Denominação:
Políptico da Capela-Mor da Sé de Viseu
Título:
Fuga para o Egipto
Autores:
Fernandes, Vasco
Henriques, Francisco (act.1508-1518)
Datação:
1501 d.C. - 1506 d.C.
Suporte:
Madeira de carvalho
Dimensões (cm):
altura: 133; largura: 82;
Descrição:
Pintura a óleo sobre madeira de carvalho representando a Fuga para o Egiptp, painel do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506).
Relatada sucintamente no Evangelho de Mateus, a cena em questão inclui sempre três personagens essenciais: o Menino Jesus, a Virgem Maria e São José. Mas a sua representação plástica, com frequência inspirada nas pitorescas invenções dos textos apócrifos, enriqueceu-se com figuras e temas acessórios. Neste caso, o pintor optou pela representação de um anjo, que guia os fugitivos, enquanto São José colhe frutos de uma árvore. Além destas variantes, regista-se ainda a presença, na paisagem do fundo, do tema do Milagre da Seara. De acordo com os Evangelhos apócrifos, a Virgem recomendara a um camponês, caso viesse a ser interrogado pelos soldados de Herodes, que este dissesse que vira partir a Sagrada Família no tempo da sementeira do trigo. Milagrosamente, a seara começa a crescer e o trigo fica maduro para a colheita. Pensando que os fugitivos se encontravam já muito longe daquele lugar, os soldados desistem da perseguição.
Ao centro de uma composição rigorosamente triangular, e envoltos numa luz uniforme, figuram a Virgem e o Menino adormecido. Contrasta com a serenidade desta representação a luminosidade intensa do anjo que, de rosto crispado, segurando a corda do burro e uma palma, parece simbolizar, em antevisão, a Paixão de Cristo. Esta luz de grande intensidade dramática, que individualiza as figuras e acentua o seu valor simbólico, denuncia uma sensibilidade muito particular no conjunto dos painéis que formavam o retábulo. O seu efeito sobre as pregas do longo vestido do anjo, bem diferente do pregueado das vestes da Virgem e de São José, indicia uma técnica notável, também patente no soberbo efeito lumínico que envolve a paisagem distante.
Tal como nos restantes painéis da série, um minucioso descritivo caracteriza a representação do tema: o bordão com bolsa e chapéu entre espécies vegetais de grande realismo; as ferraduras do jumento marcadas no solo; o cesto com pêras ou a técnica miniaturista na representação da folhagem das árvores, duas das quais, em segundo plano, se enlaçam simbolicamente.
Incorporação:
Transferência - Transferência da Sala do Capítulo da Sé de Viseu, ao abrigo do Decreto 2: 284-C de 16 de Março de 1916, que cria o Museu de Grão Vasco.