Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006*
Tradicionalmente atribuído a D. Branca Pires Portel, 1.ª mulher do conde de Barcelos (D. Pedro Afonso, filho ilegítimo do rei D. Diniz, que possuía Paços em Lalim e se fez tumular na igreja do mosteiro de São João de Tarouca), o historiador Almeida Fernandes refere tratar-se de "um erro que, partindo do Ab. Moreira (Moreira, 1924, 74) e, adoptado, expressamente, dele por gente de responsabilidade (...), se tornou teimoso, cancerígeno (ou incurável): ter-se D. Branca sepultado em S. João de Tarouca num túmulo que hoje (de há muito) se encontra no Museu de Lamego, depois de nele se terem pisado uvas. Já há mais de quarenta anos mostrei o equívoco: o próprio Conde diz a esposa sepultada em Santarém, com a sua mãe, no mosteiro de S. Domingos." (Fernandes, 1990, 307 in nota 661).
O mesmo historiador diz-nos que foi a D. Teresa Anes, natural de Toledo - e 3.ª mulher do Conde -, a quem coube o privilégio da sepultura em Tarouca, junto de D. Pedro: "No seu testamento (fins de 1348), a senhora refere para legado ao mosteiro onde for sepultada (...) «duas vestimentas, hua de gicebi rosado e outra de seda de retrós com sinais del rey e com castellos de ouro» (Fernandes, 1990, 292) «que me enterrem o meu corpo aly hu o conde dom Pedro tiver por bem e for sa vontade» (Fernandes, 1990, 296). Por conseguinte, e considerando D. Teresa a inspiradora das poucas trovas de amor que restam de D. Pedro, A. Fernandes conclui de modo expressivo: "Claro que o Conde, pois ele mesmo se mandou sepultar aí, ordenou se fizesse o mesma a ela em São João de Tarouca (o que até explica que o testamento dela e o do Conde tivessem ficado no respectivo arquivo, facto que, para o dela, não se explicaria bem se assim não tivesse sido)." (Fernandes, 1990, 297).
É inegavél o valor desta informação que, poderá explicar, em parte, o facto de o túmulo de Lamego constituir uma réplica, em menor escala, do arcaz do conde. Em ambos se apresenta, no lateral direito, uma cena venatória, onde se iconografou uma caçada ao javali e, no esquerdo, um cavaleiro com lança em riste atingido o animal. Todavia, como faz notar Freitas Leal, deverão ser mantidas algumas reservas na atribuição da arca a D. Teresa: se as cenas de caça ao javali são correntes na tumulária do homem nobre, trata-se, no entanto, de uma iconografia pouco adequada a uma mulher. (Leal, 2002)
Em 1924, o Ab. Vasco Moreira refere que o túmulo que estava ao lado do de D. Pedro foi apeado das mãos de uns lavradores e transportado para Lamego, onde se encontrava no jardim particular da Câmara (Moreira, 1924). Tal significa que, nessa data, já estaria no edifício ocupado pelo Museu de Lamego, no jardim que se situava no pátio interior do antigo Paço Episcopal, onde estavam reunidos os achados arqueológicos posteriormente cedidos pela Câmara ao museu. (Foto 2)