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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia Supercategoria: Arqueologia Grupo Cultural: Cultura Castreja do Noroeste Peninsular Datação: 2ª Idade do Ferro Técnica: Martelado, recortado e soldado Dimensões (cm): altura: 5,6; espessura: 1,8; comprimento: 22; Descrição: Torques de ouro de aro tripartido e terminais em dupla escócia com decoração. Aro tripartido dividido em três segmentos, um médio e dois terminais, intercalados por duas pequenas gaiolas feitas de dois arames consistentes, dobrados um deles em meandro e outro em ziguezague, e sobrepostos, entrecruzando-se de modo a não permitir a saída de uma esfera que se move livremente no seu interior. O aro é tubular e de secção quadrangular regular com as faces externas planas e decoradas e as internas percorridas por profunda canelura feita a repuxado. O segmento central apresenta as faces externas totalmente ornamentadas a filigrana com um motivo decorativo constituído por dois fios duplos que se entrecruzam enlaçando esférulas dispostas em alinhamentos nas sucessivas dobras e formando losangos na sua zona média preenchendo todo o campo decorativo limitado perifericamente por filetes em corda. As mesmas faces dos segmentos laterais estão decoradas com duas bandas simétricas limitadas externamente por filetes funiculares e internamente por uma linha sinuosa de "SS" encadeados e contrapostos e com polvilhado grosso entre os "SS" internos e a corda periférica. Terminais volumosos e ocos, soldados e cravados ao aro, com forma em dupla escócia moldurada por nervuras circulares na base na zona média e com as bases decoradas. A decoração das bases inferiores consta de uma coroa repuxado circundada por uma série de duplos semi-círculos concêntricos estampados compostos de pequenos traços paralelos com um pequeno círculo com punção central impresso no interior. As bases superiores mostram uma coroa circular ornamentada por treze "SS" encadeados limitando um espaço a polvilhado grosso e no seu interior, sobre uma cavidade cónica, está soldado de cutelo e orientado para o centro, um para o outro, um motivo ornitomórfico representando a figura estilizada de um pato que consta de uma lâmina dupla recortada e debruada por fios simples e torcidos e com esférulas a assinalar os olhos e as asas. (Segundo Armando Coelho , in "A Cultura Castreja do Noroeste de Portugal"). Incorporação: Compra - Aquisição a Reinaldo José Dionísio através de dotação do Orçamento Geral do Estado Proveniência: Vilas Boas, Vila Flor
Origem / Historial: *Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006*
A peça foi encontrada ocasionalmente num terreno agrícola, propriedade de Reinaldo José Dionísio, aquando da lavra para a plantação de oliveiras. Existem dois relatos no que diz respeito ao seu achador :
a) José Dionísio, pai do proprietário do terreno
b) Joaquim da Silva Amaral, jornaleiro.
No entanto, ambas as versões concordam que foi achada aquando da lavra feita no terreno. Após a concordância do proprietário, a peça foi levada a um ourives em Mirandela, onde foi soldada. A peça ficou em poder da Câmara Municipal e depositada no Museu Regional. Mais tarde, e com o aval do proprietário a peça ficou à guarda do Museu Etnológico Dr.Leite Vasconcelos por despacho ministerial de 30 de Abril de 1965, onde se efectuaram estudos e onde se comprovou o seu valor arqueológico e artístico, manifestando esta instituição a intenção de a adquirir permanentemente. Depois de algumas negociações, a compra foi finalmente consumada em 30/10/1965 .
Bibliografia | CATÁLOGO da Exposição: I Celti. Veneza: 1991, pág. p.403, p.738, p.790 | JÚNIOR, J.R. Santos; OSVALDO, Freire - O Torques de Ouro de Vilas Boas (Vila Flor), in Revista de Guimarães, LXXV. Guimarães: 1965, pág. p.137-152 , fig.1-3 | MACHADO, J.L. Saavedra - O torques de Ouro de Vilas Boas de Trás-os-Montes. in Ethnos, IV: Lisboa, 1965, pág. 313-318, fig 1-6 | MACHADO, J.L.Saavedra - Torques de ouro de Vilas Boas de Trás-os-Montes, in Archivo Español de Arqueologia, XXXVIII. Madrid: Instituto Español de Arqueologia, 1965, pág. p.75 e figs. | RADDATZ, K. - Die Schatzfunde der Iberischen Halbinsel von Ende des dritten bis zur Mitte des Ersten .... Berlin: Madrider Forschunge, 2 vols., 1969, pág. p.179, nº39 | SILVA, A.C.F. - A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal. Paços de Ferreira: Museu Arqueológico, 1986, pág. p.249-250, Est.cxi | CORREIA, Vergílio Hipólito (2013) - A ourivesaria arcaica no ocidente peninsular. Estado da questão, problemáticas arqueológicas e perspetivas de desenvolvimento do campo de estudo. O Arqueólogo Português. S. V, vol. 3, pp.15-114, pág. 56, fig. 50 | Images de L'Antiquité: Les ors protohistoriques du Portugal. Tradition et innovations. In l' Archéoloque, nº 149 (Mars,avril, mai), Belgica, 2019, pág. 85 | EL GUERRERO ATLÁNTICO - SIMBOLOS DE PODER? - Catálogo da Exposição, Fundación C.V. MARQ, Alicante, 2022 | |
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