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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
N.º de Inventário:
983.534.20
Supercategoria:
Arqueologia
Categoria:
Epigrafia
Denominação:
Ara de Galla
Grupo Cultural:
Província Romana da Lusitânia
Datação:
I d.C. - II d.C. - Época Romana
Matéria:
Mármore
Dimensões (cm):
altura: 169; largura: 96; espessura: 95;
Descrição:
Cipo prismático, constituído por três elementos executados separadamente, e entre si ajustados: base moldurada, fuste e cornija, apresentado esta última, na face inferior, um espigão troncocónico em ferro que penetra numa cavidade circular (ø7 cm), centrada no topo do fuste, e na face superior, três encaixes - ainda com vestígios de chumbo - destinados à preensão do capeamento, ou estátua, que coroaria o conjunto. Este imponente monumento funerário foi identificado in situ. Permanecia implantado sobre um duplo soco subterrado que "assentava num massame de alvenaria, sob o qual ficava a sepultura". Esta era delimitada "por paredes de alvenaria de tijolo" e apresentava o fundo ladrilhado. A sua tampa "formavam-na pedras irregulares, ligadas, por seu tirno, por argamassa" (Maximiano Apolinario, apud Leite de Vasconcellos, 1929a, p. 52). No interior da caixa tumular, de 120 cm de comprimento por 45 cm de largura, recolheu-se o seguinte espólio: conjunto de ossos queimados e de outros só fragmentados, revelando uma incineração incompleta. Um poculum de barro com duas asas, duas lucernas, com características do séc. I d.C. (cfr. Costa, 1973 ests. X e XI. Paralelos in Maia/Maia, 1997, p. 89 e 91, Lu 284 e Lu 291). Três unguentários de vidro, muito danificados e deformados pelo calor sofrido durante a cremação. Seis agulhas de osso. Um fusus de osso. Duas hastes em osso, afiladas dos dois lados, e utilizadas para trabalhos de bordado. Duas lígulas em osso. Uma pequena faca de osso. Três acus crinalium em osso e dois em bronze, Vários elementos metálicos de um cofre (ferrolho, dobradiça, chapa ornamental). Uma concha (Pecten) possívelmente, amuleto. E, por fim, um grande prego de ferro e fragmentos de outros, decerto destinados a prender as tábuas de urna em madeira que conteria a incineração, e o respectivo espólio funerário. A inscrição, exarada na face frontal do fuste, apresenta-se paginada seguindo tendencialmente o eixo de simetria. A pontuação efectuada por hederae, destacando-se, pela dimensão e expressiva sinuosidade que remata o texto. Trata-se do epitáfio de uma mulher identificada através de um único antropónimo - o cognomen latino Galla. O monumento e a inscrição foram mandados fazer por seu marido, Hypnus - indivíduo igualmente identificado por um só nome, e de origem grega. Estamos certamente entre pessoas de condição servil. Quer a análise paleográfica e morfológica deste cipo, quer - sobretudo - a tipologia dos materiais exumados no túmulo que cobria, remetem indubitavelmente o conjunto para o último quartel do séc. I d.C., ou quando muito, para inícios do séc. II não sendo minimamente sustentável acreditar numa data tardia para o monumento epigráfico, e supor, em consequência, "terem as lucernas estado na posse de pelo menos cinco gerações", assim como, poder "ter sucedido o mesmo com outras peças que acompanhavam a defunta" (Alarcão, n.º 18). (J.C.Ribeiro) D(iis).M(anibus).S(acrum) / GALLA / AN(norum) XXXV / H(ic).S(ita).E(st).S(it).T(ibi). T(erra). L(evis) / HYPNVS / MARITVS / OPTVM(a)E / F(aciendum) C(uravit). // "Consagrado aos Deuses Manes. Galla, de 35 anos (de idade), está aqui sepultada. A terra te seja leve! Hypnus, o marido, mandou fazer à óptima (companheira)."
Incorporação:
Doação - Francisco Cabral de Aquino Mascarenhas
Proveniência:
Tróia
Origem / Historial:
