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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional Soares dos Reis N.º de Inventário: 100/ 81 Pin MNSR Denominação: Escadas de Capri Dimensões (cm): altura: 36,5; largura: 16; Descrição: Representação de um aspecto parcelar de uma construção arquitectónica que se supõe mais ampla. Os elementos principais que definem a estrutura da composição são duas escadarias paralelas representadas em sentido ascendente. A escada da esquerda enquadra-se entre dois muros que se elevam desde a base até à altura do degrau mais elevado. No topo, supõe-se a existência de um patamar que antecede a porta, parcialmente aberta, vista de frente: o negro da parte superior direita da porta, posicionado no eixo central da porta que lhe dá acesso, define o contraste da sombra do interior com a luminosidade intensa da projecção da luz sobre a parede branca. A escada da direita cujo primeiro degrau forma um ângulo recto com o correspondente da escada da esquerda, arranca em curva, ao nível dos primeiros degraus, e desenvolve-se paralela à anterior. A marcação dos volumes e dos planos das paredes brancas é reforçada pelos dois grupos de vasos que encimam, quer o muro que permeia as duas escadarias, quer o topo da parede branca posicionada ao cimo da escada da direita.
Esta obra faz parte de uma série de oito representações de aspectos de Capri, produzidas durante o ano de 1882, que têm em comum não só o formato, mas também genericamente um mesmo tema e, sobretudo, uma mesma abordagem à luz e à geometria das arquitecturas e ruelas do local, (Inv. 100/60 Pin MNSR; 100/61 Pin MNSR; 100/76 Pin MNSR; 104/21 Pin MNSR; 104/79 Pin MNSR; 104/80 Pin MNSR; 104/82 Pin MNSR). Incorporação: Outro - Fundo Antigo do Museu. Proveniente da Escola de Belas Artes do Porto (Antiga Academia de Belas Artes do Porto)
Origem / Historial: Pertence ao Fundo Antigo do Museu: o antigo Museu Portuense, criado em 1833, passa a ser tutelado por uma Comissão de professores da Academia de Belas Artes do Porto, a partir de 1839, e as duas instituições passaram a partilhar o mesmo espaço e tutela. Em 1932 é feita a partilha do acervo existente pelas duas instituições, o Museu Soares dos Reis (antigo Museu Portuense) e Escola de Belas Artes (antiga Academia): dessa divisão foi registada uma “Relação dos objectos existentes no Museu Soares dos Reis pertencentes ao Estado”, datada de 1 de Novembro de 1932 e firmada por João Marques da Silva e por Vasco Valente, respectivamente, director da Escola de Belas Artes e do Museu Soares dos Reis.
Após a morte de Henrique Pousão, em 25 Março de 1884, o seu pai, o juiz Francisco Augusto Nunes Pousão, a exercer funções em Odemira, reuniu toda a obra do artista que se encontrava dispersa entre familiares e amigos, mandou emoldurar todos os quadros que pode reunir, mais tarde foi transferido para Faro e levou consigo toda a obra que reunira. F. Fernandes Lopes escreve a esse propósito que Nunes Pousão “tinha tudo no seu escritório, cujas paredes estavam assim forradas com quadros do filho. Encontrava-se ali tudo o que fora a sua produção artística em Pintura, excepto naturalmente o que anteriormente enviara para a Academia do Porto ou teria sido vendido a raros particulares, que lhe haveriam feito encomendas, ou ainda de amigos ou pessoas de família a quem fizera ofertas…” V. em Bib. LOPES, Francisco Fernandes [1959], p. 98, 99.
Após a morte do Juiz Nunes Pousão, em 2 de Agosto de 1888, em cumprimento da sua vontade, as obras foram entregues, pela viúva, à Academia Portuense de Belas Artes em cujo arquivo se guarda a relação sucinta de obras e objectos então entregues “Relação dos quadros, desenhos e mais objectos que faziam parte do espólio de Henrique Pousão.” AFBAUP. Uma lista mais detalhada seria posteriormente redigida na própria Academia AFBAUP Documento avulso, sem cota, e Correspondência para o Governo, 1837-1911 [130, 21 Set. 1889, fla. 50 v].
Bibliografia | AAVV - Museu Nacional de Soares dos Reis: Roteiro da Colecção. Lisboa: IPM, 2001., pág. 72 | ALDEMIRA, Luis Varela - Henrique Pousão no seu verismo sem compromisso. Revista e Boletim da Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa: ANBA. 2ª série, nº 13-14 (1959), p. 7 - 24, pág. [31] il. | ALMEIDA, Bernardo Pinto de - Henrique Pousão. Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, pág. 78, 79 il., 80 | Exposição temporária da obra de Henrique Pousão (1859-1884). Lisboa: MNAC, 1946, pág. 12, nº 43 | LOPES, Francisco Fernandes - Breve memória sobre a vida e a arte de Henrique Pousão. Lisboa: Seara Nova, 1946, pág. 51 il. | MARÇAL, Albertina - A "Casa das Persianas Azuis" na Obra de Henrique Pousão. II Série dos Cadernos Culturais da CMVV. Henrique Pousão 1859-1884, textos das alocuções proferidas durante as comemorações do 1º centenário da morte do pintor. Vila Viçosa: Câmara Municipal de Vila Viçosa, (1984), p. 69-76, pág. 74 | Museu Nacional de Soares dos Reis. Pintura Portuguesa 1850 - 1950 [Catálogo da exposição]. [Lisboa]: MC/IPM/MNSR, 1996, pág. 170-171 | RODRIGUES, António - Henrique Pousão. Lisboa: Inapa, 1998, pág. 76-77 (il.);101 | SALAZAR, Abel - Henrique Pousão. Porto: Livraria Tavares Martins, 1947, pág. 24 | TEIXEIRA, José Monterroso - Henrique Pousão no Primeiro Centenário da sua Morte (1884-1984) (Cat. exp.). Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1984, pág. 115 (il.); 125 | GARRADAS, Cláudia - A Colecção de Arte da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Génese de uma Colecção Universitária. Porto: Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, 2008. Tese de Mestrado (exemplar policopiado), pág. 48, 49 | |
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