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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu de Lamego
N.º de Inventário:
15
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Pintura
Denominação:
Anunciação
Autor:
Fernandes, Vasco (Viseu 1475-1480 - Tomar 1542)
Local de Execução:
Lamego
Centro de Fabrico:
Lamego
Oficina / Fabricante:
Viseu
Datação:
1506 d.C. - 1511 d.C. - Renascimento
Matéria:
Óleo
Suporte:
Madeira de castanho
Dimensões (cm):
altura: 174,8 cm ; largura: 95,1 cm;
Descrição:
Pintura a óleo sobre madeira de castanho representando a Anunciação. Apresenta como figura em maior evidência o anjo Gabriel, a trazer a mensagem do Céu, e a Virgem Maria que religiosamente o escuta. O anjo, ajoelhado, segurando com a mão esquerda o ceptro de ouro e um pergaminho triplamente selado (podendo observar-se no terceiro a contar da esquerda, a Santíssima Trindade, concretamente Cristo crucificado, o busto de Deus Pai e a Pomba do Espírito Santo), apresenta à Virgem a mensagem aí inscrita. O anjo impõe a sua presença através do olhar e da verticalidade do braço esquerdo, que indica a presença divina em forma de pomba. Isto passa-se dentro de uma habitação povoada por objectos de efeito decorativo ou de uso quotidiano. No medalhão colocado na parede do fundo, Eva segura a maçã com a mão esquerda, indicando com a mão direita a Virgem. Ainda na parede do fundo, na parte superior, surge a representação miniatural em grisalha de três personagens identificadas com os temas do Antigo Testamento: o Profeta Ezequiel; Gedeão e o velo Probatório, e, muito provavelmente, Moisés e a Sarça Ardendo. À direita, junto do armário mural, num pequeno quadro, a figura do Padre Eterno. Aparece ao centro da composição um fogareiro, um elemento tipicamente português. Uma janela aberta, colocada ao fundo, do lado esquerdo, faz-nos a ligação com o exterior, onde figuram algumas construções de caraterísticas flamengas. "Na concepção das figuras, envoltas em requintada indumentária, com praguedos angulosos de extraordinária plasticidade, na organização espacial das composições, com magistral utilização da luz para evidenciar planos intermédios, na equilibrada distribuição da cor, Vasco Fernandes revela uma essencial preocupação formal e de verosimilhança representativa. O realismo ao modo flamengo, não alheio às potencialidades da técnica a óleo, identifica-se na visão particularizada da forma, no modo como representa a textura dos tecidos, a transparência dos vidros ou o reflexo dos metais" (Rodrigues, 1998).
Incorporação:
Transferência - Capela-mor da Sé de Lamego (até ao séc. XVIII); Sala do Capítulo da mesma Sé (até 1912).
Origem / Historial:
*Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de se gurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006* Segundo documento encontrado por Vergílio Correia na T.T., este painel fazia parte de um políptico encomendado para a capela-mor da Sé de Lamego, encomendado pelo Bispo de Lamego D. João de Madureira (1503-1511) ao pintor viseense Vasco Fernandes. O primeiro contrato foi firmado em Lamego a 4 de Maio de 1506, ficando o retábulo concluído em 1511. Apesar de restarem apenas cinco painéis de um conjunto inicial de 20, o segundo contrato (o primeiro mencionava um número menor de painéis) lavrado a 4 de Setembro de 1506, estipulava que Vasco Fernandes devia executar um retábulo constituído por um conjunto de 20 painéis pintados, que seria composto por esta ordem: dois painéis ao centro, figurando o de cima Deus Pai com o globo na mão e rodeado de anjos, e o de baixo, a Virgem, sentada, com o Menino ao colo; em três fieiras com três quadros de cada lado, cenas da criação do mundo, da criação de Adão, infância de Jesus, desde a Anunciação até à Apresentação no Templo. Também da sua responsabilidade seria a estrutura arquitectónica em talha bem como so diversos pormenores de acabamento. Forma, dimensões, programa iconográfico e preço e condições de pagamento foram rigorosamente indicados pelo exigente Bispo. O retábulo manteve-se no local para que foi destinado até que obras realizadas no séc. XVIII o fizeram apear e desmembrar. Diz Vergílio Correia que "durante dois séculos o políptico permaneceu armado na capela maior da Sé, até que as obras realizadas no segundo quartel do século XVIII atiraram a maior parte das tábuas desligadas para destinos incertos. Algumas seriam oferecidas a igrejas pobres, outras queimadas por imorais. O século de setecentos não compreendia já as ingenuidades dos primitivos, e a série da "Criação de Adão", vista de perto com os seus nus flagrantes, deveria indignar ou fazer estoirar de riso o cabido em claustro pleno" (Correia, 1942). "Na verdade, já em 1639 as Constituições Sinodais do Bispado de Lamego, na esteira de toda a legislação congénere posterior ao Concílio de Trento, haviam exigido a "decência" das obras de arte do interior dos templos, ordenando aos visitadores que mandassem destruir ou reformar os espécimes em que tal não se verificasse" (Gonçalves, 1990). Em 1910 encontravam-se os painéis na Sala do Capítulo, mas dos vinte painéis iniciais, apenas viriam a salvar-se cinco. Nos "Autos de arrolamento da Comissão Concelhia de Inventário, relativos à Fábrica da Sé, realizados em 1911, o quadro é mencionado no nº 808: "Outro quadro bem conservado, com moldura em madeira dourada, de Grão Vasco representando a Anunciação da Virgem, tendo um metro e oitenta e oito de altura e um metro e quatro de largura". Em 1912 passou para o edifício do antigo Paço Episcopal, sendo incorporado na colecção do Museu de Arte e Arqueologia criado em 1917, actual Museu de Lamego. "Uma cópia desta obra existiu na igreja matriz de S. João de Tarouca, e, Aguiar Barreiros (1954) refere, também uma cópia sobre suporte de madeira, existente numa colecção particular de Braga" (Rodrigues, 1992). Acrescente-se cronologia apresentada no relatório do tratamento efectuado neste painel pela Empresa Arterestauro em 2002: "1511- Fica termindado o retábulo; 1651 - data a que foi sujeito a uma intervenção "que por antigo necessita reparo"; 1656 - foi pintada a Capela-Mor; Séc. XVIII - o interior da Sé foi reformado; 1881 - quatro dos cinco painéis encontram-se expostos na sala do Capítulo da mesma Sé; 1919 a 1923 - Luciano Freire tratou os cinco painéis, mencionando que na Anunciação, Visitação e Circuncisão, o seu estado de conservação "era deplorável por estarem repintados na sua quase totalidade e terem a tinta caída em muitos pontos"; 1940 a 1955 - Fernando Mardel tratou os painéis com a representação Criação dos Animais, Circuncisão e Apresentação no Templo; 1983 - Os painéis Anunciação e Circuncisão são tratados no Instituto José de Figueiredo". Em 2002 a mesma empresa procede ao tratamento deste e dos quatro painéis que ainda se conservam.

Bibliografia

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