Denominação:
Políptico da Capela-Mor da Sé de Viseu
Título:
Adoração dos Reis Magos
Autores:
Fernandes, Vasco
Henriques, Francisco (act.1508-1518)
Datação:
1501 d.C. - 1506 d.C.
Suporte:
Madeira de Carvalho
Dimensões (cm):
altura: 131; largura: 81; espessura: 2,5;
Descrição:
Pintura a óleo sobre madeira de carvalho representando a adoração dos Reis Magos, painel do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506).
À representação tradicional do tema da Adoração dos Reis Magos, acresce neste painel a presença de um índio brasileiro na figura do rei mago negro, Baltazar. Trata-se, com efeito, da primeira representação do índio na arte ocidental, decorrido que era um ou dois anos do "achamento" do Brasil. Situado no centro da composição, Baltazar ostenta um traje onde se misturam influências europeias tradicionais - a camisa e os calções - com a novidade exótica de um toucado de penas, bem como inúmeros colares de contas coloridas, grossas manilhas de ouro nos pulsos e tornozelos, brincos de coral branco, remate de penas idênticas às do toucado, no decote e na franja do corpete, e uma flecha tupinambá com o seu longo cabo. Segura igualmente uma taça feita de nós de coco montada em prata, o que reforça ainda o seu carácter exótico. A sua inserção num contexto religioso tão importante como é o da Adoração dos Reis Magos pressupõe, fundamentalmente, a ideia da cristianização do continente recém-descoberto, de acordo com as sugestões da carta de Pêro Vaz de Caminha, onde se relata o primitivismo social dos seus habitantes e a sua disponibilidade ética para a mensagem cristã.
Saliente-se, ainda, o facto de o Menino segurar na mão esquerda uma moeda de ouro, numa sugestão ao secular desejo de riqueza associada aos Descobrimentos Portugueses.
Integrado na segunda fiada do retábulo, este painel denuncia um investimento no realismo minucioso dos pormenores bem ao modo flamengo. Veja-se a textura do brocado ricamente adornado do Rei Mago de joelhos, em primeiro plano, o brilho dos metais, o rigor descritivo da cabana, onde figuram, para além dos animais tradicionais, um vaso de barro e uma vela acesa, ou o tratamento da paisagem arquitectónica do fundo.
Incorporação:
Transferência - Transferência da Sala do Capítulo da Sé de Viseu, ao abrigo do Decreto 2: 284-C de 16 de Março de 1916, que cria o Museu de Grão Vasco.