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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu da Música
N.º de Inventário:
MNM 1096
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Instrumentos musicais
Denominação:
Cravo
Título:
Cravo Taskin
Autor:
TASKIN, Pascal - Joseph
Local de Execução:
Oficina da família Blanchet, considerada uma dinastia de construtores de cravos de grande prestígio
Centro de Fabrico:
França, Paris
Oficina / Fabricante:
Pascal- Joseph Taskin
Datação:
XVII d.C. - XVIII d.C. - 1782
Matéria:
Madeira Teclas naturais em capas de ébano Teclas acidentais em capas de osso
Suporte:
Em madeira, estilo neo-clássico,com 6 pés (sendo um deles uma cópia) onde o cravo assenta.
Técnica:
Chinoiserie em relevo lacada na caixa.
Dimensões (cm):
altura: 302; largura: 957; espessura: 22; diâmetro: 69; comprimento: 2317;
Descrição:
Cordofone de tecla que, pela sua raridade, excelente estado de conservação, valor histórico, organológico e estético, foi classificado em 2006 como Tesouro Nacional. 1.ASPECTOS DECORATIVOS: É ricamente decorado no exterior da caixa com motivos de chinoiserie lacados e em relevo representando cenas de caça e concertos campestres com alaúde, sinos, gongo, trombeta, viola. A completar a decoração exterior, existe um friso dourado a contornar toda a superfície da caixa. O interior da caixa é também ricamente decorado, sobre um fundo verde claro. A decoração do tampo harmónico contem elementos de fauna e flora, e sobre o mesmo três cavaletes onde se apoiam as cordas. 2.ASPECTOS ORGANOLÓGICOS: Este cravo apresenta dois manuais com cento e vinto e quatro teclas, correspondendo a um âmbito Mi - Fá 5. As teclas correspondentes às notas naturais possuem capas em ébano e são decoradas com arcadas na parte frontal; as notas correspondentes às acidentadas possuem capas de osso. No tampo harmónico há uma rosácea - tipo Ruckers - dourada e com as iniciais AR. Relativamente ao suporte, apresenta seis pés de tipo neoclássico. Um deles é um facsimile, torneado e pintado à cor pela colaboradora da área de conservação e restauro, Susana Caldeira. O original, muito degradado por acção de insectos xilófagos, encontra-se na oficina do Museu. 2.1 REGISTOS: O instrumento tem 4 registos, sendo o de 8' mais próximo do tampo harmónico, accionado pelo teclado superior. Os outros - de 8' ('peau de buffle'), 8' e 4' - são accionados pelo teclado interior. O registo de 'peau de beuffe' (jogo de martinetes em que o plectro é feito de couro muito macio, geralmente, de pele de búfalo) belisca as cordas de forma a permitir uma sonoridade suave. Os restantes beliscam as cordas por plectros de penas. O efeito de surdina tem todas as cordas correspondentes ao respectivo registo abafadas ao mesmo tempo por pequenas 'almofadas' de couro originando um timbre mais suave. Os registos são, neste instrumento, alterados por um mecanismo de cinco alavancas accionadas com os joelhos (genouillères) do próprio músico, permitindo modificações no som sem o uso das mãos. Quer as alavancas (genouillères), quer o 'peau de buffle', são mecanismos característicos dos instrumentos Taskin não havendo, no entanto, indicação de quem os terá inventado. 