Iconografia | Milho ao Sol é uma composição muito característica da actividade criativa de José Malhoa, recorrendo à temática de costumes. O destaque é dado a uma mulher que retira maçarocas de milho de um cesto e as espalha para uma manta de retalho, a fim de secarem na eira; em segundo plano observa-se o cereal disposto ao sol e ainda outra figura feminina em plena lavoura, numa cena que remete para o fim de um ciclo de produção agrícola.
A paleta recorre a cores vibrantes, predominando os vermelhos e amarelos, que ressaltam o sentido luminoso distintivo da obra de Malhoa, caracterizando, desta forma, um soalheiro dia de Verão. Augusto de Castro diz que este artista nunca pintou senão Luz de Portugal, e refere-o como Pintor de Luz, criador de Sol ¹.
José Malhoa, nasceu em Caldas da Rainha, em 1855, e foi estudar para Lisboa aos doze anos de idade. Dedicou-se à pintura de paisagem, costumes, retrato, cenas históricas e à pintura decorativa. Foi também professor, revelando grandes faculdades expressas na influência que exerceu nos seus discípulos e seguidores.
As obras de Malhoa, tal como as de outros do seu tempo, registam um país pacato, tradicional, que corresponde a uma visão algo intemporal da própria Natureza e das vivências humanas, apartada de intenções críticas.
Pequenas telas com temas do quotidiano, como a que se apresenta, dão particular atenção à vida rural. São quase sempre representações muito momentâneas, executadas com grande liberdade, recorrendo a pinceladas vigorosas, que captam a essência do ambiente em que a cena decorre.
Figueiró dos Vinhos, onde Mestre Malhoa viveu meio século, foi o local escolhido para um notável trabalho que marca indelevelmente a arte portuguesa, tendo aí sido executada a presente obra, uma das mais significativas no contexto de outras dispersas em várias colecções.
José Malhoa foi amplamente reconhecido como mestre de pintura no seu tempo, sendo considerado um dos expoentes artísticos nacionais e um dos pioneiros do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo de Leão, constituído por artistas como Silva Porto, Marques de Oliveira, Columbano Bordalo Pinheiro, entre outros.
Em 1933, ano da sua morte, foi inaugurado, em Caldas da Rainha, um museu com o seu nome.
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