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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0003
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche de D. Maria Francisca de Sabóia
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
França.
Datação:
1660 d.C. - 1666 d.C.
Matéria:
Madeiras; couro; bronze; ferro; vidro; veludo; tafetá de seda
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho (rodados e estrutura)
Técnica:
Madeira entalhada, policromada e dourada; pintura a óleo; veludo cinzelado e cortado; bronze fundido em molde, vazado e dourado; ferro pudelado, laminado e dourado
Dimensões (cm):
altura: 270; largura: 188; espessura: 6,3 / 6,5 (rodas dianteiras e traseiras); diâmetro: 78 / 174 (rodas dianteiras e traseiras); comprimento: 596;
Descrição:
Coche de caixa fechada montada sobre quatro rodas, suspensa de fortes correias dispostas obliquamente e munida de cremalheira moderadora de velocidade junto ao varal longitudinal que liga os eixos dos rodados. A caixa, estreita e elegante, data do século XVIII, sendo fechada por duas portinholas e sete vidraças niveladas, uma no alçado dianteiro e as restantes nos alçados laterais. O sistema de suspensão é constituído por quatro pares de fortes correões - dois à frente e dois atrás -, forrados de veludo de seda carmesim sobre estopa e agaloados a ouro. Estes estabelecem a ligação entre as molas de suspensão e os montantes, possuindo fivelões em bronze dourado, ornamentados na face externa com motivos fitomórficos e mascarões excisos. Actualmente não posssui tesouras de segurança. Colocadas nos ângulos inferiores da caixa encontram-se ainda quatro molas de suspensão em ferro pudelado (vulgo aço) - ditas "à la Daleine" -, uma das alterações setecentistas introduzidas neste veículo. Cada uma das molas é constituída por dois grupos de catorze lâminas, o superior arqueado em direcção à caixa e o inferior no sentido oposto. Os respectivos resguardos, em bronze dourado, impõem-se pelas suas dimensões e apresentam decoração de palmetas e mascarões. As rodas traseiras são formadas por seis pinas interligadas por "gatos" de ferro e cingidas no extradorso por um aro de ferro inteiriço munido de minúsculas cavilhas dissimuladas na própria espessura da peça, que atravessam verticalmente as pinas e se fixam ao seu intradorso por meio de parafuso e porca quadrangular. São pintadas de vermelho, assim como todo o "chassis" e a estrutura de suporte da caixa. Cada uma das rodas possui doze raios de secção ovalada, decorados longitudinalmente na face externa com duas meias-canas paralelas, rematadas sobre as pinas por concheados e elementos vegetalistas a ouro. Junto ao cubo, distinguem-se pequenso pentágonos incisos e dourados. O reverso das rodas apresenta-se livre de decoração. O cabeçal traseiro é composto por dois montantes de secção ovalada, alargando progressivamente para a extremidade superior, onde são rematados por volutas e acantos Luís XIV. No ponto de intersecção com a moldura superior, os montantes adquirem secção quandrangular e recorte semicircular. Aquela é decorada, ao centro, com um busto feminino seminu e emplumado, em alto-relevo,acompanhado de bestiário fantástico. Na parte inferior distinguem-se grinaldas e duas rosetas de corola vazada, dispostas segundo a mais rigorosa simetria axial. O eixo das rodas, levemente alteado em relação aos cubos, apresenta um mascarão central relevado, entre delicados motivos fitomórficos. Deste, arrancam duas vigas horizontais, de base quadrangular gomada, decoradas no terço posterior com motivos vegetalistas formando capitel volumétrico, seguido de largas caneluras contendo medalhões, que apenas ocupam metade do diâmetro das referidas vigas é reforçada por um aro de ferro, que serve de base a uma peça contracurvada e facetada, aparafusada ao topo dos montantes e que tem por função conferir maior estabilidade ao jogo. Embutido no eixo do rodado traseiro encontra-se o supedâneo ("tábua") para o moço da tábua, de recorte aproximadamente rectangular, plano e rematado por medalhão elíptico raiado; lateralmente, é contornado por um friso de óvulos e aletas de ouro, sobre fundo vermelho. O jogo dianteiro é dominado pelo banco do cocheiro e respectivo escabelo e pela dominada "quinta roda", que atravessa o eixo do rodado. Esta é formada por duas peças circulares sobrepostas, a primeira decorada com friso de óvulos e a superior, abaulada, com motivos concheados. O escabelo, oblíquo em relação aos montantes, é sutentado por dois suportes triangulares que assentam sobre a "quinta roda" e ornamentado com friso de gomos, óvulos, acantos e um mascarão coroado de palmas; na face interna, junto à extremidade superior, foi cravada uma trave rematada por volutas que servia de apoio aos pés do cocheiro. As rodas dianteiras, idênticas às traseiras mas de menor diâmetro, são formadas por quatro pinas, decoradas na face externa com aletas e folhagem dourada, e por oito raios nivelados. A massa, delimitada por batentes metálicos dourados, tem entalhado um friso de acantos e folhas de água. A almofada do banco do cocheiro, em couro castanho, assenta sobre uma grelha de ferro, constituída por largas tiras metálicas entrecruzadas, e é coberta por uma saia de veludo carmesim liso, forrada a estopa de cânhamo e linho carmesim. As abas, autónomas, são agaloadas e franjadas a ouro e apresentam diversos rasgões verticais. Sobre o timão repousam os balancins abalaustrados, os dois menores suspensos de argolas de couro revestidas de veludo carmesim. Na pintura do painel superior traseiro distingue-se a "Realeza" [Francesa] sob dossel, representada por uma figura feminina coroada e entronada, com capa azul carregada de flores-de-lis de ouro, manto forrado de arminhos, ceptro e, sobre o regaço, uma profusão de frutos simbolizando a Prosperidade do Reino. Repousa os pés sobre uma almofata também decorada com as peças da Armaria francesa e é ladeada pela "fama" com as suas trombetas e por outras figuras conotadas com a Guerra, as Artes e as Ciências; estas fazem-se representar por atributos específicos, tais como o edifício (Arquitectura), o busto escultórico (Escultura), o livro aberto contendo a legenda "Histoire Universelle" (História), a paleta com pincéis (Pintura), o compasso (Geometria) e o globo terrestre (Geografia). Aos pés da figura central dois "putti" seguram, respectivamente, um caduceu (ordem e paz) e um escudo oval com as armas de França. No painel inferior, escudo oval com as armas reais portuguesas, assente sobre pedestal que contém uma cena figurativa monocromática: "putti" bebendo vinho e brincando com cachos de uvas. O apainelado dianteiro é semelhante ao posterior, com excepção da pequena composição figurativa, composta por três bambinos, dois dos quais adormecidos e o terceiro representado de costas. As portinholas estão divididas em três registos, o centrl contendo as armas reais portuguesas sobre cartela, da qual pende a grã-cruz da Ordem de Cristo.O escudo tem por suportes dois grifos, é encimado por coroa real fechada e assenta sobre um soclo trapezoidal lavrado, em cujo centro se inscreve uma cena figurativa em tons de de castanho claro, verde e amarelo. Na portinhola do alçado direito, representa-se uma cena cinegética em que dois bambinos estendem as peças de caça sobre uma mesa circular, e na da esquerda, duas figuras vertendo água para um vaso em chamas, à semelhança dos painéis das ilhargas, também as portinholas apresentam cercadura de purpurinas, em tons de vermelho. Os apainelados laterais esquerdos são preenchidos com duas figuras alegóricas: o "Bom Augúrio" (também dito "Anúncio Bom") e uma outra, possivelmente a "Verdade". A primeira, no painel anterior, enverga túnica verde e tem por atributos uma tocha acesa e uma estrela raiada sobre a cabeça; a segunda, seminua, ostenta uma flecha em cada mão, estando sentada sobre um trono de nuvens envolto por auréola luminosa. À direita da caixa distinguem-se, pela mesma ordem, as supostas figuras do "Amor Profano" e "Amor Divino". A primeira, de longos cabelos soltos ao vento, traja de verde; a segunda, assume a forma de um jovem parcialmente envolto em panejamentos vermelhos, sentado entre nuvens e com um facho aceso na mão direita. O tejadilho, convexo e montado a partir de uma estrutura de asnas semicirculares cruzadas, é revestido de veludo carmesim agaloado a ouro. O galão descreve motivos geométricos e fitomórficos estilizados, ao centro e nos ângulos, que assumem a forma de volutas, contornadas por finas lâminas de bronze cinzelado. Duas ordens de pregaria dourada delimitam o perímetro do tejadilho: semiesferas maiores no friso interno e menores no extreno. Possui ainda oito terminais periformes em bronze dourado, com remates de recorte triangular e pequenas palmetas recortadas e adossadas ao corpo; estão distribuídos de ambos os lados da caixa, no eixo das ilhargas e dos pés-direitos das portinholas. O interior da caixa é revestido de veludo carmesim cinzelado sobre fundo de cetim amarelo, descrevendo motivos florais de grandes dimensões; trata-se de um tecido de finais do século XVII ou início do século XVIII. No tecto, portinholas e ilhargas foi aplicado veludo cinzelado monocromo, com padronagem miúda. A decoração do tecto completa-se com a aplicação de larga franja e galão dourados, este definindo o perímetro do tecto e descrevendo um medalhão central. As cortinas são de tafetá de seda carmesim franjada a ouro. O parsevão é forrado de veludo carmesim cortado e pregaria dourada. No exterior as lanças (lança nº4), acessório da viatura, varal de madeira que faz a ligação/ encaixe (neste caso prependicular) entre a estrutura do veículo e atrelagem dos animais.
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Este coche foi supostamente oferecido por Luís XIV de França a sua prima, D.Maria Francisca Isabel de Sabóia (Mademoiselle d' Aumale) por ocasião do seu consórcio com D. Afonso VI de Portugal, em 1666. Tradicionalmente puxado por três parelhas, este coche era também designado por Coche de D. Afonso VI. De acordo com o verbete manuscrito e anónimo existente no Arquivo do M.N.C., o coche dataria de 1666-1683 e integrava a categoria de "coches velhos" porque "incapaz". De facto, sabe-se que em 1875 o veículo se encontrava depositado nas Reais Cocheiras da Calçada da Ajuda, aí estabelecidas dois anos antes, e que me 1904 foi transferido para o Depósito I da Repartição das Reais Cavalariças, instalado no antigo Picadeiro Real de Belém. No século XIX, o coche serviu em diversas cerimónias da corte: - Baptizado da Infanta D. Antónia, 8 de Abril de 1845 - Funeral do Infante D. Leopoldo, Maio de 1849 - Funeral da Infanta D. Maria, Fevereiro de 1851 - Funeral de S. A. Imperial, D. Maria Amélia, Abril de 1853 - Festejos do casamento de D. Pedro V e D. Estefânia, 18-20 de Maio de 1858 - Casamento de D. Luís I, Outubro de 1862 - Funeral da Infanta D. Isabel Maria, Abril de 1876 - Embaixada da Birmânia a Portugal, Janeiro de 1877 - 1ª Embaixada Marroquina, Maio de 1878 - Centenário de Luís de Camões, 8 de Junho de 1885 - 1ª Embaixada Espanhola, Junho de 1885 - Funeral de D. Fernando II, Dezembro de 1885 - Casamento de D. Carlos e D. Amélia de Orléans, 22 de Maio de 1886 - 2ª Embaixada Espanhola, Maio de 1886 - Funeral da Infanta D. Maria, Dezembro de 1887 - Funeral do Infante D. Augusto, Outubro de 1889 - Funeral do rei D. Luís I, Outubro de 1889 - Funeral da Imperatriz do Brasil, D. Maria Cristina, Janeiro de 1890 - 2ª Embaixada Marroquina, Dezembro de 1891 - Funeral de D. Pedro II, Imperador do Brasil, 13 de Dezembro de 1891 - Funeral do Conselheiro Lopo Vaz, 22 de Março de 1892 - Entrega da Rosa de Ouro a D. Amélia, 4 de Julho de 1892 - Embaixada Inglesa, 1901 - Visita Oficial de Eduardo VII de Inglaterra, Abril de 1903 - Visita Oficial do Presidente da República Francesa, Emile Loubet, 27 de Outubro de 1905 - Estado de gala para recepção do Núncio do Papa Pio X, Júlio Tonti, na estação da Avenida, em Lisboa, 12 de Dezembro de 1906 - Estado de gala para condução de Monsenhor Júlio Tonti do Palácio da Nunciatura ao Real Paço das Necessidades, 31 de Dezembro de 1906.
 
     
     
   
     
     
     
 
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