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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
N.º de Inventário:
2003.48.1
Supercategoria:
Arqueologia
Categoria:
Epigrafia
Denominação:
Placa funerária do Bispo Julianus
Centro de Fabrico:
Córdova
Datação:
991 d.C. - Idade Média
Matéria:
Mármore
Técnica:
Escultura e gravura
Dimensões (cm):
altura: 37,5; largura: 30; espessura: 4,5;
Descrição:
Placa funerária, de mármore branco, forma rectangular com o epitáfio inscrito numa moldura formada por um encordoado simples. A epígrafe revela qualidade e erudição, tanto do ponto de vista epigráfico como textual. A "ordinatio" é bastante cuidada, sendo as letras e os sinais de abreviaturas tipícos do século X. O epitáfio do bispo algarvio encontra o seu modelo mais próximo precisamente numa epígrafe de Córdova que pertence ao Museu Arqueológico de Sevilha. Esta epígrafe foi revelada por Estácio da Veiga a E. Hubner, que a publicou em 1871. Voltou a ser transcrita por diversas vezes, mas andou perdida. Foi recentemente reencontrada, na mão de um particular, tendo-lhe sido dado merecido relevo por se tratar da mais preciosa relíquia da cristandade moçárabe jamais encontrada em Portugal. Trata-se de uma peça erudita que, pela sua tipologia e contexto, revela como o bispo cristão convivia num ambiente culturalmente superior. É de realçar a circunstância do enterramento pio de um líder cristão, em plena época de Almançor, ser publicitado através de um epitáfio que exorta os fiéis a orar pelo defunto. Finalmente, a alusão à ultrapassagem do ano mil - da Era de César - também não deixa de ter, aqui, um significado escatológico e cultural. A epígrafe está datada de 12 das kalendas de Abril, do ano 29º posterior ao início da Era Milésima (21de Março de 991, na Era Cristã). Deposi de aludir aos restos mortais do bispo Julião, apresenta a data do seu falecimento e adverte o leitor para que não deixe de rezar pelo defunto, pois alcançará também a protecção de Cristo Senhor. E a expressão "hic requiescunt membra", apesar de invulgar, encontra-se nos meios eruditos de Sevilha e Córdova. É particularmente relevante, aliás, o paralelismo com o epitáfio de Salvado (982 d.C.), aparecido em Córdova e que, hoje, se encontra depositado no Museu Arqueológico de Sevilha. A epígrafe apareceu na Quinta do Muro, em Cacela Velha, segundo particulariza Estácio da Veiga em 1887, nas suas "Antiguidades Monumentias do Algarve" (vol. 2, p.397). A proveniência de Cacela já fora referida por J.C. Ayres de Campos dez anos antes, não obstante E. Hubner ter mencionado a epígrafe como originária de Fonte Salgada (Tavira). Este erro veio lançar confusão, durante largos anos, sobre o verdadeiro local de achado, o que foi de novo esclarecido por Cristina Garcia. A confirmação da proveniência de Cacela tem significado especial, no contexto da época. Embora Faro continuasse a ser sede de bispado, talvez por ser uma cidade ainda bastante povoada de cristãos foi entrando em decadência a favor de Silves. Chegou mesmo a ser referida como "caria", ao invés do que se passava em Cacela, que então se tornaria na segunda cidade mais importante do Algarve. Além disso vivia um momento brilhante no domínio da poesia e do direito, com íntima ligação à corte Califal. Esta aproximação do bispo "Iulianus" a Cacela, onde dispunha de uma mansão - talvez de uso temporário - é compreensível no plano cultural, o que é confirmado, pela ligação estilística desta lápide à arte epigráfica praticada em Córdova. (Segundo Manuel Luis Real, 2000 e 2015)
Incorporação:
Transferência - Fazia parte do IPPAR de Évora
Proveniência:
Cacela
Origem / Historial:
*Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006* Na Declaração de Rectificação n.º 62/2006, de 11 de setembro de 2006, está publicada do seguinte modo: «Epitáfio do Bispo Juliano Fonte Salgada. Vila Real de Santo António Séc. X d.C. (987- 991) MNA: 2003.48.1» Esta epígrafe foi revelada por Estácio da Veiga a E. Hubner, que a publicou em 1871. Voltou a ser tanscrita por diversas vezes, mas andou perdida. Em 1998 figurou na exposição "Portugal Islâmico - últimos sinais do Mediterrâneo" e em 1999 deu entrada no Museu Nacional de Arqueologia.
 
     
     
   
     
     
     
 
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