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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AQ.802
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Camponês junto a uma azinheira comendo de uma malga
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal/ Alto-Alentejo/ Évora/ Estremoz
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro, arame, tintas multicolores.
Técnica:
A especificação da técnica encontra-se no campo do Historial.
Dimensões (cm):
altura: 13; largura: 9,2;
Descrição:
Camponês em barro policromado, representando um homem sentado com as pernas esticadas, junto a uma azinheira, comendo de uma malga com uma colher. A figura assenta numa base plana rectangular de cantos arredondados e de tonalidade verde. O Camponês apresenta, dois botins, dois membros inferiores e o tronco cilindriformes. Os membros superiores apresentam-se arqueados para a frente com a mão esquerda apoiada na perna. As mãos do pastor apresentam linhas incisas representando os dedos. O pescoço é de formato cilíndrico. A cabeça apresenta dois pontos negros que figuram os olhos, encimados por dois traços de cor castanha que representam as sobrancelhas. O nariz encontra-se em relevo e a boca apresenta lábios delineados e enchidos com cor vermelha. De cada lado da face é visível uma orelha e uma rosácea alaranjada. Na cabeça figura ainda, cabelo de tonalidade castanha, encimado por um chapéu negro com aba circular larga ligeiramente revirada na parte lateral e com copa de formato semi-esférico. A figura apresenta botins amarelos com as solas pintadas de castanho, calças de tonalidade cinzenta, uma camisola amarela com punhos incisos e uma gola alta de tonalidade branca. Apresenta ainda, um pelico alentejano que se encontra picotado para figurar o pelo, exibindo mangas de formato circular e a tonalidade castanha com contornos negros. O camponês apresenta entre as pernas, uma malga com forma tronco-cónica de base invertida, que se encontra assente num destaque de formato cilíndrico de cor castanha com incisões, figurando uma trempe. A malga exibe igualmente a cor castanha e o seu interior pintado de amarelo exibe nove destaques igulamente amarelos figurando alimentos. Segura ainda, na mão direita, uma colher com cabo em arame, pintada de amarelo que se encontra assente sobre o rebordo da malga. Na parte traseira da figura encontra-se um destaque cilíndrico com linhas incisas, figurando o tronco de uma azinheira. Este, é composto ainda, por dois ramos dispostos perpendicularmente nas partes laterais, direccionados para cima. Os ramos exibem formato cónico e linhas incisas, encontrando-se decorados por folhagem verde e segmentos em arame que exibem nas suas extremidades destaques ovais castanhos que figuram bolotas. O tronco e os ramos apresentam a tonalidade castanha. Dimensões da Base: Comp: 11 Cm; Larg: 5,6 Cm.
Incorporação:
Compra - Anterior Proprietário: Desconhecido
Origem / Historial:
Na ficha de inventário dactilografada e no Livro de Tombo a peça tem a designação "Boneco de Barro". No entanto, optei por utilizar a denominação "Camponês junto a uma azinheira comendo duma malga", na medida em que identifica à priori a temática da peça. Técnica: Os métodos utilizados na barrística são, os de rolo, da bola e da lastra, esta última, na elaboração de vestuário e bases. As partes constituintes dos bonecos, que apresentam maior espessura e volume são previamente picadas por meio de uma agulha ou arame e depois corrigidos com os dedos. Este procedimento permite uma maior secagem no interior do boneco evitando assim, quebradura e fendilhagem no acto da cozedura. Um dos aspectos que mais caracteriza os bonecos de Estremoz, e diferencia este figurado do restante, é o facto destes nascerem nus e serem posteriormente vestidos. Um boneco de Estremoz é constituído por diversas partes que são unidas entre si. Assim, a primeira peça a ser realizada é a base, que é feita através de um pedaço de barro espalmado por intermédio de uma palmatória. A próxima tarefa consiste em fazer as pernas ou saias e seguidamente o tronco. Com uma bola de barro, e um molde, segue-se a face e depois o pescoço. Os rostos são, na maior parte dos casos, feitos por meio dum molde e colados à bola de barro que constitui a cabeça. Com a ajuda dum teque ou teco (palheta na gíria dos artesãos) modela-se o cabelo. Coloca-se o boneco na base, previamente feita e com furos no local onde este vai assentar, colando-o com barbutina ou lamugem na gíria bonequeira. De seguida, passa-se para a elaboração dos braços que é realizada através de um rolinho. Corta-se a extremidade que liga ao ombro e faz-se em seguida as mãos. Estas são feitas espalmando-se a extremidade do braço menos grossa, e depois, por intermédio de uma série de incisões com a ajuda dos já mencionados teques criam-se os dedos. Unem-se os braços ao tronco com lamugem. É altura então, de vestir os bonecos e colocar todos os adornos referentes ao modelo representado, como chailes, lenços, brincos, chapéus e um número infindável de enfeites saídos da imaginação do artista, empregando-lhes assim, "movimento, vida, alma" (Vermelho, Joaquim, Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística, página 76, Limiar, 1990). Deixa-se o boneco secar e vai ao forno ou à mufla a 800 cº ou 850 cº, no entanto, é importante referir que durante a modelação do boneco convém deixar secar a peça durante as fases da união das várias partes constituintes do boneco. Os bonecos são peças muito frágeis e portanto, são necessários muitos cuidados no processo de enfornamento. Finalmente, o boneco passa pelo processo de pintura onde prevalecem o verde, o azul, o vermelho, o zarcão, o amarelo, o branco, o roxo, o laranja e o preto. As tintas utilizadas são os óxidos que são dissolvidos em água e misturados com grude previamente derretido. Contudo, foram introduzidos recentemente, por questões comerciais e técnicas, têmperas, ou seja tintas a água ou plásticas que são misturadas com colas resinosas para madeira. Estas colas proporcionam ao boneco, resistência à luz e à humidade, sem no entanto, prejudicar a cor. Sobre a pintura seca é colocado um verniz que, nos séculos passados, era fabricado pelos próprios barristas através de processos que se perderam. Foram posteriormente substituídos por vernizes industriais.
 
     
     
   
     
     
     
 
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