Origin / History:
Esta pintura está directamente relacionada com uma gravura de Francesco Bartolozzi (Arquivo Histórico-Militar), segundo desenho de Henri l' Evêque, intitulada "L' Embarquement du Prince Regent de Portugal au Quai de Belem, avec toute la Famille Royale, le 27 Novembre 1807 a 11 heures du Matin".
Desta última conhecem-se tanto as provas originais como a composição final, posterior à alteração da chapa. As primeiras, não assinadas e legendadas em francês, fazem parte dos espólios da Biblioteca Nacional de Lisboa, Gabinete de Estudos Olisiponenses e Museu Nacional de Arte Antiga. Passada a litografia e já com a legenda traduzida para português, existem vários exemplares desta gravura, assinadas por Constantino de Fontes e pelos indecifráveis "D." e "NC".
Quanto à ligação entre a citada gravura e o quadro do M.N.C. as opiniões divergem, havendo autores que preconizam a anterioridade da obra pictórica (Augusto Cardoso Pinto), enquanto outros - caso de S. Herstal - defendem a tese oposta, segundo a qual a pintura a óleo seria uma réplica fiel da obra de Bartolozzi. Este último avança ainda a hipótese de a tela atribuída a Nicolas Delerive ser um estudo preparatório para um outro quadro a óleo, anónimo, pertencente ao Palácio Itamaraty, Brasil.
Para além do quadro em apreço, subordinadas ao mesmo tema existem outras telas igualmente atribuídas ao pintor francês, que integram as colecções do Museu de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo e Silva, Lisboa, e do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, sendo esta uma mera ampliação da primeira. Cite-se ainda uma quarta reprodução anónima, de acentuado cariz popular, pertencente à colecção da José Mariano de Camargo Aranha.
A profusão de obras alusivas à partida da Família Real para o Brasil deve ser entendida à luz dos acontecimentos da época, quando a "fuga" era ainda entendida como uma excelente estratégia nacional pois, caso a metrópole fosse loteada pelo invasor francês, poderia sobreviver do outro lado do Atlântico. Do Príncipe Regente - figura querida do povo, agora elevada à categoria de herói - e da restante Família, todos queriam guardar uma grata recordação em vésperas das invasões napoleónicas, marco efectivo da abertura de um novo século.
O quadro do M.N.C. foi depositado no Museu das Janelas Verdes em 1935, tendo sido devolvido ao local de proveniência em data incerta.