Origem / Historial:
Pintura realizada pelo pescador e pintor naïf da Nazaré, José Júlio Zarro (1936 - 2014).
Filho de pescador e peixeira, foi ele próprio pescador. Durante anos, andou na pesca do bacalhau, assim como nas embarcações de recreio, sendo o seu pai o conhecido “Zarro”, que passeava os banhistas no Verão.
Autodidata, Júlio Zarro chegou a pintar foquins e cabaças. Após o abandono da pesca, dedica-se por completo à pintura, vendendo os seus quadros “na frente do mar”.
As suas pinturas inscrevem-se na tradição da pintura naïf na Nazaré, onde são conhecidos autores como José da Beca, A. Vitorino Laranjo, A. Lazarino, Raimundo Ventura e Gama Dinis. Registam as vivências do quotidiano da Nazaré, nomeadamente as relacionadas com a pesca – praia, barcos e pescadores predominam na sua obra.
As caraterísticas da pintura naïf manifestam-se no colorido intenso e primário, na simplicidade do traço, no incumprimento das regras convencionais da pintura, como a perspetiva e normas de composição.
Da sua obra advém uma grande riqueza etnográfica sobre aspetos da faina piscatória, suas embarcações, gentes e espaços de encontro social, espelhando a nostalgia do autor e a permanência de uma imagem de cariz popular sobre a Nazaré.