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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia Supercategoria: Arqueologia Denominação: Ara a Júpiter por Sulpicius Bassus Datação: I d.C. - II d.C. - Época Romana Dimensões (cm): altura: 105; largura: 52; espessura: 45; Descrição: Ara trabalhada nas quatro faces; capitel composto por frontão sub-triangular e toros laterais; no topo apresenta um fóculo circular central escavado; moldura sob a cornija e na base. Face frontal profusamente decorada com motivos vegetalistas, quer a nível do capitel e da base, como na moldura do fuste que enquadra a inscrição. Campo epigráfico moldurado e com superfície rebaixada. A paginação do texto alinha-se sensivelmente segundo o eixo de simetria. A dedicatória, que envolve a oferta de uma ara de consideráveis dimensões e riqueza artística, é feita simultaneamente a IVPPITER OPTIMVS MAXIMVS (essencialmente por extenso) e à CIVITAS BANIENSIVM, ou seja, à própria cidade dos Banienses. Podemos interpretar, como Leite de Vasconcellos, que a Civitas Baniensium surge aqui como entidade deificada, como um numen tutelar específico dos Banienses, ou que apenas está patente como entidade cívica homenageada? Ou seja, na segunda hipótese, compreendendo-se o sentido do texto epigráfico aproximadamente como se Sulpicius Bassus, ao fazer naquele local uma consagração a Júpiter, expressamente beneficiasse com isso a Ciitas Baniensium; isto é, a dedicatória a Júpiter - e tudo o mais que tal acto implicava - constituía ela própria uma oferenda à cidade. Quanto à primeira hipótese, cremos sugestivo - ainda que obviamente arriscado - recordar que o radical do etnónimo, Ban-, se poderá aproximar do conceito tutelar paleo-hispânico Band-. Teria Sulpicius Bassus ponderado esta relação? (Segundo J.C.R. 2002, cat. 81)
IOVI / OPTIMO / MAX(imo) / CIVITATI /
BANIENSIV(m) / SVLP(icius) BAS(s)VS/
D(ono) D(edit ou dedicavit) //
Tradução: A Júpiter Óptimo (e) Máximo e à Cidade dos Banienses, Sulpicius Bassus como oferenda doou (ou dedicou).
Incorporação: Outro - Obtido graças à intervenção do Rev. Abade José Augusto Tavares. Proveniência: Mesquita - Vilariça
Origem / Historial: "Moncorvo, 14 de Maio de 1845. (...) existem ainda remanescentes d'uma capella ou egreja denominada geralmente a Mesquita (...).
O restante é um amontoado de pedras, todas de cantaria, mui bem lavradas, membros desconjunctos d'aquelle antigo monumento. Mas qual não foi a minha admiração quando d'entre aquelles desmoronados pedaços de granito (...) era uma inscripção n'um pedestal porventura d'alguma estatua, que foi casualmente desenterrado (...).
(...) para memoria não quiz eu deixar alli acabar de perder-se aquella fiel testimunha, e mandei condusir (com licença do dono a quem pertencem as ruinas) o dicto pedestal para esta villa, não sem algum custo pois talvez pese para mais de cincoentas arrobas." (F. A. C. de Magalhães, 1845)
Bibliografia | ALARCÃO, Jorge de - Portugal Romano. Lisboa: Editorial Verbo, 1974, pág. 103 | MAGALHÃES, Francisco Antonio Carneiro de - "Achada de uma antigualha curiosa em Trás-os-Montes", Revista Universal Lisbonense. Lisboa: Imprensa da Gazeta dos Tribunaes, 1845, pág. 545 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 417 | VASCONCELOS, José Leite de - "Inscrição romana de Moncorvo", in O Arqueólogo Português, vol. II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1896, pág. 168-170 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitania. Lisboa, pág. 223/229 | |
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