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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arte Antiga N.º de Inventário: 828 Pint Suporte: Madeira de carvalho Dimensões (cm): altura: 59,5; largura: 48,5; Descrição: São Jerónimo, tradutor da Bíblia para Latim, tornou-se a partir do século XV o patrono dos humanistas cristãos. Na pintura portuguesa do mesmo período é um dos santos mais representados. O próprio Durer
já em 1514 havia desenhado o santo meditando sobre as Sagradas Escrituras. Para a execução desta pintura conhecem-se cinco estudos desenhados, referentes a pormenores e ao retrato, para o qual o pintor tomou como modelo um homem de 93 anos. A figura do santo ocupa a quase totalidade da superfície do quadro, tendo o pintor optado por reduzir o espaço circundante ao mínimo de forma a conferir maior ênfase ao simbolismo dos vários atributos para os quais São Jerónimo chama a atenção do espectador. Nem por isso a composiçºao deixa de ser um modelo de equilíbrio com uma diagonal simbólica que vai da pena ao crucifixo, a forte oposição entre o verde de fundo e o vermelho da roupagem que criam uma moldura onde sobressai todo o efeito da luz e da matéria pictural nas carnações envelhecidas, e o destaque dado em primeiro plano aos livros e à caveira que ajudam o pintor a imprimir à figuração do Doutor da Igreja ao tema um carácter de "Memento mori" ou de "Vanitas", uma solução estreitamente relacionada com o pensamento de Erasmo de Roterdão (de quem pintou inúmeros retratos). Os desenhos preparatórios, em papel escuro, e tintas castanhas e brancas, evidenciam desde logo a importância que Durer queria dar à luz, por vezes quase razante, na feitura deste quadro, o que é visível tanto na caveira, como sobretudo nos efeitos conseguidos nas barbas e na pele do santo, onde o pintor define a luz por uma acumulação de pequenos traços de branco puro, paralelos, cujo processo não se distingue muito do que utilizara nos desenhos. Incorporação: Compra - Adquirido pelo Estado. Alberto Henriques Gomes de Oliveira - ver historial
Origem / Historial: Segundo consta do Diário de Durer, o artista executou durante a sua viagem aos Países Baixos (1520-1521) cinco pinturas, uma das quais representando São Jerónimo.
O "São Jerónimo" do Museu Nacional de Arte Antiga foi oferecido por Durer a Rodrigo Fernandes de Almada, que estava ligado à feitoria portuguesa de Antuérpia. Como consta do diário do pintor: "Pintei cuidadosamente em óleos um Jerónimo que dei a Rodrigo de Portugal". A obra chegou a Portugal por intermédio do embaixador de D. João III na corte de França, descendente de Rodrigo Fernandes e antepassado do conde de Carvalhaes. D. José Joaquim de Almada Castro Noronha Lobo, um dos descendentes do conde de Carvalhaes, levou a pintura para Azeitão, lugar para onde se retirou após a vitória dos Constitucionais. Por sua morte legou-a ao administrador de sua casa, o sr. Alberto Henriques Gomes de Oliveira, o qual a vendeu ao governo português em 1880 para o museu da Academia de Belas Artes, de quem era director Delfim Deodato Guedes (conde de Almedina). Em 1882 o Estado adquirio-o a Rui Fernandes de Almada, último descendente do feitor português.
Os cinco desenhos preparatórios conhecidos da obra encontram-se actualmente em Viena de Áustria (Grafishe Sammlung Albertina) e em Berlim (Kupferstichakabinett).
* Forma de Protecção: classificação;
Nível de classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
Título | Local | Data Início | Encerramento | N.º Catálogo | Portugal e os Descobrimentos. | Sevilha, Pavilhão de Portugal - EXPO 92 | 1992-05-18 | 1992-09-18 | | Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento.XVII Exp.Europeia de Arte,Ciência e Cultura do Conselho da Euro | Lisboa, Núcleo do Museu Nacional de Arte Antiga,"Abre-se a Terra em Sons e Cores". | 1983-05 | 1983-10 | | Feitorias. L'art au Portugal au temps des Grandes Découvertes (fin XIVe siècle jusqu'à 1548) - Europália 91 | Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antwerpen | 1991-09-29 | 1991-12-29 | | Exposição Provisória de Pintura Estrangeira | Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga | 1975 | | | Albrecht Durer | Nuremberg, Germanische National Museum | 1971 | | | Space in European Art | Tokio, The National Museum of Western Art | 1987-03-28 | 1987-06-14 | | Museu Nacional de Arte Antiga, Lissabon | Bonn, Kunst-und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland | 1999-03-26 | 1999-07-11 | | Durer aux Pays Bas | Bruxelas | 1977 | | | Albrecht Durer | Nuremberg, Germanische Museum | 1928-04 | 1928-09 | | Albrecht Durer | Galeria Albertina - Viena | 2003-09-04 | 2003-12-08 | | Erasmus and the Art of his Age | Museum Boijmans van Beuningen | 2008-11-08 | 2009-02-08 | | Van Eyck tot Dürer | Groeningenmuseum | 2010-10-29 | 2011-01-31 | | |
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