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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
BJ.063/22
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Andor de Santo António
Autor:
Domingos Gonçalves Lima
Local de Execução:
Santa Maria de Galegos, Barcelos
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro; arame; tintas multicolores.
Dimensões (cm):
altura: 17; largura: 8; comprimento: 22,5;
Descrição:
Figura de barro policromado representando um andor de Santo António. O Santo está colocado no topo de um andor feito de três paralelepípedos rectangulares sobrepostos, cuja dimensão diminui de baixo para cima. A primeira plataforma é enfeitada com traços oblíquos, formando motivos triangulares com um ponto dourado no interior, a segunda com conjuntos de três pontos dourados e a terceira, mais pequena, com traços obliquos douradosdourados. Está colocada uma flor, formada por uma placa fina de barro enrolado a partir de um ponto central, nos canto e ao centro dos paralelepípedos, com excepção da plataforma menor, que não tem flores ao centro, só aos cantos. Na plataforma maior, no lado da frente, as três flores são cor - de - rosa, enquanto as restantes, num total de vinte, alternam nas cores rosa claro, amarelo, cor - de - laranja e azul. Santo António é constituído por uma base inferior cónica, uma veste castanha que lhe cobre todo o corpo, apertada na cintura por um cordão dourado. A mão direita segura o Menino Jesus, na esquerda empunha uma cruz prateada. Jesus tem os pés descalços, visíveis sob a tunica que enverga, de cor branca com traços e pontos dourados . A cabeça tem cabelos amarelos, riscados por pequenas incisõers, os olhos são incisos, ovais, com o centro perfurado, negro, o nariz é proeminente, com as narinas perfuradas, duas rosetas e a boca é incisa, vermelha. Santo António tem um rosto afilado, com a cabeça tonsurada ao centro, rodeado de cabelos de cor negra.Os olhos são ovais, incisos, com o centro perfurado, negro, e as orelhas são salientes, o ouvido interior marcado por incisão. O nariz é proeminente, com as narinas perfuradas, a boca é incisa, pintada de vermelho no interior. Sobre a sua cabeça está colocada uma grossa auréola tubular, dourada. No interior da base apresenta incisa a letra "M", assinatura de "Mistério".
Incorporação:
Doação - Anterior proprietário: Fundação Calouste Gulbenkian
Origem / Historial:
Colecção de Figurado de barro doada pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Etnologia, composta por 196 objectos de diferentes regiões do país, na sua maioria Estremoz e Barcelos. A colecção foi organizada pelo Serviço de Belas Artes da F.C.G., dirigido por Artur Nobre de Gusmão, no âmbito da Exposição Expressionismo/Ingenuismo, realizada em 1987, incluida no Ciclo "Azares da Expressão". Mistério Domingos Gonçalves Lima nasce a 29 de Agosto de 1921 em S. Martinho de Galegos. Filho de mãe solteira, a trabalhar em Espanha, foi criado pela avó, Rosa Gonçalves Lima. Conta que a alcunha "Mistério" lhe tinha sido dada por ser uma criança débil, e os vizinhos dizerem ser um mistério ter sobrevivido. Aprendeu a fazer figurado com a avó, bonequeira, que o vendia na feira semanal de Barcelos. Mais velho trabalhou em feiras, vendendo por conta de um patrão. Casou-se com Virgínia Esteves Coelho, de quem teve doze filhos. Passou a vender por conta própria, mercadoria que comprava nas fábricas e peças a molde que fabricava com a mulher. Na década de 60 a notoriedade de Rosa Ramalho trouxe novo valor ao figurado feito à mão, que passa a ser vendido, já não como brinquedo de criança, mas como criação individual, peça única, para uma clientela urbana que procura o artigo em casa do artesão. Surgem as Feiras de Artesanato, no Estoril, em Belém, no Porto, Mercado Ferreira Borges, em Vila do Conde, onde os artesões expõem o figurado e trabalham ao vivo. Mistério cria um tipo de figuras com características próprias, de grandes orelhas, narizes desmesurados, olhos salientes. Sempre com um toque de humor, satiriza, cria Diabos a quem juntou a companheira e a família, a diaba e os pequenos diabinhos. Atento, reproduz cenas do quotidiano de trabalho e festa, figuras em actividades rurais. Recria o bestiário, galos, ouriços, figuras híbridas, fantásticas. Distingue-se nas cenas religiosas, as procissões de vários altares e numerosos participantes, as Alminhas em que põe padres e bispos no Inferno, no candelabro para sete velas, uma menorah que celebra o nascimento e a morte de Jesus, na Última Ceia, nos diversos tipos de presépios. É a sua mulher Virgínia que pinta desde sempre as figuras, acompanhando o gosto pela sátira do marido com as suas cores vivas, primárias, e a indiferença pelo realismo, roçando uma espécie de absurdo alegre - os Reis Magos de calças ou camisas cor-de-rosa vivo, São José de túnica azul-turquesa, cores que se tornaram-se igualmente uma das características definidoras do figurado de Mistério. Francisco "Mistério" morre em 1994. Os seus filhos Francisco e Manuel, que sempre trabalharam com o pai, assinando as peças por Mistério Filho F. ou Mistério Filho M., continuam a sua obra, acrescentando novas criações aos modelos do pai, enquanto D. Virgínia vai pintando as figuras de cores alegres.
 
     
     
   
     
     
     
 
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