Origem / Historial:
A particularidade destas pinturas de início do século XX reside no seu aspecto documental, escolhendo vivências ou contextos paisagísticos da Nazaré, entretanto alterados. Mas, ao seu valor temático, alia-se o facto da Nazaré ter constituído motivo de atração para uma vasta comunidade artística, que aqui pôde desenvolver os seus gostos e experimentar técnicas, umas de registo mais naturalista e ingénuo, outras mais críticas ou modernistas. A Família Roque Gameiro veio amiúde à Nazaré e vários membros da família pintaram os seus "recantos", a faina piscatória e cenas da praia.
Maria Emília Roque Gameiro, conhecida por Mamia, nasceu na Amadora, numa família ligada à arte. Filha do aguarelista Alfredo Roque Gameiro (Minde, 1864 - Lisboa, 1935), Mamia seguiu as pisadas do pai, tal como os restantes irmãos, embora cada um tenha definido um percurso individual.
Estudou com a pintora Mily Possoz (1888-1967) e trabalhou a aguarela, guache e óleo. A Nazaré foi um dos seus temas, comprovando a importância desta vila piscatória como cenário de inspiração para os artistas portugueses e estrangeiros.
Em 1919, expôs na Sociedade Nacional de Belas-Artes e, em 1923, realizou a sua primeira exposição individual. Distinguiu-se também como ilustradora de livros infantis e de publicações periódicas. É de realçar o seu trabalho como miniaturista, nomeadamente nas representações de histologia, no IPO, entre 1935 e 1940.
Casou com o pintor Jaime Martins Barata (1899-1970), em 1926, também autor de várias aguarelas versando a Nazaré.