Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
Supercategoria:
Arqueologia
Denominação:
Fragmento Arquitectónico de Amen-Nakht
Centro de Fabrico:
Região Tebana,Deir el-Medina
Técnica:
Talhe e escultura
Dimensões (cm):
altura: 71; largura: 20; espessura: 0,9;
Descrição:
Fragmento rectangular com inscrição hieroglífica na vertical, delimitada por traços, e duas figuras em baixo, viradas à esquerda, uma das quais sentada, tendo ambas pequenas legendas identificadoras.
O fragmento arquitectónico de Amen-Nakht, que é uma das primeiras peças reunidas para a colecção ( foi trazida do Cairo em 1909 por Leite de Vasconcelos), parece ser de uma ombreira de porta. O texto tem os hieróglifos dispostos apontando para a esquerda, sendo por isso plausível aceitar a ideia de que ele faria par com um outro inscrito na ombreira contrária, situado à esquerda. Eventualmente seriam as ombreiras da porta da capela funerária de Amen-Nakht, cujo nome se traduz por "Amon é forte" e é dos nomes que na época (Império Novo) reflectia uma preponderância do deus Amon, não apenas na região tebana mas em todo o Egipto.
O proprietário do túmulo e respectiva capela divulga na sua inscrição o nome do seu pai, Nebenmaet, prova de amor filial, mas também revelador da necessidade prática de uma melhor identificação da pessoa, devido a frequentes fenómenos de homonímia, sobretudo se pensarmos que a teoforização amoniana se prestava à frequente repetição dos nomes. Qualquer das personagens mencionadas se declara "maé-kheru", que se traduz por justificado e alude ao facto do defunto ter passado exitosamente pelo tribunal de Osíris que o levaria à eternidade.
O título de Amen-Nakht é um dos mais vulgares na região de Deir el-Medina, onde viviam os trabalhadores dos túmulos do Vale dos Reis: trata-se de "sedjem-ach em Set-Maet", isto é, "servidor no Lugar de Verdade", o nome que se dava à necrópole tebana. Quanto à tradução à letra da expressão "sedjem-ach", ela vem a dar "o que escuta o apelo", que é como quem diz, a ordem do soberano, do vizir ou do chefe dos trabalhos, para a execução das tarefas ligadas ao túmulo real.
(Luís Manuel de Araújo, Março 1990)
Proveniência:
Deir el-Medina