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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AQ.808
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Pastor com ovelha
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal/ Alto-Alentejo/ Évora/ Estremoz
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro, arame, tintas multicolores.
Técnica:
A especificação da técnica encontra-se no campo do Historial.
Dimensões (cm):
altura: 17,5; largura: 7,1;
Descrição:
Pastor em barro policromado, representando uma figura antropomórfica masculina, em pé, segurando uma ovelha. A figura assenta numa base plana rectangular, de cor laranja com pintas amarelas e igualmente laranjas num fundo verde. O pastor apresenta, duas botas altas, dois membros inferiores e o tronco cilindriformes. Os membros superiores apresentam-se arqueados para dentro, com as mãos segurando uma ovelha pelas suas patas. As mãos apresentam linhas incisas representando os dedos. O pescoço é de formato cilíndrico. A cabeça apresenta dois pontos negros que figuram os olhos, encimados por dois traços e duas sobrancelhas igualmente negros. O nariz é triangular em relevo e a boca apresenta lábios delineados e enchidos com cor vermelha. De cada lado da face é visível uma rosácea alaranjada. Na cabeça figura ainda, cabelo de tonalidade negra, encimado por um chapéu igualmente negro com aba circular larga, ligeiramente revirada e com copa de formato cilíndrico. A ovelha é constituída por dois membros dianteiros e traseiros cilindriformes, corpo igualmente cilindriforme e uma cauda. O pescoço é de formato cilíndrico. A cabeça do animal apresenta um focinho alongado de forma cilíndrica, no qual são visíveis dois olhos, uma linha recta incisa de cor vermelha que representa a boca e dois buracos que figuram as narinas. Na cabeça figuram ainda, dois destaques em forma de arco, de cor amarela que representam os seus chifres. O animal ostenta a cor branca com manchas castanhas, e também pontos incisos, figurando a lã. A figura do pastor apresenta botas de tonalidade castanha com pequenas linhas incisas na parte lateral exterior pintadas de negro, podendo figurar a sua abertura, calças igualmente castanhas e camisola azul. A camisola apresenta contornos castanhos, uma gola de cor branca com linhas incisas e dois destaques semi-esféricos de tonalidade amarela, figurando botões. O pastor apresenta ainda, um pelico alentejano que cai até a altura da coxa, picotado para figurar o pelo e com mangas de formato circular. O pelico ostenta a cor castanha com contornos cinzentos, e ainda dez pontos amarelos, dispostos longitudinalmente e paralelamente em grupos de cinco na parte frontal do tronco, figurando botões. Existem ainda, outros dois pontos amarelos junto a cada uma das mãos, que figuram botões de punho. A figura do pastor carrega no seu braço esquerdo um adorno de formato cilíndrico e de tonalidade castanha, preso ao membro superior por um segmento de arame em forma de arco, figurando um tarro. Na base é visível uma inscrição aplicada por pressão (carimbo): "Estremoz Portugal". Dimensões da Base: Comp: 4,8 Cm; Larg: 5,3 Cm.
Incorporação:
Compra - Anterior Proprietário: Desconhecido
Origem / Historial:
Na ficha de inventário dactilografada e no Livro de Tombo a peça tem a designação "Boneco de Barro". No entanto, optei por utilizar a denominação "Pastor com ovelha", na medida em que identifica à priori a temática da peça. A designação "Pastor" consta na ficha de inventário dactilografada como Nome Local. Técnica: Os métodos utilizados na barrística são, os de rolo, da bola e da lastra, esta última, na elaboração de vestuário e bases. As partes constituintes dos bonecos, que apresentam maior espessura e volume são previamente picadas por meio de uma agulha ou arame e depois corrigidos com os dedos. Este procedimento permite uma maior secagem no interior do boneco evitando assim, quebradura e fendilhagem no acto da cozedura. Um dos aspectos que mais caracteriza os bonecos de Estremoz, e diferencia este figurado do restante, é o facto destes nascerem nus e serem posteriormente vestidos. Um boneco de Estremoz é constituído por diversas partes que são unidas entre si. Assim, a primeira peça a ser realizada é a base, que é feita através de um pedaço de barro espalmado por intermédio de uma palmatória. A próxima tarefa consiste em fazer as pernas ou saias e seguidamente o tronco. Com uma bola de barro, e um molde, segue-se a face e depois o pescoço. Os rostos são, na maior parte dos casos, feitos por meio dum molde e colados à bola de barro que constitui a cabeça. Com a ajuda dum teque ou teco (palheta na gíria dos artesãos) modela-se o cabelo. Coloca-se o boneco na base, previamente feita e com furos no local onde este vai assentar, colando-o com barbutina ou lamugem na gíria bonequeira. De seguida, passa-se para a elaboração dos braços que é realizada através de um rolinho. Corta-se a extremidade que liga ao ombro e faz-se em seguida as mãos. Estas são feitas espalmando-se a extremidade do braço menos grossa, e depois, por intermédio de uma série de incisões com a ajuda dos já mencionados teques criam-se os dedos. Unem-se os braços ao tronco com lamugem. É altura então, de vestir os bonecos e colocar todos os adornos referentes ao modelo representado, como chailes, lenços, brincos, chapéus e um número infindável de enfeites saídos da imaginação do artista, empregando-lhes assim, "movimento, vida, alma" (Vermelho, Joaquim, Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística, página 76, Limiar, 1990). Deixa-se o boneco secar e vai ao forno ou à mufla a 800 cº ou 850 cº, no entanto, é importante referir que durante a modelação do boneco convém deixar secar a peça durante as fases da união das várias partes constituintes do boneco. Os bonecos são peças muito frágeis e portanto, são necessários muitos cuidados no processo de enfornamento. Finalmente, o boneco passa pelo processo de pintura onde prevalecem o verde, o azul, o vermelho, o zarcão, o amarelo, o branco, o roxo, o laranja e o preto. As tintas utilizadas são os óxidos que são dissolvidos em água e misturados com grude previamente derretido. Contudo, foram introduzidos recentemente, por questões comerciais e técnicas, têmperas, ou seja tintas a água ou plásticas que são misturadas com colas resinosas para madeira. Estas colas proporcionam ao boneco, resistência à luz e à humidade, sem no entanto, prejudicar a cor. Sobre a pintura seca é colocado um verniz que, nos séculos passados, era fabricado pelos próprios barristas através de processos que se perderam. Foram posteriormente substituídos por vernizes industriais.
Bibliografia

