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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu de Lamego
N.º de Inventário:
17
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Pintura
Denominação:
Circuncisão
Autor:
Fernandes, Vasco (Viseu 1475-1480 - Tomar 1542)
Local de Execução:
Lamego
Centro de Fabrico:
Lamego
Oficina / Fabricante:
Viseu
Datação:
1506 d.C. - 1511 d.C. - Renascimento
Matéria:
Óleo
Suporte:
Madeira de castanho
Dimensões (cm):
altura: 176,8; largura: 96,5;
Descrição:
Pintura a óleo sobre madeira de castanho representando a Circuncisão do Menino Jesus numa composição concentrada e vigorosa. Trata-se, pois, de um retábulo dentro de um retábulo, constituído por três corpos repartidos em edículas e preenchidos por miniaturais e simuladas esculturas em grisalha - onde figuram temas do Antigo Testamento: ao centro, Deus Pai sobre as Tábuas da Lei, por sua vez ladeadas por duas figuras em adoração, talvez o Rei David e o profeta Elias; à esquerda, vê-se o Sacrifício de Isaac (Génesis, 12, I); e, à direita, o episódio do Burro de Baalão (Números, 12, 22-29) - simbolicamente mostrado por dois anjos que, suspensos, seguram os longos cortinados verdes. As divisas do bispo mecenas estão representadas no escudete que remata o pequeno retábulo e, muito provavelmente, será o próprio bispo que figura ao centro da composição (conjectura de Vergílio Correia), entre os personagens que se dispõem em redor do Menino, com traços bem individualizados e expressão piedosa, segurando o bisturi para realizar a operação. Numa mesa de pé poligonal assente sobre leões e coberta com um brocado de textura irrepreensível, figura o Menino sobre uma toalha que se estende ao rosto lacrimoso da Virgem, esbelta e juvenil, incomparavelmente mais nova que o esposo, envelhecido e calvo. Ao lado da Virgem está outra figura feminina. A cerimónia, de uma intimidade perfeita, realiza-se numa espécie de pequena capela, estilo Renascença. No limiar do pórtico lateral estão duas figuras femininas (as Santas Mulheres, segundo Oliveira Caetano, 1998) em atitude de oração, segurando, uma delas, uma vela acesa e colocando a mão à altura da chama, o que acentua o seu valor simbólico. A distribuição da luz, por trás do grupo em primeiro plano, permite aprofundar o espaço e realçar a plasticidade das figuras. Vasco Fernandes não reduz as suas figurações ao essencial, numa clara opção pelo complexo e o invulgar. Articula com notória desenvoltura plástica os pormenores aparentemente sem valor referencial, mas de complexo simbolismo. (Descrição baseada em diversas obras, indicadas na bibliografia, de autoria de Dalila Rodrigues.)
Incorporação:
Transferência - capela-mor da Sé de Lamego (até ao séc. XVIII); Sala do Capítulo (até 1912)
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006* Segundo documento encontrado por Vergílio Correia no IAN/TT., este painel fazia parte de um políptico para a capela-mor da Sé de Lamego, encomendado pelo Bispo de Lamego, D. João de Madureira (1502-1511), ao pintor viseense Vasco Fernandes. O primeiro contrato foi firmado em Lamego a 4 de Maio de 1506, ficando o retábulo concluído em 1511. Apesar de restarem apenas 5 painéis de um conjunto inicial de 20, o segundo contrato (o 1º mencionava menor número de painéis), lavrado a 4 de Setembro de 1506, estipulava que Vasco Fernandes devia executar um retábulo constituído por um conjunto de 20 painéis pintados, que seria composto por esta ordem: dois painéis maiores ao centro, figurando o de cima Deus Pai com o globo na mão e rodeado de anjos, e o de baixo a Virgem, sentada, com o menino ao colo; em três fieiras com três quadros de cada lado, cenas da criação do mundo, da criação de Adão e Infância de Jesus, desde a Anunciação à Apresentação no Templo. Também da sua responsabilidade seriam a estrutura arquitectónica em talha bem como os diversos pormenores de acabamento. Forma, dimensões, programa iconográfico, marcenaria, materiais e preços e condições de pagamento foram rigorosamente indicadas pelo exigente bispo. O retábulo manteve-se no local para que foi destinado até que obras realizadas no Séc. XVIII o fizeram apear e desmembrar. Diz Vergílio Correia que "durante dois séculos o políptico permaneceu armado na capela maior da Sé, até que as obras realizadas no segundo quartel do século XVIII atiraram a maior parte das tábuas desligadas para destinos incertos. Algumas seriam oferecidas a igrejas pobres, outras queimadas por imorais. O século de setecentos não compreendia já as ingenuidades dos primitivos, e a série da "Criação de Adão", vista de perto com os seus nus flagrantes, deveria indignar ou fazer estoirar de riso o cabido em claustro pleno" (Correia, 1942). Na verdade, já em 1639 as Constituições Sinodais do Bispado de Lamego, na esteira de toda a legislação congénere posterior ao Concílio de Trento, haviam exigido a "decência" das obras de arte do interior dos templos, ordenando aos visitadores que mandassem destruir ou reformar os espécimes em que tal se não verificasse. (Gonçalves, 1990). Em 1910 encontravam-se os painéis na Sala do Capítulo, mas dos 20 painéis iniciais, apenas 5 viriam a salvar-se. Em 1912 passam para o edifício do antigo Paço Episcopal, sendo incorporados na colecção do Museu de Arte e Arqueologia criado em 1917, actual Museu de Lamego. Acrescente-se a cronologia apresentada pela Arterestauro no relatório de tratamento de conservação e restauro dos 5 painéis, em 2002: "1511 - Fica termindado o retábulo; 1651 - data a que foi sujeito a uma intervenção "que por antigo necessita de reparo"; 1656 - foi pintada a Capela- Mor; Séc. XVIII - o interior da Sé foi reformado; 1881 - quatro dos cinco painéis encontram-se expostos na sala do capítulo da mesma Sé; 1919 a 1923 - Luciano Freire tratou os cinco painéis, mencionando que na Anunciação, Visitação e Circuncisão, o seu estado de conservação "era deplorável por estarem repintados na sua quase totalidade e terem a tinta caída em vários pontos"; 1940 a 1955 - Fernando Mardel tratou os painéis com a representação da Criação dos Animais, Cricuncisão e Apresentação no Templo; 1983 - Os painéis Anunciação e Circuncisão são tratados no Insituto José de Figueiredo". 2002 - São tratados os cinco painéis, pela mesma Empresa.

