Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
N.º de Inventário:
999.2.1
Supercategoria:
Arqueologia
Denominação:
Taça vidrada com decoração a "verde e manganês"
Datação:
X d.C. - XI d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico
Técnica:
Roda. Decoração pintada a "verde e manganês"
Dimensões (cm):
altura: 2,5; diâmetro: bordo: 13,2;
Descrição:
A cerâmica policroma islâmica divulga-se no período abássida e, da região Iraque-iraniana (olarias de Samarrã e Susa), é transmitida ao Norte de África (fundação de Raqqada e da mesquita de Cairuã, na Tunísia) onde se instalam, nos finais do século IX, ceramistas orientais. Será a partirdeste epicentro que as cerâmicas decoradas a verde e a manganés entram na Península Ibérica, começando a fabricar-se no califado de Córdova (no século X/XI) e impondo-se como símbolo das produções omíadas de al-Andalus. Associadas ao luxo palatino de Córdova e Medina Azahara, rapidamente se fabricam em outras olarias (Elvira/Granada/, Pechina/Almeria, Múrcia, Priego de Córdova, Toledo...), alcançando grande difusão no período dos de taifas (século XI). É, pois, com a política centralizadora e ideologia estatal omíada que esta peculiar decoração se vulgariza desde o califado. do ponto de vista técnico faz-se em três etapas: a peça é mergulhada num engobe esbranquiçado; os motivos são delineados a óxido de manganês (negro) e preenchidos com óxido de cobre (verde); o vidrado (esmalte de chumbo e estanho) resulta numa superfície de tonalidades brancas ou amareladas / meladas.
A cromática configura a simbologia político-religiosa: o branco, símbolo de claridade, lealdade e poder é a cor da dinastia omíada; o verde, símbolo do Islão é a cor do profeta Maomé; o negro, apesar do mero recurso técnico, pode relacionar-se com a austeridad e a dignidade do poder. Do mesmo modo, os motivos decorativos representam formulações ideológicas / simbólicas, sejam relacionadas com a legitimidade do poder (al-mulk) ou a religião (a árvore da vida, o paraíso, o cordão da eternidade...). Reflexo da ampla difusão das cerâmicas decoradas a verde a manganés califais / taifas (século X/XI) É a peça aqui a exposta, proviniente das escavações do Castelo Velho de Alcoutim (concelho de Alcoutim, Distrito de Faro), fortificação omíada elevada sobre o vale do Guadiana.
Taça coberta em ambas as faces de vidrado melado. Mostra um pé anelar sobre o qual assenta um corpo semiesférico de bordo recto e lábio boleado. Na face interior mostra decoração pintada "a verde e manganês" de carácter fitomórfico. No centro do fundo ostenta um bolbo estilizado ladeado por dois elementos verticais. Por baixo do bordo mostra pequenos enrolamentos espaçados, traçados a óxido de manganês. Pasta beige, homogénea e bem depurada. (Segundo Catarino, op.cit.).
Incorporação:
Outro - Integrada por despacho do Ministro da Cultura de 1997.
Proveniência:
Castelo Velho de Alcoutim