Origin / History:
Calouste Sarkis Gulbenkian. Uma doação ao Museu Nacional de Arte Antiga. No 25º aniversário do Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, cat. 16, pp. 46-47: "Rodin buscou inspiração na mitologia grega para criar esta imagem de profundo desespero e eterna frustração, também pretexto para a representação do nu feminino. As cinquenta Danaides, filhas do Rei Dánao, que por ordem de seu pai assassinaram os maridos (filhos de Egipto) na noite de núpcias, espiaram o crime no Inferno, eternamente condenadas a encher de água um recipiente sem fundo. Rodin ilustrou a lenda, representando Danaide nua, exausta, de costas sobre um rochedo em atitude de abandono, com a água a escorrer-lhe do cântaro, totalmente entregue ao desespero. Como a água que se espalha sobre a rocha, também a cabeleira de Danaide obedece ao mesmo movimento ondulante. O tema foi criado em 1885 para as Portas do Inferno, projecto monumental que ocupou Rodin durante muitos anos, mas não chegou a ser utilizado na versão definitiva. A Danaide teve grande êxito junto do público, comprovado pela existência de dez exemplares em mármore, material que melhor consubstancia a volúpia do corpo feminino. A excepcional expressividade da anatomia de formas macias, que se afasta dos habituais cânones académicos, contrasta com a superfície rugosa da rocha. A versão adquirida por Calouste Gulbenkian, doada ao MNAA, tinha sido uma encomenda do marchand Allard. Foi executada em pedra de Tonerre, uma pedra calcária tal como o mármore, mas de menor dureza. Como de costume, Rodin socorreu-se de um ajudante, neste caso de nome Peter. O recibo por este assinado, no montante de seiscentos francos, tem a data de 8 de Outubro de 1893. Calouste Gulbenkian conservou nas suas colecções seis obras de Rodin, dois mármores (As Bençãos e Busto de Victor Hugo), e quatro bronzes (A Primavera, Jean d'Aire, Burguês de Calais, Irmão e Irmã e Cabeça de Legros)."