As ruinas de Tróia são conhecidas desde o século XVI, época em que Gaspar Barreiros e André de Resende as indicam, erradamente, como sendo as da cidade romana de Cetóbriga (actual Setúbal). Ignora-se o nome antigo deste lugar. André de Resende escritor quinhetista, humanista e, como lhe chamou Leite de Vasconcelos "o pai da arqueologia portuguesa" ali realizou pesquisas. A designação "Tróia" encontra-se registada em documentos datados do século XVI. Ao longo dos séculos XVII e XVIII são levadas estátuas, colunas, inscrições e outros vestígios desta estação. No séc. XVIII, organizada pela Infanta D. Maria, futura D. Maria I, realiza-se importante escavação. No século XIX, com o intuito de escavar Tróia, surge em Setúbal a primeira sociedade arqueológica do país, a "Sociedade Arqueológica Lusitana". Desenvolve trabalhos entre 1850 e 1856. Cresce, e atrai, gradualmente, novos membros. Entre as figuras convidadas pela "Sociedade" a visitarem Tróia, encontram-se o Duque de Palmela e o próprio D. Fernando II, mais tarde seu protector. Nos finais do século XIX, inícios do século XX, são publicados os primeiros estudos sobre as ruínas de Tróia. Destacam-se os trabalhos de José Leite de Vasconcelos e Inácio Marques da Costa. As primeiras escavações arqueológicas metódicas iníciam-se 1947 e 1948 dirigidas por Manuel Heleno, professor na Faculdade de Letras de Lisboa e 2º director do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcelos até 1967 (hoje, Museu Nacional de Arqueologia). Colaboram nestas escavações Fernando Bandeira Ferreira nas décadas de 40 e 50, e, Manuel Farinha dos Santos e D. Fernando de Almeida na década de 60. Este último, sucede a Manuel Heleno na direcão do Museu, e das escavações de Tróia até 1976. Centra os seus trabalhos no núcleo religioso, pondo a descoberto o complexo do templo paleocristão, as oficinas de salga que o circundam, assim como, a necrópole das sepulturas de mesa e parte da oficina de salga a sudeste desta. Estas escavações, não obstante algumas paragens, continuam até 1973. António Cavaleiro Paixão, colaborador de D. Fernando de Almeida foi o técnico responsável de 1976 a 2004. Este período, caracteriza-se por trabalhos de escavação menores e levantamento topográfico de toda a estação, destacando-se ainda, a realização de alguns trabalhos de conservação e restauro. Na década de 90 do século XX publicam-se dois importantes estudos interpretativos das ruínas de Tróia. O primeiro, da autoria de Robert Étienne, Yasmine Makaroun e Françoise Mayet, intitulado Un grand complexe industriel à Tróia (Portugal) (1994). Foca a importância do sítio enquanto produtor de salgas de peixe. O segundo, inserido na obra de Justino Maciel, Antiguidade tardia e paleocristianismo em Portugal, debruça-se sobre o núcleo religioso da basílica paleocristã. Em 2005, ao abrigo do protocolo celebrado com o IPPAR e o IPA (IGESPAR), com o intuito da salvaguarda, recuperação, restauro e a valorização das Ruínas, é criada uma equipa de Arqueologia responsável por este sítio arqueológico. Após a descoberta de alguns fornos, compreendeu-se também, que recipientes cerâmicos e louças de cozinha eram fabricados em oficinas localizadas na margem direita do rio. O abundante espólio recolhido ao longo das sucessivas campanhas de escavação permite situar no séc. I d.C. o início da ocupação, que se estende até aos sécs. V/VI d. C. Fontes: Adília Alarcão, in "Portugal das Origens à Época Romana, MNA, 1989. Site: (www.troiaresort.net). Ara de "Galla": Oferecido por Francisco Cabral de Aquino Mascarenhas, proprietário do areal de Tróia. (Vasconcelos, 1929) Este objecto está relacionado com os seguintes objectos (2.0): Nº de inventário: 983.534.1 a 21; Denominação: Conjunto funerário de Galla; Localização: Reserva
 
     
     
   
     
     
     
 
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