Museu:
Museu Nacional Soares dos Reis
N.º de Inventário:
330 Grav CMP/ MNSR
Título:
Vista da Cidade do Porto desda a Torre da Marca athé as Fontainhas, tomada da parte de Villa Nova do sítio chamado Choupello
Autor:
Aguilar, Manuel Marques (Porto, 1767 - Lisboa 1816 ou 1817)
Local de Execução:
Porto (?)
Matéria:
Papel e tinta preta
Técnica:
Água forte e buril
Dimensões (cm):
altura: 65,4; largura: 106;
Descrição:
A perspectiva foi tirada da margem sul do rio Douro abrangendo uma pequena orla da praia de Vila Nova. Figura entre as principais representações da cidade no final do século XVIII. A cidade encontra-se abrangida pela muralha, que no século XIV tinha sido construída para defesa do burgo episcopal. Na margem estão assinaladas as suas portas e postigos. A poente, o perímetro da muralha subia desde o Forte da Porta Nova, junto ao rio até à Porta das Virtudes, enquanto a nascente, descia desde a Porta do Sol precipitando-se sobre o rio nos Guindais, local onde ainda hoje sobrevive um pequeno trecho.
Fora da muralha, a poente, avista-se o areal de Miragaia, local de construção posterior do edifício da Alfândega. Delimitando a perspectiva, à esquerda avista-se a Torre da Marca, uma torre maciça e ameada, guia utilizado pelos pilotos para entrada na barra do Douro, destruída durante o cerco do Porto (1832-1833). No outro extremo, a perspectiva abarca a cidade até às Fontainhas. Encontram-se em construção alguns importantes edifícios, como o Paço Episcopal e o Hospital Novo. Aguilar apresentou uma solução deste último edifício que não correspondeu à realidade.
A representação documenta especialmente as embarcações e as actividades ribeirinhas.
Em primeiro plano, à esquerda está em construção uma fragata portuguesa. Ao seu lado, uma outra fragata, com um bote, encontra-se fundeada. Segue-se outra embarcação com o casco tombado que é reparada. Três barcos valboeiros ou barcas de passagem com seus toldos estão atracados no cais de Vila Nova, numa zona delimitada por marcos. Ao centro da representação, na praia, um barco rabelo descarrega as pipas. No cais da Ribeira do Porto, junto à muralha, distinguem-se diversas embarcações.
As personagens envolvidas nas actividades ribeirinhas são minuciosamente descritas: o mestre construtor, empunhando a vara está junto da fragata em construção e dá ordens a dois calafates que retiram as escoras. Alguns ociosos observam o curso dos trabalhos: o marinheiro de barrete segura a cabaça do vinho, e logo atrás, provavelmente o proprietário do navio em construção e a sua mulher assistem às manobras. No barco em reparação, o mestre protegido por um guarda-sol dirige o trabalho dos oficiais que se encontram numa jangada. No barco rabelo o servente que rola a pipa no cais, e os marinheiros no barco são supervisionados por um feitor.
Fora da mancha, ao centro, dividindo a inscrição, está representado o brasão dos Seabras.
Figura ainda uma legenda indicadora das principais edificações da cidade.
Incorporação:
Depósito do Museu Municipal do Porto no Museu Nacional de Soares dos Reis.