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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
BJ.063/9
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Andor de Nª Senhora
Autor:
Domingos Gonçalves Lima
Local de Execução:
Santa Maria de Galegos, Barcelos
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro;arame; tintas multicolores.
Dimensões (cm):
altura: 18,5; largura: 10; comprimento: 23;
Descrição:
Está colocada uma flor em cada canto e ao centro dos paralelepípedos, com excepção da terceira plataforma, com flores só aos cantos, e da última plataforma, que suporta a imagem e não tem flores. As flores, num total de vinte, são de forma cónica, formadas por uma placa fina de barro enrolado que se desdobra a partir de um ponto central, dispostas com as cores alternadas, rosa claro, amarelo, cor - de - laranja e azul. Na representação de Nossa Senhora os sapatos negros salientam-se da base do suporte, onde assentam a borda da capa azul escura que define o formato cónico da figura. A capa cobre a cabeça e desce até aos pés da figura, com uma abertura frontal que revela o vestido cor-de-rosa. Este vestido é pregueado, enfeitado com pequenos pontos dourados, a gola circular contornada a dourado. Destacam-se dele o braço direito, com a mão estendida pegando num ramo de flores, enquanto a mão esquerda segura o Menino Jesus. A figura está ligeiramente virada para a esquerda. O rosto apresenta cabelo castanho, estando o resto da cabeça coberto pelo manto. Os olhos são duas incisões ovais com um ponto negro perfurado no centro, o nariz é proeminente, com as narinas perfuradas. A boca tem os lábios salientes e o interior pintado de vermelho. Na face apresenta duas rosetas. No topo da cabeça está colocada uma auréola circular compacta de cor dourada. A mão direita segura um ramo de três flores, de cores rosa, branca e amarela, mais pequenas mas semelhantes àquelas que enfeitam o andor, e verdura, composta por três segmentos tubulares verdes. O Menino Jesus está seguro pela mão esquerda, colocado entre a veste e a capa de Nossa Senhora, um segmento de forma oblonga, branca, figurando um corpo de criança envolvido numa faixa de tecido, de onde se destacam os pés. O ombro e o braço esquerdo, com a mão onde o polegar está demarcado, sobressaem do manto, assim como a cabeça. Esta tem cabelo castanho claro, demarcado por incisões breves, um nariz saliente, com duas narinas perfuradas, olhos ovais incisos com um ponto negro central, duas rosetas e a boca incisa pintada de vermelho. No interior da base apresenta incisa a letra "M", assinatura de "Mistério".
Incorporação:
Doação - Anterior proprietário: Fundação Calouste Gulbenkian
Origem / Historial:
Colecção de Figurado de barro doada pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Etnologia, composta por 196 objectos de diferentes regiões do país, na sua maioria Estremoz e Barcelos. A colecção foi zada pelo Serviço de Belas Artes da F.C.G., dirigido por Artur Nobre de Gusmão, no âmbito da Exposição Expressionismo/Ingenuismo, realizada em 1987, incluida no Ciclo "Azares da Expressão". Mistério Domingos Gonçalves Lima nasce a 29 de Agosto de 1921 em S. Martinho de Galegos. Filho de mãe solteira, a trabalhar em Espanha, foi criado pela avó, Rosa Gonçalves Lima. Conta que a alcunha "Mistério" lhe tinha sido dada por ser uma criança débil, e os vizinhos dizerem ser um mistério ter sobrevivido. Aprendeu a fazer figurado com a avó, bonequeira, que o vendia na feira semanal de Barcelos. Mais velho trabalhou em feiras, vendendo por conta de um patrão. Casou-se com Virgínia Esteves Coelho, de quem teve doze filhos. Passou a vender por conta própria, mercadoria que comprava nas fábricas e peças a molde que fabricava com a mulher. Na década de 60 a notoriedade de Rosa Ramalho trouxe novo valor ao figurado feito à mão, que passa a ser vendido, já não como brinquedo de criança, mas como criação individual, peça única, para uma clientela urbana que procura o artigo em casa do artesão. Surgem as Feiras de Artesanato, no Estoril, em Belém, no Porto, Mercado Ferreira Borges, em Vila do Conde, onde os artesões expõem o figurado e trabalham ao vivo. Mistério cria um tipo de figuras com características próprias, de grandes orelhas, narizes desmesurados, olhos salientes. Sempre com um toque de humor, satiriza, cria Diabos a quem juntou a companheira e a família, a diaba e os pequenos diabinhos. Atento, reproduz cenas do quotidiano de trabalho e festa, figuras em actividades rurais. Recria o bestiário, galos, ouriços, figuras híbridas, fantásticas. Distingue-se nas cenas religiosas, as procissões de vários altares e numerosos participantes, as Alminhas em que põe padres e bispos no Inferno, no candelabro para sete velas, uma menorah que celebra o nascimento e a morte de Jesus, na Última Ceia, nos diversos tipos de presépios. É a sua mulher Virgínia que pinta desde sempre as figuras, acompanhando o gosto pela sátira do marido com as suas cores vivas, primárias, e a indiferença pelo realismo, roçando uma espécie de absurdo alegre - os Reis Magos de calças ou camisas cor-de-rosa vivo, São José de túnica azul-turquesa, cores que se tornaram-se igualmente uma das características definidoras do figurado de Mistério. Francisco "Mistério" morre em 1994. Os seus filhos Francisco e Manuel, que sempre trabalharam com o pai, assinando as peças por Mistério Filho F. ou Mistério Filho M., continuam a sua obra, acrescentando novas criações aos modelos do pai, enquanto D. Virgínia vai pintando as figuras de cores alegres.
 
     
     
   
     
     
     
 
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