2.2 TECLADO: Registo: Mi1 - Fá3 Largura das teclas naturais: 22 mm Comprimento das capas das teclas naturais (manual inferior): 113 mm Largura das teclas acidentais na extremidade: 9.5 mm Largura das teclas acidentais ao nível das teclas naturais: 11.5 mm Comprimento das teclas acidentais na extremidade (manual inferior): 72 mm Comprimento das teclas acidentais na extremidade (manual superior): 65 mm Largura de três oitavas: 477 mm Distância entre as teclas acidentais ao nível das naturais: c#- eb 17mm f#- g# 13mm g#- sib 15mm Largura dos blocos do teclado: 22 mm Largura da faixa que cobre os martinetes: 87mm Largura dos registos: 18,5mm Altura das cravelhas (a partir do cepo): 36-40mm Diâmetro das cravelhas Registo 4': 4mm Registo 8': 5mm Diâmetro da rosácea: 80mm Martinetes (Todas as medidas estão em milímetros) Stops Largura Espessura Comprimento Comp. plectros Larg. Plectros II 8' 13 4 135-155 32 5 I 4' 13 4 c. 165 20 5 I 8' 13 4 c. 165 26 5 I 8'* 13 4 165 32 5 *peau de buffle Comprimento "falante"- tiro, e pontos onde as cordas são beliscadas (Todas as medidas estão em milímetros) Manual SuperiorStop 8' Manual InferiorStop 8' Manual InferiorStop 4' Peau de buffle Tiro Comp. até ponto onde é beliscada Comp. até ponto onde é beliscada Tiro Comp. até ponto onde é beliscada Comp. até ponto onde é beliscada MI1 1780 173 206 1102 90 223 FÁ1 1765 162 195 1075 87 212 DÓ 1579 156 189 887 77 206 FÁ 1390 135 168 760 67 185 dó 1122 118 151 594 59 168 fá 932 108 141 478 52 158 dó1 673 91 124 336 46 141 fá1 515 82 115 257 41 132 dó2 345 70 103 170 34 120 fá2 261 62 95 128 32 112 dó3 180 51 84 88 26 101 fa3 142 46 79 73 26 96 Cavaletes sobre o tampo harmónico Cavalete 8' Em FÁ1 Em dó1 Em fá3 Altura 18mm 15mm 12mm Largura da base 22mm 16mm 12mm Largura no topo 9mm 8mm 6mm Cavalete 4' Altura 10mm 8mm 6mm Largura da base 12mm 9mm 7mm Largura no topo 6mm 5mm 4mm Cavaletes sobre o cepo Cavalete 8' Em FÁ1 Em dó1 Em fá3 Altura 14mm 13mm 11mm Largura da base 20mm 17mm 15mm Largura no topo 9mm 7mm 6mm Cavalete 4' Altura 7mm 6mm 6mm Largura da base 12mm 11mm 10mm Largura no topo 6mm 5mm 4mm Calibre das cordas Stops de 8' para manuais I e II Stop de 4' Mi1-Fá#1 Rouge 00 Mi1-Fá#1 Rouge * 2 Sol1- Sol#1 0 Sol1- Lá1 3 Lá1- Si1 1 Lá#1- Dó 4 Dó- Ré 2 Dó#- Ré# Jaune * 4 Ré#-Mi Jaune 2 Mi- Fá# 5 Fá- Fá# 3 Sol- Lá 6 Sol- Sol# 4 Lá#- re Blanc * 6 Lá- Si 5 re#- lá 7 dó- mi Blanc* 5 lá#- sol1 8 fá- sol# 6 sol#1- si2 9
Incorporação:
Compra - Adquirido a Filipe Erwein António, Conde Schonborn-Wiesentheid, neto da Marquesa do Cadaval
Origem / Historial:
Bem cultural móvel classificado como de interesse nacional (Tesouro Nacional) pelo Decreto n.º 19/2006, de 18 de Julho, e respectiva declaração de rectificação n.º 62/2006, de 15 de Setembro. Trata-se de um cravo do construtor belga Pascal-Joseph Taskin (1723-1793) que se radicou em Paris, e trabalhou na oficina da família Blanchet, à época, célebre e dotada de ilustres mestres luthiers. A família Blanchet, residente em Paris desde finais do séc. XVII até meados do séc. XIX, foi considerada uma família de construtores de instrumentos de tecla de grande prestígio, tendo entrado para a Corporação dos Construtores de Instrumentos em 1689, e mais tarde, por volta de 1756, obtido o título de construtores de cravos do rei de França. Era prática da oficina Blanchet, além de construirem e repararem os seus próprios instrumentos, fazerem alterações dos primeiros cravos flamengos, especialmente os das oficinas Ruckers e Couchets, trabalhos que tiveram notória reputação. François e Étienne Blanchet (ca.1695-1761 e 1730-1766, respectivamente), terceira e quarta gerações de luthiers da oficina Blanchet, receberam o belga Pascal-Joseph Taskin como seu aprendiz. A família Taskin, originária da província de Liège, na Flandres, constituída por músicos e construtores de cravos, trabalhou em Paris na última metade do séc. XVIII. Pascal-Joseph Taskin foi sobretudo discípulo de Étienne Blanchet (filho), tendo, por morte deste, casado com a viúva, herdado a oficina, adquirido os títulos e sido aceite na Corporação de Construtores