Denominação:
Políptico da Capela-mor da Sé de Viseu
Autores:
Fernandes, Vasco
Henriques, Francisco (act.1508-1518)
Datação:
1501 d.C. - 1506 d.C.
Suporte:
Madeira de carvalho
Dimensões (cm):
altura: 131; largura: 81; espessura: 2,5;
Descrição:
Pintura a óleo sobre madeira de carvalho representando a Última Ceia de Jesus Cristo com os apóstolos, painel do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506).
Com a última refeição que Jesus Cristo tomou com os apóstolos em Jerusalém iniciava o retábulo em questão o ciclo eucarístico. Pelo seu alto significado litúrgico e místico, a Última Ceia é um dos temas mais importantes da iconografia cristã e uma presença constante nos diversos suportes figurativos utilizados pela Igreja. Com a sua representação não está apenas em causa o momento trágico do anúncio da Paixão, a despedida de Cristo e a sequente traição de Judas, mas também a comemoração da Páscoa Judia e a instituição da comunhão eucarística.
As liberdades interpretativas dos artistas, com o consentimento tácito das autoridades eclesiásticas, estão na origem da introdução de algumas variantes iconográficas. No painel em questão, Cristo e os Apóstolos reúnem-se em redor de uma mesa circular na qual figura, além dos elementos eucarísticos habituais, o pão e o vinho, um prato com uma ave, ao invés do cordeiro da tradição judia que se representa também com alguma frequência.
Os problemas com a estrutura anatómica das figuras, parcialmente encobertos ou disfarçados com os panejamentos de formas angulosas, a pobreza do fundo que enquadra a cena - um simples pano preto ladeado por duas janelas, uma das quais sem portada - deixam perceber diferenças significativas entre os painéis da série da Vida da Virgem e da Infância de Jesus e os do ciclo da Paixão de Cristo.
Uma vez mais, é o acutilante realismo à maneira nórdica que se identifica no reflexo da luz que incide no cálice ou na projecção da sombra do copo de vinho sobre a toalha branca. Entre outros aspectos, as semelhanças entre este painel e o que representa o mesmo tema do retábulo da Igreja de São Francisco de Évora, atribuído ao pintor flamengo Francisco Henriques, fundamentam a hipótese da participação deste pintor, e da equipa que o acompanhou na vinda de Flandres para Portugal, no retábulo destinado à capela-mor da Sé de Viseu.
Incorporação:
Transferência - Transferência da Sala do Capítulo da Sé de Viseu, ao abrigo do Decreto 2: 284-C de 16 de Março de 1916, que cria o Museu de Grão Vasco.