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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AT.855
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Primavera
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal/ Alto-Alentejo/ Évora/ Estremoz
Oficina / Fabricante:
Olaria Alfacinha
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro, arame, tintas multicolores.
Técnica:
A especificação da técnica encontra-se no campo do Historial.
Dimensões (cm):
altura: 26; largura: 14; diâmetro: 8,6;
Descrição:
Primavera em barro policromado, representado uma figura antropomórfica feminina, em pé, com um ramo de flores em cada uma das mãos. A figura assenta numa base circular de cor verde, cujo bordo exibe traços longitudinais entalhados. A Primavera apresenta dois sapatos de cor preta e dois membros inferiores cilindriformes cobertos por meias de cor branca. Esta exibe um vestido curto e rodado, com duas barras de folhos na extremidade, e uma casaca de mangas largas decorada na parte frontal do tronco com folhos. O vestido apresenta ainda dois laços, um disposto no fundo das costas com as pontas pendentes e outro junto ao pescoço. Os membros superiores encontram-se arqueados para dentro, com as mãos segurando dois ramos de flores de formato cónico, pintados de amarelo e riscas azuis e laranja. As mãos apresentam linhas incisas representando os dedos. O pescoço é de formato cilíndrico. Na cabeça figuram dois pontos castanhos que representam os olhos, encimados por dois traços e duas sobrancelhas igualmente castanhas. O nariz em relevo é de formato triangular e a boca apresenta lábios delineados e enchidos com cor vermelha. De cada lado da face é visível uma rosácea alaranjada. A cabeça exibe, ainda, cabelo de cor castanha, encimado por um diadema. Este é de cor amarela e é constituído por cinco destaques ovóides pintados de branco e decorados com linhas pintadas de vermelho, laranja e branco, e três destaques cilíndricos de tonalidade amarela. Dos ombros da figura parte um arco em arame, circundando a cabeça, ao qual estão aplicadas onze rodelas em barro pintadas de amarelo, laranja, azul e branco com pintas de tonalidade verde, vermelha, branca e azul, figurando flores. O vestido, de cor azul, é decorado com folhos vermelhos. A casaca, igualmente de cor azul, apresenta folhos e laços vermelhos. Na base é visível uma inscrição aplicada por pressão (carimbo): "Olaria Alfacinha Estremoz Portugal". Dimensões: Diâmetro da base: 7,7 Cm.
Incorporação:
Compra - Anterior Proprietário: Desconhecido
Origem / Historial:
Na ficha de inventário dactilografada e no Livro de Tombo a peça tem a designação "Figurado de Barro", optou-se, no entanto, por lhe atribuir a designação "Primavera". Na ficha de inventário dactilografada é referido como Local de Aquisição: Porto (Livraria Divulgação). Referência à Oficina Olaria Alfacinha: Caetano Augusto da Conceição, natural de Lisboa e educado na Casa Pia de Évora onde concluiu o seu curso de carpinteiro-marceneiro, fixou-se em Estremoz em 1868, onde adquiriu a alcunha de Alfacinha. José Perninha, mestre oleiro e seu vizinho, cedo lhe incutiu o gosto e interesse pelo barro e sua arte, realizando em conjunto alguns trabalhos artísticos. A sua inclinação pela arte do barro depressa se fez notar, acabando por orientar a sua vida profissional para a área da cerâmica. Montou assim, uma oficina - Oficina Alfacinha - no histórico bairro do Castelo, na Rua do Arco, onde passou a residir. Juntou-se a Joaquim Firme e a outros oleiros experientes, e com os seus filhos constituiu o seu legado em trabalhos de barro, criando e experimentando novos modelos e técnicas. Em 1884 e em 1888, Caetano da Conceição viu o seu trabalho distinguido com prémios e medalhas em exposições nacionais. No entanto, a morte do seu filho mais velho foi um duro golpe para o fundador da Olaria Alfacinha, tanto a nível afectivo como profissional, pois passados poucos anos, a 29 de Junho de 1902, veio a falecer. O seu filho Narciso Augusto da Conceição sucedeu-lhe na orientação da oficina, que começou a atravessar um período de altos e baixos devido ao aproveitamento de outras matérias-primas por parte do mercado. Do casamento de Narciso nasceu uma numerosa prole, sobrevivendo apenas cinco: Mariano, Jerónimo, Deocleciano e Sabina. A oficina é entretanto transferida para a Rua do Assento, na mesma zona histórica, ocupando a conhecida Casa das Fardas e aproveitando as casas fronteiras onde passaram a funcionar os dois fornos. Aqui, trabalhavam quatro dezenas de artesãos que não tinham mãos a medir para as encomendas de louça vidrada, que estavam então na moda. Depois do falecimento de Narciso, a continuidade da direcção da oficina é uma vez mais entregue ao filho mais velho, Mariano da Conceição, que tomou o leme da firma e ficou com a responsabilidade principal, sendo ajudado pelos seus irmãos. No fim dos Anos Vinte é criada a Escola de Artes e Ofícios de Estremoz, pela razão da crescente preocupação de revitalizar as artes tradicionais locais ligadas ao mármore e ao barro. A Escola é dirigida inicialmente por Luís Fernandes e depois José Maria de Sá Lemos que orientam, dinamizam e implementam cursos, colocando esta escola num lugar de respeito e afirmação. É Sá Lemos, escultor de Vila Nova de Gaia, que convida Mariano da Conceição a ingressar no quadro de Mestres e Professores da recém criada escola, orientando assim, o