Bibliografia

AZINHAL, Abelho - Memória sobre os barros de Estremoz. Lisboa: Panorama, 1964, pág. -

BORRALHO, Álvaro António Gancho - As Artes do Barro. Contribuição para o estudo dos Bonecos de Estremoz, Dissertação de Tese de Licenciatura em Sociologia vertente de Sociologia da Cultura. ISCTE, Lisboa: 1993, pág. -

CHAVES, Luís - Os Barristas Portugueses: nas escolas e no povo.. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1925, pág. -

CONDE, António Fialho - "A Olaria Alfacinha e o Contributo dos Mestres", "Mestres Oleiros no Alentejo" in Mestres Artesãos do Século: artefactos do mundo por mãos portuguesas. Lisboa: Instituto do Emprego e Formação: FIL, 2002, pág. pp. 43/47, 57/61

CORREIA, Virgílio - "Brinquedos na Louça de Estremoz" in Revista Terra Portuguesa - Revista Ilustrada de Arqueologia e Etnografia, Volume 1. Lisboa: 1916, pág. p. 80

FERRO, António - "Bonecos de Barro" in Vida e Arte do Povo Português. Lisboa: 1940, pág. pp. 237/242

LUCENA, Armando - "Os Presépios", in Arte, Usos e Costumes Portugueses, Volume 1. Lisboa, pág. -

MACEDO, Diogo de - Presépios Portugueses. Lisboa: Artis, [19...], pág. -

MOUTINHO, Carlinda - Figuras, Bonecos e Representações de Presépios. Ponta Delgada: Museu Carlos Machado, 1984, pág. -

PARVAUX, Solange - La Céramique du Hault-Alentejo. Paris, Lisboa: Puf, Gulbenkian, 1968, pág. pp. 147/168

PESSANHA, D. Sebastião - "Bonecos de Extremoz" in Revista Terra Portuguesa - Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia, Volume 1. Lisboa: 1916, pág. pp. 105-10

VERMELHO, Joaquim - "Mobilidade e Influências nos bonecos de Estremoz" in Conversas à volta da Olaria. Oficinas do Convento: Associação Cultural de Arte e Comunicação, Dezembro 1998, pág. pp. 69/71

VERMELHO, Joaquim - "O Culto do Figurado de Estremoz" in Cultus: o mistério e o maravilhoso nos artefactos portugueses. Lisboa, IEFP: FIL, 2001, pág. pp. 25/29

VERMELHO, Joaquim - "Olaria e Barrística de Estremoz" in Artesanato da Região do Alentejo. Évora: IEFP, 2000, pág. pp.105/107, 114/125,149/152

VERMELHO, Joaquim - Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística: Limiar, 1990, pág. -

 
     
     
   
     
     
     
 
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