e na Casa Real como construtor do Rei. Em 1780, na sua oficina, construíam-se cravos e fortepianos e, apesar da sua ligação à corte, continuou próspero e impune à Revolução Francesa, até à data da sua morte em 1793. Apesar disso, a Revolução Francesa foi responsável pela destruição de muitos bens patrimoniais. Os instrumentos musicais de madeira serviram para fazer fogueiras e aquecerem os ambientes e, desta forma, muitos instrumentos, sobretudo cravos que pertenceram a membros da nobreza, foram irremediavelmente destruídos. Aliado a este factor, o aparecimento do piano que veio substuir o cravo, contribuíu igualmente para o seu desaparecimento. Assim, a colecção de cravos de Pascal-Joseph Taskin ficou reduzida apenas a 8 exemplares que estão espalhados por vários museus e colecções particulares constituindo hoje, pela sua raridade, peças de elevado valor. A referência mais antiga deste cravo é um nº. de inventário feito em 1870 pelo Museo Civico di Arte Antica de Turim que o terá adquirido num armazém de mobiliário da Casa Real de Sabóia. Uma legenda que acompanhava a peça no referido Museu de Turim refere que, originalmente, teria pertencido a Maria Anna Clotilde de França, irmã de Luís XVI e mulher de Carlo Emanuele IV. Foi este instrumento que a Cidade de Turim ofereceu em 1930, como prenda de casamento, ao Príncipe Umberto de Sabóia e à Princesa Maria José da Bélgica. O mesmo instrumento que veio mais tarde a acompanhá-los, em 1946, no seu exílio em Portugal, por altura da proclamação da República e queda da Monarquia, (quando o Rei Umberto II é afastado do trono após um plebiscito que deu larga vantagem ao partido republicano). O deposto Rei Umberto foi inicialmente hóspede da Marquesa Olga de Cadaval, conhecida melómana e patrona da Arte Musical. Esta hospitalidade foi recompensada, mais tarde, com a oferta de alguns instrumentos musicais, entre eles duas harpas e o cravo em questão, que ficou longos anos na residência da Marquesa, em Colares, Sintra, e, terá sido mandado restaurar a um amador de música inglês, radicado em Portugal, o senhor Pilkington. Em 1979, a peça é ainda referenciada na folha nº 3 da acta nº 3 de 29 de Novembro, a propósito de uma reunião de um grupo de trabalho da Direcção Geral do Património Cultural, como tendo sido depositada no Conservatório Nacional, colocando-se o problema do vínculo do Conservatório relativamente às peças ali depositadas, uma vez que a colecção havia sido transferida para a Biblioteca Nacional, por força do despacho de 26 de Dezembro de 1977 do Ministério da Educação e Investigação Científica e da SEC. Não se sabe em que altura a peça terá sido depositada nas colecções do Conservatório Nacional. A referida acta da reunião, de 1979, refere que a peça estava muito danificada e que teria regressado à Casa Cadaval. "Em 2001, a obra foi levada para Londres (...) com o intuito de ser vendida. A peça já se encontrava fora de Portugal quando foi requerida a autorização da sua saída ao Instituto Português de Museus. Neste sentido, foi pedido um parecer à Dra. Helena Trindade, directora do Museu da Música de Lisboa, que desde logo procurou demonstrar todo o interesse que havia na aquisição da peça pelo Estado Português*". Em Londres, o cravo iria incorporar um leilão da Casa Christie's. A peça não estava em catálogo e teria já um potencial comprador. O Estado Português interveio, e adquiriu-a, utilizando o direito legal de preferência. *ver Parecer no campo 'observações' do Matriz. Texto retirado do trabalho de Mestrado de Raquel Estrompa.
 
     
     
   
     
     
     
 
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