MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
sexta-feira, 19 de abril de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AV.568
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Actividades lúdicas
Denominação:
Marioneta
Título:
Raksasa
Local de Execução:
Indonésia, Bali
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Pele de animal; madeira; policromia
Dimensões (cm):
altura: 70,5; largura: 25;
Descrição:
Figura humana masculina em silhueta. Feita de pele de animal, suportada ao centro por haste de madeira. Um dos braços é articulado e fixo por pregos de madeira ou osso situados no ombro e cotovelo. A outra mão está localizada na zona da cintura. Na mão do braço articulado tem presa uma haste de madeira que permite manipular esse membro superior. Apresenta corpo na cor castanho escuro. Face com olhos dedelingan (olhos circulares) e boca siung (dentes caninos). Possui toucado do tipo pepudakan que representa o cabelo, de cor preta, contido num coque em espiral e decorado com coroa vermelha e ornamentos em tom esverdeado (escurecimento do pigmento dourado) que formam uma extremidade pontiaguda posterior, profusamente recortada. Este ornamento posterior está decorado com motivo que representa face de animal, em tom escuro, com olhos e bico ou boca e dentes. Barriga ligeiramente arredondada e peito descoberto, decorado com faixas de tom esverdeado (escurecimento do pigmento). Braços, pulsos e tornozelos decorados com pulseiras no mesmo tom. Apresenta traje de casta satryia (nobreza) do tipo jalèr gantut, que representa calças e veste vermelha e duas pontas onduladas caídas. O traje apresenta padrão com motivos recortados em cruzes, em tom verde escuro e tom dourado escurecido. À cintura apresenta ornamento verde que representa a face de um animal com um olho e bico ou boca. Na haste apresenta etiqueta verde com número 2.
Incorporação:
Compra - Anterior proprietário: desconhecido
Proveniência:
Indonésia, ilha de Bali, Munggu
Origem / Historial:
Representa a personagem de um raksasa (ogre). A denominação raksasa é confirmada através da observação dos seguintes elementos: a dimensão do corpo, a barriga saliente, a face com olhos redondos, a boca expondo as gengivas e as unhas exageradas. Os trajes e a existência de variados acessórios dourados revelam a pertença a uma corte, possivelmente um rei ou príncipe de um reino existente em episódios teatralizados. Objecto pertencente à colecção de 162 marionetas de teatro Wayang Kulit recolhida por Victor Bandeira na ilha de Bali, na Indonésia, em 1970. Pertence ao conjunto de 86 marionetas recolhidas na aldeia de Munggu, no distrito de Badung. O conjunto restante de 76 marionetas e 2 percutores musicais foram recolhidas na aldeia de Krobokan, na fronteira entre os distritos Tabanan e Badung. O teatro de marionetas de pele Wayang Kulit é composto por perfomances de caractér lúdico e ritual, sendo geralmente dividido em dois tipos não excluvisos: Wayang Lemah (performances diurnas de carácter ritual) e Wayang Peteng (performances nocturnas de carácter lúdico). O Wayang Kuilt balinês é composto pelo marionetista (dalang), os seus assistentes e uma orquestra de quatro músicos que produzem o acompanhamento musical e ritmos das personagens e histórias. Nesta colecção as narrativas mais representadas são as epopeias hindus Mahabharata e Ramayana, e a narrativa de origem popular balinesa, Calonarang. É provável que o conjunto recolhido em Munggu teatralizasse também o Wayang Kulit Sapu Leger, uma vez que existem as marionetas necessárias para esta performance (AV.557 Betara Sang Hyang Widi ou Tunggal; AV. 565 Tualèn; AV. 532 Kayonan ou Gunung; AV. 579 Bhatara Siwa). Esta performance é realizada para exorcizar as crianças nascidas na semana wayang (wuku wayang) e protegê-las do demónio Bharata Kala. Realiza-se durante a noite, na casa da família da criança. Os pés das marionetas referidas são introduzidas em água, que se torna pura e cantam-se versos. A mesma água é em seguida lançada sobre a criança. Nas várias performances a maioria das personagens interage em Kawi (antiga língua javanesa) e apenas as personagens chamadas de servos-palhaços (Dèlem ou Melem, Merdah, Sangut e Tualèn) falam o dialecto local da aldeia onde a performance está a ser realizada. Repetem para o público as partes mais importantes do que as personagens falaram entre si, introduzindo comentários cómicos que divertem a assistência. Em traços gerais a narrativa Mahabharata relata os vários episódios relacionados com a rivalidade entre os irmãos Pandawa e os seus primos Korawa, que lutam pelo direito ao trono do reino de Hastinapura. Um dos episódios mais teatralizados é a grande batalha, Bharatayuddha, na qual muitas das personagens interagem, dando origem a diferentes tipos de acções narrativas, como cenas de batalha com traições, combates e mortes ou o discurso inicial da batalha, feito pela personagem Kresna, sobre o objectivo final de uma guerra e os deveres dos verdadeiros guerreiros. A narrativa Ramayana relata episódios da vida do deus Rama, sendo um dos mais populares o rapto de sua mulher Sita pelo demónio e rei Ravana. Para recuperá-la, Rama alia-se ao exército de macacos do Rei Sugriva, contando também com a ajuda do macaco Anoman, personagem dotada de poderes sobrenaturais. A narrativa Calonarang tem origem na Indonésia e é indicada como semi-histórica ou lendária. Em Bali a versão mais conhecida foi traduzida do antigo Kawi e conta a história de Rangda, uma bruxa que amaldiçoa o reino de Daha com várias epidemias e secas, vingando-se do facto da sua filha Ratna ser recusada por vários homens nobres da corte do rei Airlangga. Rangda e as suas pupilas dançam no cemitério com a protecção e o poder da deusa Durga. O rei pede ajuda ao sábio Mpu Bharada que casa o seu jovem assistente Brapula com a filha de Rangda. Após a lua-de-mel, Brapula decobre que a forma de derrotar Rangda é ler de trás para a frente um pequeno livro de magia. Ao fazê-lo Mpu Bharada ressuscita todas as vítimas de Rangda e mata a bruxa. O Wayang Calonarang (Wayang Kulit da narrativa de Rangda) é realizado especialmente como teste às capacidades do dalang, nomeadamente, os seus conhecimentos teóricos na arte de Wayang Kulit, os seus podereres de improviso e a sua coragem para apaziguar o poder maléfico de Durga.
Bibliografia

Bibliografia

BELO, Jane - Traditional Balinese Culture. New York: Columbia University Press, 1970, pág. -

HOBART, Angela - Dancing Shadows of Bali. Theatre and Myth. London: Routledge & Kegan, 1987, pág. -

LOPES, Sofia Campos - Proposta para o estudo de uma colecção de marionetas do Wayang Kulit balinês - Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Antropologia: Patrimónios e Identidades. Lisboa: ISCTE, 2006, pág. -

MAIR, Victor H. - Painting and Performance: Chinese Picture Recitation and Its Indian Genesis. Honolulu: University of Hawaii Press, 1988, pág. -

WAGNER, Frits A. - L'Art dans le Monde - Indonésie Lárt d'un archipel. Paris: Éditions Albin Michel, 1961, pág. -

ZURBUCHEN, Mary Sabina - The Language of Balinese Shadow Theater. New Jersey: Princeton University Press, 1987, pág. -

 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica