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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional dos Coches Categoria: Meios de transporte Denominação: Carruagem de gala Título: Carruagem da Coroa Autores: Desconhecido Correia, Januário Local de Execução: Londres, Inglaterra. Matéria: Madeira (carvalho e/ou azinho); vidro; prata; couro; tafetá de seda; veludo de seda Técnica: Madeira entalhada, policromada e dourada; pintura a óleo; prata dourada, repuxada, recortada e cinzelada; tafetá de seda lavrado; Dimensões (cm): altura: 270; largura: 198; espessura: 6 / 6,3 (rodas dianteiras e traseiras); diâmetro: 95 / 144,5 (rodas dianteiras e traseiras); comprimento: 456; Descrição: Carruagem da Coroa.
Carruagem de caixa fechada, montada sobre quatro rodas e suspensa de curtas correias de couro que se ligam a molas de aço em forma de "C", ditas "à la Polignac". A caixa é abaulada na parte inferior e possui oito vidraças. As portinholas e os apainelados laterais são decorados com atributos militares, as armas reais portuguesas e o monograma coroado de D. Carlos I. As maçanetas das portas repetem as armas reais e, nos ângulos superiores da caixa, foram montadas lanternas cilíndricas em prata dourada e cinzelada.
O tejadilho, ligeiramente abaulado, é sobrepujado por coroa real de vulto perfeito e delimitado em todo o seu perímetro por platibanda entalhada e douradaque imprime um novo ritmo ondulante à viatura, quebrando com a rigidez das linhas rectas, predominantes tanto na estrutura como na decoração da carruagem.
Nos jogos dianteiro e traseiro distinguem-se diversos elementos tanto em escultura metálica como em madeira entalhada, típicos do estilo Império, entre os quais os tradicionais atributos da monarquia - a águia e a serpente -, que dissimulam sob a forma de ornato a função estrutural das peças.
O acesso ao interior da viatura faz-se por meio de estribos desdobráveis que se recolhem ao fechar a porta. O banco do cocheiro, nivelado à altura do tejadilho, possui almofada de couro rectangular e plana, coberta por saia de veludo vermelho cortado, ornamentado com entremeios de veludo, passamanaria dourada e franja de duas larguras com cadilhos e borlas. Acede-se a este banco por meio de estribos exteriores que formam degraus.
Sem travões, a viatura mantém a cremalheira moderadora de velocidade vinda do século precedente. Era atrelada a três parelhas.
A caixa é revestida internamente de tafetá lavrado de seda crua, com delicada decoração floral, e guarnecida de largo galão de seda de tom idêntico. No tecto, um bordado a fio de ouro laminado desenha o monograma de D. Carlos I.
Nas molas de suspensão está pintado o nome do fabricante ? Shnell & C. London
No exterior, lança nº 29, acessório de viatura, varal de madeira, fixado na estrutura da viatura (tesouras) que fai a ligação/ encaixe (neste caso encaixe paralelos verticais) entre a viatura e a atrelagem dos animais, apenas na parelha do tronco (mais próxima da viatura). Incorporação: Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Transferência das Reais Cavalariças das Necessidades.
Origem / Historial: * Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 *
Esta viatura foi encomendada por D. João VI a Londres, onde foi construída em 1824, tendo chegada a Lisboa no ano seguinte. No Arquivo Histórico Ultramarino ("Reino", maço 16) encontra-se um ofício de D. Miguel António de Melo, datado de 21 de Março de 1825, acerca de uma carruagem do serviço real onde se pode ler: "(...) achando-se a bordo do navio Tethis, vindo de Londres, huma caruagem para o serviço de Sua Magestade, em que se recomenda todo o cuidado no modo da descarga para não se torcer, o que só poderá ter lugar fazendo-se o desembarque no Arsenal Real da Marinha onde ha aparelhos proprios (...)".
Já no reinado de D. Luís I, a Carruagem da Coroa foi restaurada e acrescentada das armas reais, pintadas por Januário Correia. Na mesma época, foi substituído o forro original da caixa, de seda carmesim, com o qual foi feito um reposteiro bordado com o monograma coroado daquele monarca. Posteriores são os monogramas de D. Carlos de Portugal,em cujas cerimónias de baptizado e aclamação foi utilizada esta carruagem de gala.
No início do século XX (ca. 1904), a carruagem foi de novo reparada por conta das verbas abonadas pelo Ministério da Fazenda, a fim de figurar no futuro Museu dos Coches Reais.
Assim, a Carruagem a Coroa serviu nas seguintes cerimónias da corte:
- Baptizado do Príncipe D. Carlos, 19 de Outubro de 1863.
- Visita oficial de Afonso XIII de Espanha a Portugal, 12 de Dezembro de 1903 (visita à Câmara Municipal de Lisboa, com a Família Real Portuguesa)
- Visita oficial do Imperador Guilherme II da Alemanha, 27 de Março de 1905
- Visita oficial da Rainha Alexandra da Inglaterra, acompanhada das Princesas Maud e Vitória e do Príncipe Carlos da Dinamarca, 22 de Março de 1905
- Estado do gala destinado a conduzir os membros da Família Real à Sé de Lisboa, por ocasião da Procissão do "Corpus Christi", 14 de Junho de 1906
- Cortejo organizado pela Repartição das Equipagens Reais por ocasião da sessão solene das Cortes Gerais para juramento de S. A. R. o Príncipe D. Afonso, 18 de Março de 1910
- Visita oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra, Fevereiro de 1957.
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