacional, com menções nas revistas especializadas, presença em galerias e junto de coleccionadores privados e públicos, incluindo colecções museológicas, participou regularmente em exposições colectivas ou individuais em Portugal. A obra cerâmica de Eduardo Constantino dá corpo a projectos muito ambiciosos, executados com grande rigor. O rigor cumpre-se na demarcação fina do campo de intervenção, na coerência das soluções adoptadas, no vigiado experimentalismo prosseguido com investigação dos materiais e processos, de que resulta um fio condutor, que unifica e define todo o seu trabalho. Partiu de uma tipologia de formas cerâmicas bem referenciada, onde sobressaem as formas tradicionais de contentores cerâmicos, sem todavia cortar o caminho a algumas formas inovadoras, nomeadamente as que resultam de deformações e reconformações. Assim, tem-se vindo a notar uma preferência crescente pelos objectos de superfícies planas, construídos a partir da justaposição de placas, em substituição das formas rodadas iniciais. Mas, em qualquer caso, o autor tem mantido o nexo com os cânones da cerâmica decorativa que privilegiava os objectos susceptíveis de receberem um uso corrente: uma jarra, um canudo, um pote, uma caixa. Constantino tem-se concentrado nos efeitos de cor, textura, vitrificação e brilho, obtidos através da aplicação de engobes e vidrados e dos métodos de cozedura e respectiva oxidação, com geral preferência pelas altas temperaturas, as do grés e porcelana. A cerâmica é basicamente um conjunto de procedimentos que visam controlar a qualidade de um artefacto de argila submetido a alterações através da cozedura. E, de facto, é este o ângulo pelo qual Eduardo Constantino aborda a cerâmica. Os ceramistas sabem que há uma dose de imprevisibilidade nesse conjunto de operações e procuram condicioná-la, sem a eliminar. Recorrem à pesquisa e à experimentação, à observação e à comparação dos resultados obtidos em diferentes centros cerâmicos, com recurso a tecnologias e técnicas diferentes ou diferentemente combinadas. Tem sido este o caminho do ceramista Eduardo Constantino. A linguagem plástica que exprime é realizada através do aprofundamento da disciplina cerâmica, e não de qualquer outra, como é o caso de aproximações à cerâmica com a marca da escultura, da pintura ou de ambas. A esta unidade metodológica corresponde uma unidade problemática, o que reforça o rigor do trabalho do ceramista. Os jogos de cores e de texturas, de brilhos e de transparências constituem o essencial da procura plástica de Eduardo Constantino, em busca de novas combinações que possam surpreender sem dissolver os elementos de que compõem, de novos ritmos sem dissonâncias, de novos mistérios que não escondam pelo artifício a verdade da natureza que lhe subjaz. Se a natureza é matéria, a reconstrução a que o ceramista procede, tirando partido do que podemos antecipar para melhor preparar a explosão da metamorfose, é um exercício idêntico ao da poética. Estamos perante o que os gregos, para distinguir a mera reprodução do real da narração criativa, chamaram transfiguração. A transfiguração torna possível um novo mundo. Este é talvez o conceito que melhor identifica a obra de Eduardo Constantino.
 
     
     
   
     
     
     
 
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