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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional Soares dos Reis N.º de Inventário: 100/ 76 Pin MNSR Denominação: Ramada e muro com vasos (estudo) Dimensões (cm): altura: 36,5; largura: 16; Descrição: Representação de um pequeno trecho de um pátio, com murete de canteiro, coluna e ramada.
Nesta tomada de vista pouco comum, a composição é estruturada pela oblíqua do murete em baixo, que a atravessa quase na totalidade, as linhas verticais da coluna de secção quadrangular, ao centro, e uma outra oblíqua traçada pela ramada verde, em cima. A mancha verde salpicada de vermelho, que emerge desordenada do canteiro, preenche todo o centro da composição, chamando o olhar e criando o equilíbrio na composição. Os caules finos, verticais, acompanham a coluna e reforçam o seu papel estruturante, bem como o tronco encurvado que liga visualmente a mancha verde do canteiro em baixo com a da parreira em cima.
O jogo da luz e da sombra faz-se na alternancia das paredes brancas iluminadas até ao limite, e a sombra clara, azul, projectada sobre elas. O branco recebe aqui o mesmo tratamento que em outras obras de Pousão (por exemplo Escadas de Capri, Inv, 100/81 Pin MNSR), texturado com empastamento leve da tinta, a evidenciar a orientação da pincelada, por contraste com as zonas de sombra onde os cinzas e azuis são fluidos, deixando lisa a camada pictórica.
Esta obra faz parte de uma série de oito representações de aspectos de Capri, produzidas durante o ano de 1882, que têm em comum não só o formato, mas também genericamente um mesmo tema e, sobretudo, uma mesma abordagem à luz e à geometria das arquitecturas e ruelas do local, (Inv. 100/60 Pin MNSR; 100/61 Pin MNSR; 100/81 Pin MNSR; 104/21 Pin MNSR; 104/79 Pin MNSR; 104/80 Pin MNSR; 104/82 Pin MNSR). Incorporação: Outro - Fundo Antigo do Museu. Proveniente da Escola de Belas Artes do Porto (Antiga Academia de Belas Artes do Porto)
Origem / Historial: Pertence ao Fundo Antigo do Museu: o antigo Museu Portuense, criado em 1833, passa a ser tutelado por uma Comissão de professores da Academia de Belas Artes do Porto, a partir de 1839, e as duas instituições passaram a partilhar o mesmo espaço e tutela. Em 1932 é feita a partilha do acervo existente pelas duas instituições, o Museu Soares dos Reis (antigo Museu Portuense) e Escola de Belas Artes (antiga Academia): dessa divisão foi registada uma “Relação dos objectos existentes no Museu Soares dos Reis pertencentes ao Estado”, datada de 1 de Novembro de 1932 e firmada por João Marques da Silva e por Vasco Valente, respectivamente, director da Escola de Belas Artes e do Museu Soares dos Reis.
Após a morte de Henrique Pousão, em 25 Março de 1884, o seu pai, o juiz Francisco Augusto Nunes Pousão, a exercer funções em Odemira, reuniu toda a obra do artista que se encontrava dispersa entre familiares e amigos, mandou emoldurar todos os quadros que pode reunir, mais tarde foi transferido para Faro e levou consigo toda a obra que reunira. F. Fernandes Lopes escreve a esse propósito que Nunes Pousão “tinha tudo no seu escritório, cujas paredes estavam assim forradas com quadros do filho. Encontrava-se ali tudo o que fora a sua produção artística em Pintura, excepto naturalmente o que anteriormente enviara para a Academia do Porto ou teria sido vendido a raros particulares, que lhe haveriam feito encomendas, ou ainda de amigos ou pessoas de família a quem fizera ofertas…” V. em Bib. LOPES, Francisco Fernandes [1959], p. 98, 99.
Após a morte do Juiz Nunes Pousão, em 2 de Agosto de 1888, em cumprimento da sua vontade, as obras foram entregues, pela viúva, à Academia Portuense de Belas Artes em cujo arquivo se guarda a relação sucinta de obras e objectos então entregues “Relação dos quadros, desenhos e mais objectos que faziam parte do espólio de Henrique Pousão.” AFBAUP. Uma lista mais detalhada seria posteriormente redigida na própria Academia AFBAUP Documento avulso, sem cota, e Correspondência para o Governo, 1837-1911 [130, 21 Set. 1889, fla. 50 v].
Bibliografia | ALMEIDA, Bernardo Pinto de - Henrique Pousão. Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, pág. 94, 95 il. | Exposição de Pintores Alentejanos. Vila Viçosa: Fundação da Casa de Bragança, 1946, pág. nº 58 | FIGUEIREDO, Manuel de - O Pintor Henrique Pousão. Sep. Museu. Porto: Círculo Dr. José de Figueiredo, Vol. I (1942), pág. 30, 34 | Museu Nacional de Arte Contemporânea. Exposição Temporária da Obra de Henrique Pousão (1859 - 1884). Lisboa: [S.n.], 1946, pág. 12, nº 49 | Museu Nacional de Soares dos Reis. Pintura Portuguesa 1850 - 1950 [Catálogo da exposição]. [Lisboa]: MC/IPM/MNSR, 1996, pág. 172-173, cat. nº 175 | RODRIGUES, António - Henrique Pousão. Lisboa: Inapa, 1998, pág. 72, 78 | SALAZAR, Abel - Henrique Pousão. Porto: Livraria Tavares Martins, 1947, pág. 10 il. | TEIXEIRA, José Monterroso - Henrique Pousão no Primeiro Centenário da sua Morte (1884-1984) (Cat. exp.). Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1984, pág. 133 il., 139 | |
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