Bibliografia

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ALMEIDA, Fortunato - Historia da Igreja em Portugal. Lisboa: Liv.Civilização, 1990, pág. -

ARTERESTAURO - Relatório do Tratamento de Conservação e Restauro das Pinturas existentes do Retábulo da Capela-Mor da Sé de Lamego: 2002, pág. -

CAETANO, Joaquim Oliveira - "Vasco Ferndandes", Francisco Henriques. Um pintor em Évora no tempo de D. Manuel I (catálogo de exposição). Lisboa: Comissão Nacinal p/ Comemorações Descobrimentos Portugueses, 1997, pág. 191-193

CORREIA, Vergilio - Vasco Fernandes. Mestre do Retábulo da Sé de Lamego. Coimbra: 1924, pág. -

DIAS, Pedro; SERRÃO, Vítor - "A Pintura, a iluminura e a gravura dos primeiros tempos do século XVI", História da Arte em Portugal, O Manuelino, vol. 5. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, pág. -

GONÇALVES, Flávio - Obras Perdidas dos "Primitivos" Portugueses, "História da Arte. Iconografia e Crítica". Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990, pág. 40-42

GUIMARÃES, Alfredo; SARDOEIRA, Albano - Mobiliário Artístico Português (Elementos para a sua História) - I- Lamego. Porto: Marques de Abreu, 1924, pág. -

LARANJO, F. J. Cordeiro - Museu de Lamego. Lamego: C.M.Lamego, 1991, pág. -

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MOUTA, J. Henriques - Pintores de Viseu: Escola ao Dinastia?. Viseu: 1969, pág. -

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REIS-SANTOS, Luís - Vasco Fernandes e os Pintores de Viseu do Século XVI. Lisboa: 1946, pág. -

RODRIGUES, Dalila - "A pintura no período manuelino", História da Arte Portuguesa (Dir. de Paulo Pereira), vol. II. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995, pág. 230-237

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RODRIGUES, Dalila - "Pintura", Museu de Lamego. Roteiro. Lisboa: Museu de Lamego/IPM, 1998, pág. 21-25

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RODRIGUES, Dalila - Grão Vasco. Pintura Portuguesa del Renacimiento. Salamanca: Consorcio Salamanca 2002, 2002, pág. 125-131

SANTOS, Reinaldo - Os Primitivos Portugueses, 3ª ed.. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1958, pág. -

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