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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
BJ.033
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Presépio de velas
Autor:
Domingos Gonçalves Lima
Local de Execução:
Santa Maria de Galegos,Barcelos
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro; arame; tintas multicolores.
Dimensões (cm):
altura: 54; largura: 28; profundidade: 15;
Descrição:
Figura de barro de grande dimensão, representando um castiçal com três pares de braços, no interior do qual se dispõem cenas de Presépio e da Paixão de Cristo. O castiçal é constituído por uma base coniforme, verde, onde assenta uma coluna vertical, tubular, de cor branca da qual se destacam, oblíquos, três pares de braços com as extremidades demarcadas, salientes, de cores diversas. A extremidade superior da coluna tem o mesmo tratamento, preparada para a colocação de uma vela. Grinaldas de flores multicoloridas entrecruzam-se, rodeando todo o exterior do objecto. A grinalda consiste em dois segmentos tubulares de barro, pintados de branco, sobre os quais pedaços circulares coloridos, laranja, azul-turquesa, cor-de-rosa, amarelo, verde e vermelho, com pontos dourados ao centro, figuram flores. Estão inseridas nas diversas partes do castiçal dezoito flores maiores, de cores variadas, com três pétalas e o centro enrolado, com um pé formado por um segmento de arame pintado. O castiçal é ainda decorado com rosáceas de pontos dourados pintadas na sua superfície, à frente e atrás As figuras sobrepostas ao castiçal narram a história do nascimento de Cristo e a sua morte. Sobressaem da coluna duas placas circulares, colocadas horizontalmente, decoradas ao redor por um entrançado dourado. A primeira plataforma ( de cima para baixo) serve de suporte à figuração dos três Reis Magos e a segunda às figuras de um Presépio. O Cristo crucificado é a figura central, de maior dimensão, com os pés crivados por um prego sobre a base do castiçal, o corpo encostado à coluna e os braços abertos, crivados por pregos, apoiados aos braços laterais do castiçal. O seu corpo está coberto de linhas vermelhas, figurando sangue. Está despido, excepto por uma faixa branca ao centro do corpo, presa por um nó lateral. Vêem-se as costelas, marcadas por incisões. A cabeça pende-lhe para trás, cingida pela coroa de cravos, de cor verde. Salientam-se as orelhas circulares. No rosto, os olhos estão fechados, as pálpebras proeminentes atravessadas por um risco negro horizontal. Tem o nariz triangular de grande dimensão, com as narinas perfuradas. Na boca os lábios são salientes, contorcidos num esgar de sofrimento. Uma barba comprida castanha clara rodeia o rosto, com pequenas incisões que figuram os pêlos. Partindo da parte de trás da cabeça, descaem-lhe duas tranças sobre o peito. Do presépio fazem parte São José, com um manto amarelo sobre uma túnica azul clara, ornada de riscas e pontos dourados, com uma bengala na mão, o rosto cercado de cabelo, barba e bigode cinzentos, os olhos formados por incisões ovais com um ponto negro central, o nariz saliente, a boca incisa, vermelha. A cabeça é coroada com uma auréola circular dourada. Nossa Senhora está de joelhos, com um manto azul-escuro sobre a veste cor-de-rosa. As mãos estão juntas em gesto de oração. A cabeça é tapada por um véu branco, o rosto tem os olhos incisos com um ponto negro central, o nariz é triangular, apresenta rosetas e a boca vermelha. As palhinhas consistem em fios de barro dispostos uns sobre os outros, pintados de amarelo. O corpo de Jesus está despido, as pernas e os braços demarcados por incisões. Os olhos e a boca estão assinalados com pontos pintados. Uma vaca castanha e um burro cinzento ladeiam a manjedoura. A vaca tem os cornos alteados, brancos, com a ponta negra. O focinho salienta-se, com o nariz negro. O burro apresenta orelhas cónicas espetadas para cima, a crina negra e o focinho saliente, com a ponta negra, a boca fendida vermelha e olhos que são duas manchas brancas, com um ponto negro central. Na plataforma superior dois dos reis Magos estão de pé. Todos têm os braços arqueados, empunhando espadas prateadas, seguras por ambas as mãos. O rei Negro está