Origem / Historial:
O retrato foi pintado por Carlos Reis nos últimos tempos de vida de António Lamas. O pintor, seu amigo pessoal, foi surpreendido com a morte de Lamas antes de acabar a obra. Por esse motivo o quadro está inacabado, sendo visível o esboço a carvão da parte inferior do retrato. Lamas foi proprietário da segunda maior colecção de instrumentos musicais em Portugal e, embora já coleccionasse estes objectos às vésperas da républica, reuniu o grosso da sua colecção, que atingiu cerca de 90 peças, a partir de 1910. A colecção Lamas distinguiu-se, principalmente, por causa dos cravos de factura portuguesa. Após a sua morte foi dispersa, vendida em leilão.
(Ana Paula Tudela in Catálogo Tempos e Contratempos)
As peças deixadas em testamento ao Museu Nacional da Música pela grande pedagoga e pianista Elisa Lamas têm inegável valor organológico, artístico, histórico e documental, pela qualidade, raridade e importância que têm para esta colecção, e também por terem pertencido a um dos fundadores do actual acervo do museu, António Covacich Lamas (1861-1915). Lamas, músico amador com enorme talento, foi também um dos primeiros portugueses a colecionar instrumentos musicais (tinha c. 100 exemplares, entre os quais cravos portugueses) e era, segundo Lambertini, bastante zeloso na sua conservação. Pertenceu à Sociedade de Música de Câmara e à Grande Orquestra Portuguesa, tendo, de 1906 a 1908, juntamente com Michel Angelo Lambertini, organizado um ciclo pioneiro de concertos com instrumentos históricos, onde tocava a viola de amor que agora a testadora nos deixou. A sua história, assim como a da Testadora, é indissociável da vida musical portuguesa do séc. XX.
Relativamente ao retrato do pintor Carlos Reis, a Testadora terá doado o quadro ao Museu Instrumental do Conservatório Nacional em 1944. Após a extinção do Museu Instrumental, a doadora terá tido direito ao usufruto da peça, que é agora incorporada na colecção do MNM.