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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional Soares dos Reis
N.º de Inventário:
104 Our MNSR
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Ourivesaria
Denominação:
Relicário
Título:
Busto relicário de São Pantaleão
Autor:
Desconhecido
Datação:
1509 d.C.
Matéria:
Prata branca, dourada e pintada; esmaltes; quartzo fumado; madeira (interior da base); tinta
Técnica:
Repuxado, cinzelado, gravado, puncionado, fundido, tinta, cloisoné, lapidação em cabochão
Dimensões (cm):
altura: 20,15; profundidade: 10,5;
Descrição:
Relicário em forma de busto executado em prata dourada, com policromia a sugerir carnação, na face e pescoço. Arcaizante na sua feitura, reproduz uma cara masculina de configuração anatómica desproporcionada: testa curta, estreita e um rosto demasiado largo, no qual sobressaem olhos grandes e inexpressivos que acentuam rudeza de traços. Os cabelos à altura da base da nuca são trabalhados em madeixas soltas onduladas junto ao rosto seguindo depois, no conjunto, um tratamento liso. À maneira oriental, uma fita cinge-lhe a cabeça. Nesta, é visível a existência de uma inscrição em toda a sua extensão mas que, face ao desgaste sofrido pelo relicário, está hoje totalmente ilegível; a metade da fita do lado esquerdo do observador possibilita apenas decifrar algumas letras isoladas, enquanto na metade do lado direito ainda permite ler na zona terminal um resto da inscrição: ... EM XX DE AGOSTO DA ERA DE 1509 A(NOS). Sobre a fita na zona frontal do crâneo, salienta-se um cabochão oval montado numa armação em prata dourada e esmaltada, que segue formalmente os modelos em voga no século 16. O tronco revela um modelo de veste sem gola rematada por galão decorado com motivos vegetalistas, cujo acabamento na zona do peito não é visivel, devido à cartela epigrafada que foi aplicada em 1548. Nesta, além da referência à cabeça de São Pantaleão, segue-se a identificação dos santos cujas relíquias ali acrescentaram em data desconhecida: Santo Estêvão, Santa Eufémia e Santa Clara. Na sequência dos ombros, contornando toda a zona inferior do busto, uma faixa larga serve de enquadramento a uma inscrição coeva da sua manufactura em que a cartela e as sete cabeças de anjos que lhe foram aplicadas possivelmente na mesma altura, por apresentarem um tratamento igual ao dos três elementos que a decoram, não permitem uma leitura completa. Ação somente possível após a abertura do relicário e dos levantamentos realizados a partir do interior. Assim, na face interior, ao centro e na zona do peito, visualiza-se uma cruz que por sua vez assinala o início da inscrição:+ HOC : ENIM : CAPUT : sanCtl : PANTELEYONIS : ET Cetera : 1509. A base sem peanha apresenta sobre um fundo liso uma filactera dobrada em estola que exibe outra inscrição: ESTA: CABECA: LEIXOU: GONCALO DA: CUNHA: MEO: CONIGO.
Incorporação:
Transferência - Transferência da Direcção Geral da Fazenda Pública
Origem / Historial:
*Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006* No Livro de Despesas da Fábrica da Sé Catedral do Porto relativo ao ano de 1548, um assento datado de 16 de Abril, revela o conserto da "cabeça de sã pantaliã", pelo ourives Brás Afonso que nesta data lhe "pôs de prata mais do que tinha em cravação e Rotolo e soldar... e de a dourar..." Terá sido nesta altura que todos os acrescentos se fizeram. Este assento é da maior importância por constituir não só o registo documental mais antigo que faz referência expressa ao busto relicário, mas também porque o identifica como parte integrante do tesouro da Sé Catedral do Porto. A sua permanência na catedral portuense é atestada ao longo de séculos em sucessivos inventários até que, em data indeterminada, deixa o tesouro catedralício. Em 1862, já não é referido no inventário realizado pela Mitra do Porto, assim como não consta no arrolamento dos bens da Sé, efectuado em 1911 no contexto da Lei da Separação da Igreja do Estado, como consequência da implantação da República. Em 1936, quando o então Director interino do Museu Nacional de Arte Antiga, Dr. João Couto, ao proceder à avaliação do recheio da casa forte do Palácio das Necessidades, a pedido da Direcção-Geral da Fazenda Pública, depara com o busto relicário entre tantas peças ali guardadas, enceta negociações com a Direcção-Geral no sentido desta ceder para o museu algumas das peças que ali se encontravam, incluindo entre as seleccionadas o busto relicário. A 11 de Julho de 1938 é lavrado o Auto de Depósito desta alfaia religiosa no Museu Nacional de Arte Antiga. Entretanto, o Dr. Vasco Valente, à época Director do Museu Nacional de Soares dos Reis, ao saber da sua existência, insiste junto do Director-Geral da Fazenda Pública para que o relicário venha para o museu do Porto, argumentando o significado que este tinha para a cidade, visto ser S. Pantaleão o seu patrono. Anuido o pedido, por despacho ministerial de 10 de Janeiro de 1941, é autorizada a cedência, que se efectua a 16 do mesmo mês e ano, tal como consta no respectivo Auto de Entrega. Ao longo da sua existência como objecto musealizado, o relicário de S. Pantaleão tem sido alvo de vários estudos, o mais recente dos quais, em alargado campo de pesquisa multi e interdisciplinar, forneceu importantes dados documentais. É neste contexto que surgem dois documentos relevantes que poderão servir de explicação para a sua saída do tesouro da Sé e o seu aparecimento nos cofres do Palácio das Necessidade: um desenho do busto relicário assinado pela Rainha D. Amélia, datado de 1910, e uma carta com a data de 1 de Outubro do mesmo ano, enviada pela Rainha ao bispo do Porto a agradecer o empréstimo dos objectos da Sé que entretanto desenhara. Sem que haja nesta uma menção específica ao busto relicário, prova-o o desenho efectuado. Por outro lado, a data permite aventar a hipótese de que, por essa altura, o relicário estaria já na casa forte do Palácio das Necessidades e que depois do tumulto desse ano ali tenha permanecido durante vários anos. e que depois do tumulto desse ano ali tenha permanecido durante vários anos.
 
     
     
   
     
     
     
 
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