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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
AV 0039
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Lança de Coche
Título:
Lança do Coche de D. João V
Autores:
Almeida, José de
Quillard, Pierre-Antoine (Paris, - 1733)
Local de Execução:
Portugal (?)
Datação:
1723 d.C. - 1729 d.C.
Matéria:
Madeira
Descrição:
Acessório de viatura, varal de madeira, fixado na estrutura da viatura (tesouras) que faz a ligação/ encaixe (neste caso encaixes paralelos) entre a viatura e a atrelagem dos animais, apenas na parelha do tronco (mais próxima da viatura). .
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
No século XIX, serviu nas seguintes cerimónias da corte: - Baptizado da Infanta D. Antónia, 8 de Abril de 1845 - Funeral do Infante D. Leopoldo, 8 de Maio de 1849 - Funeral da Infanta D. Maria, 4 de Fevereiro de 1851 - Funeral de S. A. Imperial, D. Maria Amélia, Abril de 1853 - Funeral da Rainha D. Maria II, 17 de Novembro de 1853 - Festejos do casamento de D. Pedro V e D. Estefânia, 18-20 de Maio de 1858 - Funeral da Rainha D. Estefânia, 18 (?) de Julho de 1859 - Funeral de D. Pedro V, 12 de Novembro de 1861 - Casamento de D. Luís I, 6 de Outubro de 1862 - Funeral da Infanta D. Isabel Maria, 23 de Abril de 1876 - Funeral de D. Fernando II, 16 de Dezembro de 1885 - Casamento de D. Carlos e D. Amélia de Orléans, 22 de Maio de 1886 - Funeral de D. Luís I, 20 de Outubro de 1889 - Aclamação de D. Carlos I, 28 de Dezembro de 1889 - Funeral da Imperatriz do Brasil, D. Maria Cristina, Janeiro de 1890 - Funeral de D. Pedro II, Imperador do Brasil, 13 de Dezembro de 1891 - Entrega da Rosa de Ouro a D. Amélia, 4 de Julho de 1892 - Visita oficial de Eduardo VII de Inglaterra, Abril de 1903 - Visita oficial de Afonso XIII de Espanha, 10 de Dezembro de 1903 - Visita oficial do Imperador Guilherme II da Alemanha, 27 de Março de 1905 - Visita oficial do Presidente da República Francesa, Emile Loubet, 27 de Outubro de 1905. COMENTÁRIO: Contrariamente à versão corrente, parece pouco provável que este carro tenha sido construído em Portugal pois, tanto em termos estruturais como decorativos, difere em muito das viaturas reconhecidamente de fabrico nacional. O "bombé" da caixa, solução plástica e erudita destinada a acentuar os efeitos de claro-escuro preconizados pela escultura barroca, bem como o tipo de tejadilho convexo e alteado, não encontram paralelo nas obras de entalhadores portugueses, mais identificados com a robustez da massa do que com a sinuosidade da forma. Esta "tendência" repercute-se também na esculturação das figuras acopladas à estrutura que, neste caso particular, denotam uma graciosidade e um sentido de pormenor pouco comuns na talha joanina de produção nacional. Por outro lado, também os bordados do tecto revelam uma mestria técnica e um apurado sentido ornamental muito próximos da estética francesa setecentista, que conjuga pontos e texturas de modo a conseguir requintadas composições decorativas. Pelas razões apresentadas, às quais acresce o facto de as pinturas da caixa serem clara e inequivocamente atribuíveis à Escola Francesa e de a decoração escultórica incluir figuras retiradas da gramática decorativa do estilo Luís XV, entre as quais se contam as características "espagnolettes", acreditamos estar em presença de um carro de fabrico francês, da segunda metade do século XVIII. No que concerne a atribuição de propriedade deste magnífico coche, afigura-se-nos completamente inverosímil que este tenha sido encomendado por D. João V, pelas razões que seguidamente se apresentam. Sobejamente conhecida e identificada a iconografia joanina, do seu estudo ressalta o facto de ser, acima de tudo, uma iconografia do poder, em que tudo tem a marca da figura titular do rei, senhor absoluto, majestade católica e detentor de um soberbo império marítimo. Ora, neste coche não se encontra um único elemento que o associe de modo indelével a este ou a qualquer outro monarca português; não existem monogramas nem sequer um escudo com as armas reais portuguesas, facto tanto mais incompreensível porque se trata de uma peça única e vital na encenação do poder. Mais ainda, não se entende como é que no reinado do "Magnânimo", apogeu do absolutismo régio em Portugal, se abdicaram das composições alegóricas e plenas de conteúdo simbólico para retroceder na direcção da mitologia clássica, preferencialmente relegada para o universo feminino ou das personagens secundárias da corte. A existir um elo de ligação entre este carro e o seu presumível encomendador, este só poderia ser procurado nos apainelados anterior e posterior da caixa, embora mesmo aqui se encontrem pintados estandartes com flores-de-lis e figuras paradigmáticas como a da "Punição", sabendo-se que o soberano absoluto se quer mais piedoso do que punidor. Recorde-se que as atribuições de propriedade dos carros reais que hoje integram o acervo do Museu foram estabelecidas por Monsenhor BÔTO no início do século (1909), certamente com base nas notícias veiculadas pela imprensa oitocentista a propósito da saída dos coches em cerimónias oficiais, e por uma mentalidade romântica ainda fortemente enraizada nos meios eruditos da época. De resto, nos diversos inventários elaborados por organismos oficiais que tinham a seu cargo as cavalariças e cocheiras da Casa Real, muitos dos quais se guardam em reserva no próprio Museu, não se encontram referências individualizadas aos presumíveis encomendadores ou proprietários dos carros, ordenados tipologicamente e sucintamente descritos. Assim sendo, jugalmos que, a existir no acervo do M.N.C. um coche de aparato que originariamente tenha pertencido a D. João V, encomendado para seu uso pessoal e não para uma função diplomática específica, este será o coche nº invº 22 (dito de D. José I) e não o nº invº 12. Naquele, sim, predomina a horizontalidade secular na arte portuguesa, para além de ostentar as armas reais bordadas ao centro do tejadilho e de se inserir perfeitamente na linguagem escultórica nacional, com paralelismos evidentes com os altares de talha joanina. De um ponto de vista iconológico, está de acordo com a exaltação feita ao império luso e, em particular ao Brasil (cabeças de índios entalhadas), que conheceu o seu período áureo sob o reinado do "Magnânimo". Elsa Garrett Pinho.
 
     
     
   
     
     
     
 
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