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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AT.479
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Ceifeira
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal/ Alto-Alentejo/ Évora/ Estremoz
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro, arame, tintas multicolores.
Técnica:
A especificação da técnica encontra-se no campo do Historial.
Dimensões (cm):
altura: 16,2; largura: 6,4;
Descrição:
Ceifeira em barro policromado, representando uma figura antropomórfica feminina em pé com uma foice e um tarro. A figura assenta numa base plana rectangular de cantos cortados pintada de verde com pintas amarelas, laranja e brancas e bordo igulamente laranja. A Ceifeira apresenta dois sapatos e dois membros inferiores cilindriformes cobertos por meias da mesma cor. O tronco é cilindriforme, o membro superior direito apresenta-se arqueado para dentro e o esquerdo encontra-se estendido para baixo. As mãos apresentam linhas incisas representando os dedos. O pescoço é de formato cilíndrico. A cabeça apresenta dois pontos negros que representam os olhos, encimados por dois traços e duas sobrancelhas igualmente negros. O nariz e o queixo encontram-se em relevo e a boca apresenta lábios delineados e enchidos com cor vermelha. De cada lado da face é visível uma rosácea alaranjada. Na cabeça figuram ainda duas argolas encimadas por dois destaques circulares de tonalidade amarela, dispostos em cada lado da face, representando brincos. Figura ainda, cabelo de tonalidade negra, coberto por um lenço de cabeça de tonalidade vermelha com pintas amarelas, que cai sobre as costas formando três bicos. Este é encimado por um chapéu amarelo de aba circular, com copa de formato semi-ovóide. O chapéu é enfeitado junto à copa, do lado esquerdo, por duas flores de tonalidade laranja com linhas incisas e pintas azuis e por folhagem de cor verde. A figura ostenta sapatos amarelos e uma saia apanhada ao jeito de calção de tonalidade laranja, com linhas incisas e debruada a azul e com laço da mesma cor. Exibe ainda, um avental que aperta na parte das costas, com formato rectangular e de tonalidade verde. O avental exibe ainda, contornos pintados de amarelo e laranja e é decorado com um bolso de forma triangular pintado com a mesma cor. A mulher apresenta ainda, uma camisola azul com contornos rosa e dois botões de punho da mesma cor, dispostos junto à mão esquerda. A Ceifeira segura na sua mão direita, uma foice com lâmina em forma de arco de tonalidade prateada e na mão esquerda, um tarro amarelo de formato cilíndrico com um segmento em arame disposto em arco, figurando a sua pega. No braço direito encontra-se disposto um destaque de tonalidade negra, figurando uma manta com franjas. Sobre os ombros é exibido um chaile que forma um triângulo nas costas e apresenta na parte frontal do tronco duas pontas que se cruzam. O chaile é pintado de amarelo, decorado na sua extremidade por linhas incisas, figurando franjas de tonalidade laranja. Na base é visível uma inscrição aplicada por pressão (carimbo): "Estremoz Portugal". Dimensões da Base: Comp: 4,1 Cm; Larg: 4,9 Cm.
Incorporação:
Compra - Anterior Proprietário: Rafael Rúdio
Origem / Historial:
Na ficha de inventário dactilografada e no Livro de Tombo a peça tem a designação "Boneco de Estremoz". No entanto, optei por utilizar a denominação "Ceifeira", na medida em que identifica à priori a temática da peça. Na ficha de inventário dactilografada não refere o Local de Fabrico. A designação "Ceifeira" consta na ficha de inventário dactilografada como Nome Local. Técnica: Os métodos utilizados na barrística são, os de rolo, da bola e da lastra, esta última, na elaboração de vestuário e bases. As partes constituintes dos bonecos, que apresentam maior espessura e volume são previamente picadas por meio de uma agulha ou arame e depois corrigidos com os dedos. Este procedimento permite uma maior secagem no interior do boneco evitando assim, quebradura e fendilhagem no acto da cozedura. Um dos aspectos que mais caracteriza os bonecos de Estremoz, e diferencia este figurado do restante, é o facto destes nascerem nus e serem posteriormente vestidos. Um boneco de Estremoz é constituído por diversas partes que são unidas entre si. Assim, a primeira peça a ser realizada é a base, que é feita através de um pedaço de barro espalmado por intermédio de uma palmatória. A próxima tarefa consiste em fazer as pernas ou saias e seguidamente o tronco. Com uma bola de barro, e um molde, segue-se a face e depois o pescoço. Os rostos são, na maior parte dos casos, feitos por meio dum molde e colados à bola de barro que constitui a cabeça. Com a ajuda dum teque ou teco (palheta na gíria dos artesãos) modela-se o cabelo. Coloca-se o boneco na base, previamente feita e com furos no local onde este vai assentar, colando-o com barbutina ou lamugem na gíria bonequeira. De seguida, passa-se para a elaboração dos braços que é realizada através de um rolinho. Corta-se a extremidade que liga ao ombro e faz-se em seguida as mãos. Estas são feitas espalmando-se a extremidade do braço menos grossa, e depois, por intermédio de uma série de incisões com a ajuda dos já mencionados teques criam-se os dedos. Unem-se os braços ao tronco com lamugem. É altura então, de vestir os bonecos e colocar todos os adornos referentes ao modelo representado, como chailes, lenços, brincos, chapéus e um número infindável de enfeites saídos da imaginação do artista, empregando-lhes assim, "movimento, vida, alma" (Vermelho, Joaquim, Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística, página 76, Limiar, 1990). Deixa-se o boneco secar e vai ao forno ou à mufla a 800 cº ou 850 cº, no entanto, é importante referir que durante a modelação do boneco convém deixar secar a peça durante as fases da união das várias partes constituintes do boneco. Os bonecos são peças muito frágeis e portanto, são necessários muitos cuidados no processo de enfornamento. Finalmente, o boneco passa pelo processo de pintura onde prevalecem o verde, o azul, o vermelho, o zarcão, o amarelo, o branco, o roxo, o laranja e o preto. As tintas utilizadas são os óxidos que são dissolvidos em água e misturados com grude previamente derretido. Contudo, foram introduzidos recentemente, por questões comerciais e técnicas, têmperas, ou seja tintas a água ou plásticas que são misturadas com colas resinosas para madeira. Estas colas proporcionam ao boneco, resistência à luz e à humidade, sem no entanto, prejudicar a cor. Sobre a pintura seca é colocado um verniz que, nos séculos passados, era fabricado pelos próprios barristas através de processos que se perderam. Foram posteriormente substituídos por vernizes industriais.
 
     
     
   
     
     
     
 
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