Origem / Historial:
Esta caldeirinha encontrada em Ninho do Açôr (Castelo Branco), foi adquirida para o museu por Felix Alves Pereira em Março de 1910 (Livro de Entradas MNA, E 2727).
Em toda a superfície exterior, no bojo e na base, ostenta uma rica decoração, executada com a técnica de gravação, tauxiado e aplicação de esmaltes de várias cores, parcialmente conservados, disposta em duas faixas de registo onde surgem medalhões circulares intercalados com elementos epigráficos. A presença de motivos de lotus e de peónias estilizadas nos medalhões denota influências orientais. O fundo da superfície está preenchido com minúsculos elementos fitomórficos em que surgem traços vigorosos e elegantes da escrita thuluth o que permite situar este artefacto inequivocamente num conjunto de produtos de luxo realizados em meados do século XIV no Egipto e na Síria dos Mamelucos. São conhecidos diversos candelabros, tinteiros, bacias, gomis etc que obedecem à mesma estética.
No bojo, num dos trechos, lê-se "al-malik", provavelmente parte do título honorífico do destinatário. Alguns sultões dessa dinastia incluiram-no nos seus títulos.
Caldeirinhas como esta, serviam para abluções fazendo conjunto com o seu respectivo gomil.
É de admitir que a presença deste artefacto em Portugal decorra seja das trocas comerciais ou tenha a sua origem no botim de guerra.
Texto de: Eva - Maria von Kemnitz