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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional Soares dos Reis N.º de Inventário: 106 Pin MNSR Dimensões (cm): altura: 82,3; largura: 57,2; Descrição: Num espaço interior, que se adivinha de arquitectura imponente, está representada uma figura feminina de modelo romana, em posição frontal, sentada, e voltada para uma cadeira azul cujo espaldar figura no primeiro plano da composição. Segura nas mãos um pequeno livro aberto, em posição de leitura, que a rapariga terá interrompido: o olhar é dirigido para o observador. O fundo do quadro é preenchido pela representação da base de uma coluna em mármores cinzento e preto e por um pequeno trecho de parede em tonalidade contrastante onde predominam os ocres e sobressai o vermelho. A figura traja a habitual indumentária dos modelos "ciociaro", sendo aqui bem visível a blusa branca e o lenço colorido sobre os ombros, o habitual colar de contas de coral e a tradicional cobertura de cabeça. Na composição assume um papel relevante o provável xaile, pousado na cadeira do primeiro plano, no canto inferior direito, pela conjugação de cores do padrão geométrico, que constitui um contraponto cromático com o já referido trecho de parede que ocupa o canto oposto do quadro. Incorporação: Outro - Fundo Antigo do Museu proveniente da Escola de Belas Artes do Porto (antiga Academia Portuense de Belas Artes).
Origem / Historial: Pertence ao Fundo Antigo do Museu: o antigo Museu Portuense, criado em 1833, passa a ser tutelado por uma Comissão de professores da Academia de Belas Artes do Porto, a partir de 1839, e as duas instituições passaram a partilhar o mesmo espaço e tutela. Em 1932 é feita a partilha do acervo existente pelas duas instituições, o Museu Soares dos Reis (antigo Museu Portuense) e Escola de Belas Artes (antiga Academia): dessa divisão foi registada uma “Relação dos objectos existentes no Museu Soares dos Reis pertencentes ao Estado”, datada de 1 de Novembro de 1932 e firmada por João Marques da Silva e por Vasco Valente, respectivamente, director da Escola de Belas Artes e do Museu Soares dos Reis.
Após a morte de Henrique Pousão, em 25 Março de 1884, o seu pai, o juiz Francisco Augusto Nunes Pousão, a exercer funções em Odemira, reuniu toda a obra do artista que se encontrava dispersa entre familiares e amigos, mandou emoldurar todos os quadros que pode reunir, mais tarde foi transferido para Faro e levou consigo toda a obra que reunira. F. Fernandes Lopes escreve a esse propósito que Nunes Pousão “tinha tudo no seu escritório, cujas paredes estavam assim forradas com quadros do filho. Encontrava-se ali tudo o que fora a sua produção artística em Pintura, excepto naturalmente o que anteriormente enviara para a Academia do Porto ou teria sido vendido a raros particulares, que lhe haveriam feito encomendas, ou ainda de amigos ou pessoas de família a quem fizera ofertas…” V. em Bib. LOPES, Francisco Fernandes [1959], p. 98, 99.
Após a morte do Juiz Nunes Pousão, em 2 de Agosto de 1888, em cumprimento da sua vontade, as obras foram entregues, pela viúva, à Academia Portuense de Belas Artes em cujo arquivo se guarda a relação sucinta de obras e objectos então entregues “Relação dos quadros, desenhos e mais objectos que faziam parte do espólio de Henrique Pousão.” AFBAUP. Uma lista mais detalhada seria posteriormente redigida na própria Academia AFBAUP Documento avulso, sem cota, e Correspondência para o Governo, 1837-1911 [130, 21 Set. 1889, fla. 50 v].
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