Curso de Olaria. O entendimento entre o director Sá Lemos e o mestre de olaria Mariano, levou-os a outro sector da cerâmica local, também em acentuada crise - a barrística. Mariano interessou-se logo pela arte bonequeira local, que constituía um dos objectivos da recém criada escola. Juntamente com Ana da Silva, mais conhecida como Ti Ana das Peles, uma velha bonequeira que foi incentivada por Sá Lemos a partilhar a sua sabedoria sobre esta arte, constituiu-se um dinâmico diálogo com o objectivo de absorver todas as suas técnicas e conhecimentos. Mariano correspondeu da melhor forma à criação barrística, iniciando-se assim, na arte bonequeira. Na firma que Mariano dirige com os irmãos, constituiu-se uma sociedade com toda a irmandade sobrevivente, da qual Mariano vende mais tarde a sua parte, seguindo o seu irmão Jerónimo. A mãe, Leonor das Neves desaparece em 27 de Julho de 1946, sendo posteriormente, em 11 de Abril de 1958, criada a firma com o seu nome Leonor das Neves da Conceição (Herdeiros), fazendo apenas parte, Deocleciano, Caetano e Sabina. Caetano da Conceição dirige a oficina até Setembro de 1958, afastando-se da sua orientação por motivos de saúde. Por força das circunstâncias, o seu cunhado Luís de Matos Santos, marido de Sabina, assume a direcção da firma. Após o falecimento do neto do fundador da centenária oficina, Caetano da Conceição, a 16 de Dezembro de 1985, discutiu-se a venda da oficina ou a sua conversão em Cooperativa, que envolveu órgãos do poder local e organismos vocacionados para a defesa do Artesanato e Artes Tradicionais como o Instituto do Emprego e Formação Profissional. No entanto, por dificuldades de conciliação de interesses, o desejado nunca foi concretizado - manter a oficina em actividade. No início da década de 90, a Oficina Alfacinha acabou por ser vendida, mas com gerência de curta duração, terminando em falência. Contudo, o espólio da secular oficina foi adquirido, no fim da década de 90, pela Escola Profissional da Região Alentejo, surgindo assim, alguma esperança para o seu reaparecimento e continuidade. Técnica: Os métodos utilizados na barrística são, os de rolo, da bola e da lastra, esta última, na elaboração de vestuário e bases. As partes constituintes dos bonecos, que apresentam maior espessura e volume são previamente picadas por meio de uma agulha ou arame e depois corrigidos com os dedos. Este procedimento permite uma maior secagem no interior do boneco evitando assim, quebradura e fendilhagem no acto da cozedura. Um dos aspectos que mais caracteriza os bonecos de Estremoz, e diferencia este figurado do restante, é o facto destes nascerem nus e serem posteriormente vestidos. Um boneco de Estremoz é constituído por diversas partes que são unidas entre si. Assim, a primeira peça a ser realizada é a base, que é feita através de um pedaço de barro espalmado por intermédio de uma palmatória. A próxima tarefa consiste em fazer as pernas ou saias e seguidamente o tronco. Com uma bola de barro, e um molde, segue-se a face e depois o pescoço. Os rostos são, na maior parte dos casos, feitos por meio dum molde e colados à bola de barro que constitui a cabeça. Com a ajuda dum teque ou teco (palheta na gíria dos artesãos) modela-se o cabelo. Coloca-se o boneco na base, previamente feita e com furos no local onde este vai assentar, colando-o com barbutina ou lamugem na gíria bonequeira. De seguida, passa-se para a elaboração dos braços que é realizada através de um rolinho. Corta-se a extremidade que liga ao ombro e faz-se em seguida as mãos. Estas são feitas espalmando-se a extremidade do braço menos grossa, e depois, por intermédio de uma série de incisões com a ajuda dos já mencionados teques criam-se os dedos. Unem-se os braços ao tronco com lamugem. É altura então, de vestir os bonecos e colocar todos os adornos referentes ao modelo representado, como chailes, lenços, brincos, chapéus e um número infindável de enfeites saídos da imaginação do artista, empregando-lhes assim, "movimento, vida, alma" (Vermelho, Joaquim, Barros de Estremoz: Contributo Monográfico para o Estudo da Olaria e da Barrística, página 76, Limiar, 1990). Deixa-se o boneco secar e vai ao forno ou à mufla a 800 cº ou 850 cº, no entanto, é importante referir que durante a modelação do boneco convém deixar secar a peça durante as fases da união das várias partes constituintes do boneco. Os bonecos são peças muito frágeis e portanto, são necessários muitos cuidados no processo de enfornamento. Finalmente, o boneco passa pelo processo de pintura onde prevalecem o verde, o azul, o vermelho, o zarcão, o amarelo, o branco, o roxo, o laranja e o preto. As tintas utilizadas são os óxidos que são dissolvidos em água e misturados com grude previamente derretido. Contudo, foram introduzidos recentemente, por questões comerciais e técnicas, têmperas, ou seja tintas a água ou plásticas que são misturadas com colas resinosas para madeira. Estas colas proporcionam ao boneco, resistência à luz e à humidade, sem no entanto, prejudicar a cor. Sobre a pintura seca é colocado um verniz que, nos séculos passados, era fabricado pelos próprios barristas através de processos que se perderam. Foram posteriormente substituídos por vernizes industriais.
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Número de inventário: MNE AT855D Autor: António Rento Localização:

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