Description:
OFICINA DE JOAQUIM JOSÉ GALRÃO
Joaquim José Galrão foi um fabricante muito hábil de instrumentos de cordas que teve a sua oficina em Lisboa, durante o séc. XVIII, e o melhor construtor português de violinos e violoncelos da época.
Destaca-se de todos os outros pelo requinte dos instrumentos que produziu, mas sobre a sua vida pouco sabemos.
No Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes de Ernesto Vieira (edição de 1900), podemos ler:
(…) Apezar de serem estimadíssimos e cotados por elevado preço os raros instrumentos de Galrão que teem apparecido, viveu elle bem obscuramente, pois que ainda não pude obter a seu respeito a mais insignificante noticia biographica. Apenas poderei, por agora, reproduzir o que se sabe pelos disticos dos instrumentos, nos quaes se lê a data em que os construiu (...) No museu de el-rei o senhor D. Carlos, creado por seu fallecido pae, guardam-se com grande estimação dois violinos, uma viola e um violoncello d'este fabricante, que tem a seguinte etiqueta: Joachim Joseph Galram, fecit Olesiponae 1769. (…)
A arte dos instrumentos que Joaquim José Galrão produziu revela que não era um autodidata, mas não se conhece nenhuma pista sobre a sua aprendizagem. No entanto, tanto o estilo de construção como a presença, na época, de músicos italianos na Capela Real, sugerem esta influência estrangeira como uma boa hipótese.
Existem cinco instrumentos deste construtor na colecção do Museu Nacional da Música (dois violinos, dois violoncelos e uma viola). Há também um violoncelo que se encontra no Conservatório Nacional, um violino no Conservatório do Porto, e são conhecidos mais três exemplares em coleções particulares.
O violino MM 74 da colecção do Museu Nacional da Música é o instrumento mais recente deste grupo de sobreviventes (data de 1794), mas na etiqueta de um outro instrumento desta coleção (o violoncelo de 1797 do construtor Félix Dinis (?-1858), também em exposição, pode ler-se: Felis Antonio Dinis a fes em casa/da Viuva de Galram Anno de 1797.
Deduz-se assim que Galrão terá falecido entre 1794 (data de execução do seu instrumento mais recente) e 1797 (data do violoncelo da autoria de Felis Antonio Dinis).
O violoncelo do Conservatório Nacional é muito semelhante ao violoncelo Dinis da coleção do Museu Nacional da Música, o que reforça a possibilidade de Dinis ter sido, de facto, aluno de Galrão.
Nesta exposição temporária estão presentes os dois violinos e a viola do rei D. Luís I (1838-1889) referidos por Ernesto Vieira, e ainda um violoncelo de outra proveniência. Quanto ao violoncelo de 1769, igualmente mencionado, pode ser visto na exposição permanente.
24. Viola de arco/ Violeta
Joaquim José Galrão
Etiqueta: Joachinus Josephus Galram/fecit Olisipone A. 17[]
Lisboa, 1780
Espruce, acer, ébano
Prov.: Paços Reais
Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 31
25. Violino
Felix António Dinis
Etiqueta: Felis Antonio Dinis a fes / Lisboa Anno 18 []
Lisboa, 1ª metade do século XIX
Espruce, acer, ébano
Prov.: Col. Keil
Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 81
26. Violino
Joaquim José Galrão
Etiqueta: Joachinus Josephus Glaram/Fecit Olisipone A. 1794
Lisboa, 1794
Espruce, acer, ébano
Prov.: Paços Reais
Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 75
27. Violino
Joaquim José Galrão
Etiqueta: Joachinus Josephus Galram/Fecit Olisipone A. 17[]
Lisboa, 1780
Espruce, acer, ébano
Prov.: Paços Reais
Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 74