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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Grão Vasco
N.º de Inventário:
2156
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Pintura
Denominação:
Calvário
Título:
Calvário
Autor:
Fernandes, Vasco
Local de Execução:
Viseu
Datação:
1530 d.C. - 1535 d.C.
Matéria:
Óleo
Suporte:
Madeira de castanho
Técnica:
Pintura a óleo
Dimensões (cm):
altura: 242,3; largura: 239,3;
Descrição:
Antigo retábulo da Sé de Viseu, localizado originalmente no topo Sul do transepto, na capela do Santíssimo. No painel maior representa-se a cena dramática do Calvário: Cristo surge crucificado entre o Bom e o Mau Ladrão, acompanhado na dor pela Virgem Maria desfalecida, Madalena, São João e uma santa mulher. À multidão de guardas e carrascos, num espectáculo de expressivo dramatismo, acrescem ainda as cenas do transporte da escada, à esquerda, e o enforcamento de Judas, à direita. Na predela, Cristo Perante Pilatos, Descida da Cruz e Descida de Cristo ao Limbo dão ao retábulo a dimensão temporal, narrativa, do ciclo da Paixão. A cruz de Cristo inscreve-se sensivelmente no centro da composição, numa posição frontal e num plano mais próximo ao do espectador, enquanto as do Bom e do Mau Ladrão se afastam ligeiramente (uma mais do que a outra) e se dispõem em diagonal. A esta organização dinâmica da composição, acresce ainda a expressiva contorção da figura do Mau Ladrão, que vem contrariar qualquer ideia de simetria do campo figurativo, no terço superior, e acentuar a tensão dramática em toda a zona direita da composição. O mesmo sucede com a organização dos núcleos formais das personagens que assistem ao acto. Além do limite definido pela cruz, e através do escalonamento de baixo para cima, coadjuvado pela presença dos cavalos e pela representação da cena alusiva à repartição do manto de Cristo, que permitem diferentes colocações da forma no plano, representa-se uma muralha de rostos e de lanças, cujo limite faz recortar a luz intensa do céu, mal deixando entrever, à esquerda, a cidade distante de Jerusalém. Mas a regularidade desse núcleo formal rompe-se também quando faz avançar para o primeiro plano, para o limite do campo figurativo, S. João, Madalena, a santa mulher e a Virgem, que organiza numa rigorosa composição triangular. Na mesma linha, numa precisa e necessária correspondência formal, faz avançar uma figura no lado oposto e monumentaliza o seu volume. Este descentramento dinâmico da composição, ao mesmo tempo que contribui para acentuar a centralidade da figura de Cristo, foco de atenções e de tensões, permite-lhe explorar melhor as pontencialidades espacializadoras da luz, proveniente da esquerda. Através da relação luz-cor, isto é, da incidência da luz nos tons vibrantes do vermelho, do amarelo e do verde, que se distribuem com sucessão rítmica pelas figuras dos primeiros planos, espacializa a forma de modo contínuo, e modela os volumes com a plasticidade que lhe é habitual. A expressividade dos rostos resulta da opção por fisionomias rudes e por deformações caricaturais, isto é, bocas enormes, pálpebras entumescidas e narizes aduncos. Cristo e o Bom Ladrão, em correspondência com os seus corpos flagelados e ensanguentados, são modelados através de uma luz dramática que põe apenas em evidência a tensão dos corpos, deixando na obscuridade parte essencial dos elementos mais expressivos. Nos rostos femininos, como no da maioria dos guardas e carrascos, é também a deformação caricatural e a expressividade da forma que ganha ao longo da trajectória de Vasco Fernandes um sentido de acentuação, de progressão. Todavia, é necessário assinalar que esta característica deverá ser ponderada à luz do que é hoje a realidade material da pintura. Para além das perdas e dos repintes, são os desgastes dos materiais picturais que vêm colocar à superfície visível o abundante desenho subjacente e algumas formas que chegaram a ser executadas picturalmente e que depois foram alteradas. Entre outros aspectos importantes, poderá referir-se o imaginário prodigioso que percorre esta obra monumental. À direita da composição central, e na escala diminuta que sugere o longe, surge Judas enforcado, acompanhado por um pequeno diabo que se apropria da sua alma. Na predela, também à direita, na cena da Descida de Cristo ao Limbo, representa com requintado pormenor uma série de animais fantásticos, com formas híbridas. Do ponto de vista plástico, a cena central, a Descida da Cruz, é a mais interessante. À direita, e como se se tratasse de uma transposição em escala reduzida da cena do Calvário, figura a Virgem desfalecida entre as santas mulheres. Ao longe, uma cidade modelada com extraordinário realismo ostenta um dos pormenores arquitectónicos mais representados por Vasco Fernandes: a porta de entrada das suas fantásticas cidades.
Incorporação:
Transferência - Da Sé de Viseu.
Origem / Historial:
Acerca deste retábulo, Dalila Rodrigues (in " Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento", p. 168) realça o facto de este estar "Primitivamente localizado na capela do Santíssimo da Sé de Viseu (topo sul do transepto)... transferido no século XVII para a capela tumular de D. João Vicente. Até 1945, pensou-se que o Calvário havia sido encomendado para esta capela, que passou a ser designada por «capela de Jesus». Pensava-se, então, que à capela do Santíssimo corresponderia o retábulo «S. Sebastião», primitivamente localizado numa capela do claustro..." * Forma de Protecção: classificação; Nível de classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *

Bibliografia

C. N. C. D. P. - Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento, Lisboa, 1992, pág. 168-171

Revista "Oceanos", n.º 13, pág. p.78

RODRIGUES, Dalila - Roteiro do Museu Grão Vasco. Lisboa: IPM/ASA, 2004, pág. -

SANTOS, Luis Reis - Vasco Fernandes e os Pintores de Viseu do século XVI. Lisboa: 1946, pág. 25, 72-73

ALVES, Susana Rita Rosado - A Iconografia de Santa Maria Madalena até ao Concílio de Trento, tese de mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, 2012, 163 p.p., pág. XXIX

 
     
     
   
     
     
     
 
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