de joelhos, com uma veste vermelha, uma túnica verde e um pequeno manto vermelho sobre os ombros. O rosto negro tem o nariz marcado, os olhos brancos com pontos centrais a negro e a boca vermelha. Na cabeça tem uma coroa circular dourada, com os bordos recortados, enfeitada com uma incisão circular central. O Rei colocado à direita enverga uma veste branca, riscada de dourado, uma túnica cor de laranja, e um pequeno manto vermelho debruado a dourado sobre os ombros. O rosto tem o nariz marcado, os olhos brancos com pontos centrais a negro, a boca vermelha. Na cabeça tem uma coroa circular dourada, com os bordos recortados, enfeitada com uma incisão circular central. O rei colocado à esquerda apresenta a veste branca, riscada de dourado, uma túnica amarela, com um pequeno manto vermelho debruado a dourado sobre os ombros. O rosto tem o nariz marcado, os olhos brancos com pontos centrais a negro e a boca vermelha. Na cabeça tem uma coroa circular dourada, com os bordos recortados, enfeitada com uma incisão circular central. Sobre a base verde está inciso a assinatura "Mistério".
Incorporação:
Doação - Anterior proprietário: Fundação Calouste Gulbenkian
Origem / Historial:
Colecção de Figurado de barro doada pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Etnologia, composta por 196 objectos de diferentes regiões do país, na sua maiopria de Estremoz e Barcelos, A colecção foi organizada pelo Serviço de Belas Artes da F.C.G., dirigido por Artur Nobre de Gusmão, no âmbito da Exposição "Presépios portugueses" em 1986/87 e da Exposição "Expressionismo/Ingenuismo", realizada em 1987, incluida no Ciclo "Azares da Expressão". Mistério Domingos Gonçalves Lima nasce a 29 de Agosto de 1921 em S. Martinho de Galegos. Filho de mãe solteira, a trabalhar em Espanha, foi criado pela avó, Rosa Gonçalves Lima. Conta que a alcunha "Mistério" lhe tinha sido dada por ser uma criança débil, e os vizinhos dizerem ser um mistério ter sobrevivido. Aprendeu a fazer figurado com a avó, bonequeira, que o vendia na feira semanal de Barcelos. Mais velho trabalhou em feiras, vendendo por conta de um patrão. Casou-se com Virgínia Esteves Coelho, de quem teve doze filhos. Passou a vender por conta própria, mercadoria que comprava nas fábricas e peças a molde que fabricava com a mulher. Na década de 60 a notoriedade de Rosa Ramalho trouxe novo valor ao figurado feito à mão, que passa a ser vendido, já não como brinquedo de criança, mas como criação individual, peça única, para uma clientela urbana que procura o artigo em casa do artesão. Surgem as Feiras de Artesanato, no Estoril, em Belém, no Porto, Mercado Ferreira Borges, em Vila do Conde, onde os artesões expõem o figurado e trabalham ao vivo. Mistério cria um tipo de figuras com características próprias, de grandes orelhas, narizes desmesurados, olhos salientes. Sempre com um toque de humor, satiriza, cria Diabos a quem juntou a companheira e a família, a diaba e os pequenos diabinhos. Atento, reproduz cenas do quotidiano de trabalho e festa, figuras em actividades rurais. Recria o bestiário, galos, ouriços, figuras híbridas, fantásticas. Distingue-se nas cenas religiosas, as procissões de vários altares e numerosos participantes, as Alminhas em que põe padres e bispos no Inferno, no candelabro para sete velas, uma menorah que celebra o nascimento e a morte de Jesus, na Última Ceia, nos diversos tipos de presépios. É a sua mulher Virgínia que pinta desde sempre as figuras, acompanhando o gosto pela sátira do marido com as suas cores vivas, primárias, e a indiferença pelo realismo, roçando uma espécie de absurdo alegre - os Reis Magos de calças ou camisas cor-de-rosa vivo, São José de túnica azul-turquesa, cores que se tornaram-se igualmente uma das características definidoras do figurado de Mistério. Francisco "Mistério" morre em 1994. Os seus filhos Francisco e Manuel, que sempre trabalharam com o pai, assinando as peças por Mistério Filho F. ou Mistério Filho M., continuam a sua obra, acrescentando novas criações aos modelos do pai, enquanto D. Virgínia vai pintando as figuras de cores alegres.
 
     
     
   
     
     
     
 
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