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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional Soares dos Reis N.º de Inventário: 104/ 21 Pin MNSR Denominação: Muro e escadas (estudo) Dimensões (cm): altura: 36,5; largura: 16; Descrição: Esta obra pertence a um conjunto de "ruas de Capri", uma série de oito pranchas de madeira com a mesma dimensão e características, realizadas pelo pintor na sua primeira estadia na ilha de Capri, em 1882. O pintor escolheu um trecho de escadaria íngreme como tema principal da composição.
A partir de um pátio que se adivinha à esquerda, por onde entra a luz, arranca uma escadaria que tem, junto aos primeiros degraus, uma árvore e um vaso com arbusto. A escada está enquadrada entre dois muros: um à direita que se eleva em toda a altura da composição e, à esquerda, um outro muro que, além de fazer a divisão entre o pátio e o jardim do patamar superior, acompanha a escadaria até ao topo. No jardim, a meia altura, existe uma vegetação densa que, associada à folhagem da árvore do primeiro plano, faz as sombras que marcam presença em toda a composição. A luz intensa que se projecta da esquerda inunda parte da parede caiada, num branco luminoso. Por entre as sombras que transformam o branco da parede em manchas azuis e liláses o pintor faz vibrar a luz que passa através da folhagem, em breves pinceladas brancas. A composição completa-se com um apontamento de azul intenso que representa o céu, bem no alto da escadaria.
Incorporação: Outro - Fundo Antigo do Museu proveniente da Escola de Belas Artes do Porto (antiga Academia Portuense de Belas Artes).
Origem / Historial: Pertence ao Fundo Antigo do Museu: o antigo Museu Portuense, criado em 1833, passa a ser tutelado por uma Comissão de professores da Academia de Belas Artes do Porto, a partir de 1839, e as duas instituições passaram a partilhar o mesmo espaço e tutela. Em 1932 é feita a partilha do acervo existente pelas duas instituições, o Museu Soares dos Reis (antigo Museu Portuense) e Escola de Belas Artes (antiga Academia): dessa divisão foi registada uma “Relação dos objectos existentes no Museu Soares dos Reis pertencentes ao Estado”, datada de 1 de Novembro de 1932 e firmada por João Marques da Silva e por Vasco Valente, respectivamente, director da Escola de Belas Artes e do Museu Soares dos Reis.
Após a morte de Henrique Pousão, em 25 Março de 1884, o seu pai, o juiz Francisco Augusto Nunes Pousão, a exercer funções em Odemira, reuniu toda a obra do artista que se encontrava dispersa entre familiares e amigos, mandou emoldurar todos os quadros que pode reunir, mais tarde foi transferido para Faro e levou consigo toda a obra que reunira. F. Fernandes Lopes escreve a esse propósito que Nunes Pousão “tinha tudo no seu escritório, cujas paredes estavam assim forradas com quadros do filho. Encontrava-se ali tudo o que fora a sua produção artística em Pintura, excepto naturalmente o que anteriormente enviara para a Academia do Porto ou teria sido vendido a raros particulares, que lhe haveriam feito encomendas, ou ainda de amigos ou pessoas de família a quem fizera ofertas…” V. em Bib. LOPES, Francisco Fernandes [1959], p. 98, 99.
Após a morte do Juiz Nunes Pousão, em 2 de Agosto de 1888, em cumprimento da sua vontade, as obras foram entregues, pela viúva, à Academia Portuense de Belas Artes em cujo arquivo se guarda a relação sucinta de obras e objectos então entregues “Relação dos quadros, desenhos e mais objectos que faziam parte do espólio de Henrique Pousão.” AFBAUP. Uma lista mais detalhada seria posteriormente redigida na própria Academia AFBAUP Documento avulso, sem cota, e Correspondência para o Governo, 1837-1911 [130, 21 Set. 1889, fla. 50 v].
Bibliografia | DAVID, Celestino - Henrique Pousão. Pintor Alentejano (apontamentos biográficos). Évora: [S.n.], 1943, pág. 29 | FRANÇA, José-Augusto - A Arte Portuguesa do Século XIX. Lisboa: IPPC, 1988 (cat. exp. Palácio Nacional da Ajuda, Mar.-Mai.'88; retomou exp. Soleil et Ombres, Paris, Museu do Petit Palais, 20 Out.'87-3 Jan.'88), pág. 245-246 | LOPES, Francisco Fernandes - Breve memória sobre a vida e a arte de Henrique Pousão. Lisboa: Seara Nova, 1946, pág. 50, 77 | LOPES, Francisco Fernandes - Cartas de Henrique Pousão e excertos de outras cartas e escritos que se lhe referem. Lisboa: Portugália, [1959] ?, pág. 68 | MARÇAL, Albertina - A "Casa das Persianas Azuis" na Obra de Henrique Pousão. II Série dos Cadernos Culturais da CMVV. Henrique Pousão 1859-1884, textos das alocuções proferidas durante as comemorações do 1º centenário da morte do pintor. Vila Viçosa: Câmara Municipal de Vila Viçosa, (1984), p. 69-76, pág. 74 | Museu Nacional de Arte Contemporânea. Exposição Temporária da Obra de Henrique Pousão (1859 - 1884). Lisboa: [S.n.], 1946, pág. 13 | Museu Nacional de Soares dos Reis. Pintura Portuguesa 1850 - 1950 [Catálogo da exposição]. [Lisboa]: MC/IPM/MNSR, 1996, pág. 172 (il.) | RODRIGUES, António - Henrique Pousão. Lisboa: Inapa, 1998, pág. 72, 76, 77 (il.) | SALAZAR, Abel - Henrique Pousão. Porto: Livraria Tavares Martins, 1947, pág. 24 | Soleil et Ombres. L'Art Portugais du XIXème Siécle. Paris: Muséé du Petit Palais, 1987-88, pág. 254 | TEIXEIRA, José Monterroso - Henrique Pousão no Primeiro Centenário da sua Morte (1884-1984) (Cat. exp.). Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1984, pág. 119 (il.), 127 | SILVEIRA, Carlos , SILVA, Raquel Henriques da (coord.) - Henrique Pousão. Pintores Portugueses. Matosinhos: QuidNovi, 2010., pág. 66, 67 (il.) | |
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