Origem / Historial:
MNM 24
Trombeta Marinha
A Trombeta Marinha é um cordofone friccionado. Este instrumento trapezoidal, conhecido desde o séc. XV, e em voga até meados do séc. XVIII, possuía inicialmente uma corda, passando mais tarde a duas. Dos dois exemplares que o museu tem na sua exposição permanente, é de realçar o instrumento francês, da autoria de Tywersus, luthier, propriedade dos Duques de Lorena no início do séc. XVI. Neste exemplar, o mais antigo da colecção do museu, encontramos duas datas relevantes: a de 1530, que corresponde à da construção do instrumento, e a de 1627, que será a da pintura do tampo harmónico. Este instrumento, segundo Alfredo Keil, provém da Capela dos Duques de Lorena, e com efeito, podemos ver a meio do tampo harmónico, o Brasão de Armas da capital do Grão-Ducado de Lorena, a cidade de Nancy, com uma inscrição latina de cada lado, traduzível da seguinte forma: “Que a tua voz leve para os céus a minha reza e os meus desejos”. Na base vemos a Adoração dos Reis Magos. Esta pintura, de grande expressividade religiosa, terá sido executada para o Duque de Lorena em 1627, por ocasião da Reforma Protestante, da qual os Duques de Lorena se demarcaram por serem católicos.
Embora a origem do nome “trombeta marinha” não seja clara, muitos autores defendem tratar-se de uma má tradução da palavra “mariana”. Alguns desses autores são mencionados nas notas manuscritas do inventário de instrumentos de Alfredo Keil, o fundador da colecção que esteve na origem do Museu Nacional da Música, nomeadamente Mahillon, que acrescenta que a Trombeta Marinha era usada na Europa, nos séculos XVII e XVIII e, principalmente nos conventos de freiras, onde era empregado para executar a parte da trombeta, escrita para as pequenas orquestras. Keil resume assim a confusão: “(…)Não concordam certos auctores com a origem da designação de “marinha” que se junctou à palavra trombetta. Na Alemanha, onde este instrumento teve grande vóga, tinha o nome de Marieu Trompet (Trombetta de Maria). Talvez com a corrupção dos tempos, resultasse – Marinha (…)”.