Origem / Historial:
João Amaral refere, que as amostras de azulejos hispano-árabes ou sevilhanos foram oferecidos pelo prof. de História da Arte, Vergílio Correia, ao Museu de Lamego, retirados da nave lateral esquerda da Sé Velha de Coimbra. (AMARAL, 1961)
Coimbra foi, depois de Lisboa, o mais importante centro de propagação de azulejos quinhentistas em Portugal. Isto ficou-se a dever ao patrocínio do grande Bispo-Conde "renascentista" D. Jorge de Almeida, que governou a diocese de 1483 a 1543. Avultavam, pela quantidade e variedade de padrões, os azulejos que revestiam quase totalmente o interior da Sé Velha, pelo menos até finais do século XIX, tendo sido, pouco a pouco arrancadas até ficarem reduzidos a um pequeno revestimento junto à pia baptismal e alguns dispersos.
O embelezamento da Sé Velha com azulejos "de labores" fazia parte, das obras renascentistas empreendidas no templo pelo referido Bispo.
Existe um contrato de Escritura de 31 de Outubro de 1503, entre o mestre entalhador flamengo Olivier de Gand, autor do retábulo da capela-mor da Sé Velha e Fernan Martínez Quijarro e Pedro de Herrera, referindo a dívida, a favor destes, de 20 mil maravedis relativos a azulejos, que devim ser pagos em Buarcos, o porto de mar que servia Coimbra". (Loureiro, 1992)
No Museu Infante Henrique (Faro) guarda-se uma composição de azulejos, de 1987, reproduzindo o revestimento de um dos panos da nave lateral esquerda da Sé Velha de Coimbra, onde forma aplicados segundo a fórmula original usada em Sevilha e no Convento da Conceição, em Beja. Os azulejos foram aplicados para formar elementos arquitetónicos, arcos trilobados, contracurvas ou rosáceas.
Aí, num retângulo delimitado por azulejos de cercadura, encontra-se um arco trilobado, formado por uma dupla bordadura. Toda a superfície é revestida de azulejos fabricados segundo a técnica de aresta, uns com motivos muçulmanos e outros de inspiração renascença.
Foram utilizados motivos formados por um só azulejo, ou por módulos de quatro, ou seja 2x2. (Loureiro, 1991)
No Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa) conservam-se azulejos sevilhanos do séc. XVI com decoração muito próxima deste exemplar, sendo o centro preenchido com figuras de animais estilizados, como acontece no azulejo com o inv. 1326 pertencente a esse museu.